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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Véspera de Natal , 24.12.2018

Predigt zu Isaías 11:1-9, verfasst von Harald Malschitzky

Irmãs e irmãos em Cristo, comunidade desta noite.

 

Mais uma vez chegamos lá. Segundo muitas pessoas a percepção é de que o tempo passa sempre mais depressa. Na verdade o tempo medido de um ano é sempre o mesmo, mas a sociedade - e nós junto – se encarrega de “adiantar” o relógio. Apenas a título de ilustração, lembro que lá por outubro começa a venda de decoração natalina que é oferecida em lojas, no comércio informal das cidades e na beira de muitas estradas. Passado o Dia da Criança (12 de outubro) comércio e parte da indústria fazem projeções sobre o percentual a maior das vendas de Natal. Dentro disso também se criam expectativas de empregos, ainda que temporários. Até o final do dia de hoje havia pessoas buscando por presentes. Aliás, também aqui já existe uma previsão de média do valor dos presentes. À primeira vista tudo parece planejado e azeitado para funcionar bem. As mensagens escritas, faladas, cantadas, divulgadas falam de paz, solidariedade,  vida plena.

Mas se folhearmos adiante o jornal um impresso ou esperarmos um pouco pela próxima chamada de algum jornal televisivo, outra realidade nos assalta: Milhões de desempregados não têm o que celebrar;  milhares de inadimplentes mal têm crédito para comprar a alimentação básica; o fosso entre extrema riqueza de poucos e extrema pobreza de muitos fica maior;  ao lado de uma maioria que ganha três ou quatro salários mínimos, estão os poderosos dos três poderes que ganham trinta, quarenta, cinquenta ou mais salários mínimos e mais outras vantagens que vão até a ajuda para deputados – e outros – comprarem seus ternos!

Se folhearmos mais adiante ou aguardarmos ainda um outro quadro na TV, salta aos olhos a violência nas suas mais diferentes manifestações, violência que mete medo, que nos tranca em casa, casa vez mais atrás de grades e cercas elétricas. E a polícia que não dá conta da bandidagem, dá conselho de como trancafiar melhor a casa e, com isso, a liberdade de viver sem medo. Ah, sim, e tem todas as mortes do trânsito – milhares de pessoas entre um Natal e outro!

Comparando essas duas realidades que convivem, se entrelaçam, são parte de nosso dia a dia, descobrimos, sem maior esforço, uma enorme esquizofrenia. Essa é nossa realidade nua e crua que também declarações enfáticas de que o Brasil é um país cristão (que ele nunca foi!) não alteram da noite para o dia. Toda a beleza do Natal, sua mensagem, suas emoções, sua alegria não conseguem encobrir a dura realidade.

Ouçamos uma passagem do profeta Isaías, que viveu setecentos anos antes de Cristo, palavras com as quais ele vislumbra algo novo capaz de vencer e nos fazer vencer a esquizofrenia em que vivemos.

Leitura de Isaías 11. 1-9

Num primeiro momento até parece que Isaías vive em um mundo que não é o nosso. Ele, no entanto, vive em um mundo tão humano como o nosso. Na sua terra a instituição religiosa funcionava com suas festas e celebrações, suas ofertas e seus sacrifícios. Na sociedade, porém, havia grandes problemas, grandes diferenças entre poderosos, ricos, autoridades e a maioria do povo. Havia gente de grandes posses  e havia pobres e miseráveis. Muitas das posses eram conseguidas a custa de negócios escusos e falcatruas, o que podemos ler nos livros de todos os profetas. Externamente havia ameaças de parte de povos que tinham seu poder e exércitos. Invasões de lado a lado aconteciam amiúde.  Assim, era natural que exércitos se tornassem  sempre mais fortes e que a gente confiasse mais nos exércitos do que em qualquer outra coisa.

Isaías anuncia a chegada de um novo rei da estirpe de Davi, um rei que brotou de um tronco já esquecido, com o descreve um de nossos hinos de Natal (Hinos do povo de Deus – 32, 1): Renovo mui delgado brotou em tênue pé; como foi anunciado, vem ele de Jessé. Brotou celeste flor. Em noite tenebrosa, nasceu o Salvador. O que o profeta anuncia é uma reviravolta no poder e na realidade. O rebento da raiz de Jessé vem ungido com o espírito de Deus e é isso que determinará seu viver e seu agir. E numa visão de um novo céu e uma nova terra, o profeta anuncia uma paz radical como nunca fora vista, que se estende a toda a criação.

Os primeiros cristãos logo identificaram Jesus com a mensagem de Isaías e todo o jeito de Jesus viver e agir, desde o seu nascimento, demonstrou que ele era o ungido de Deus capaz de modificar a vida das pessoas. Sua morte e ressurreição mostraram que ele não compactuava com os mecanismos vigentes no mundo o que ele levou às últimas consequências. Com isso ele abriu a brecha para um novo caminho na humanidade.

Natal não é apenas memória e saudosismo – quantas vezes ouvimos que Natal lembra o tempo de infância! - , mas é antes de mais nada um desafio, um compromisso. Celebrar Natal não depende da quantidade de presentes e muito menos do aumento de vendas festejado pelo comércio, celebrar Natal é, sem dúvida, alegrar-se com as luzes e os cânticos, mas ele é muito mais o desafio de olharmos para a frente, para vida no nosso conturbado mundo. Ainda que não seja possível criar o novo céu e a nova terra – isso fica a cargo de Deus – a criança de Belém, o renovo de Jessé, nos convida e desafia a colocar sinais bem concretos do novo mundo de Deus dentro do mundo em que vivemos, sinais de paz, entendimento, justiça sem o uso da força. Não se trata de declarar ou até decretar que somos um país cristão, se trata de colocar os sinais concretos de entendimento, justiça e respeito na vida e no relacionamento concreto das pessoas e dos povos, começando, quem sabe por um lado simples: Respeitar a todos no seu jeito de ser, desde que este não agrida e destrua o humano do outro. O critério são o amor e a justiça de Deus, cantada e decantada em tantas celebrações de Natal pelo mundo afora. Um dos cânticos do Livro de Canto da IECLB ( 392 ) o descreve assim:

Natal é tempo de alegria! Natal é tempo de amor! De Deus, presente a cada dia, nasceu Jesus o Salvador!

Não vamos mais ficar calados, o mundo Deus quer transformar. A quem está de todo lado, o amor de Deus anunciar.

Não vamos mais ficar parados, o mundo vamos percorrer. Cantar ao povo angustiado, dizer que Cristo vai nascer.

Buscando transformar o mundo, em Cristo, Deus quer nos salvar. Movidos por amor profundo, por ele, vamos trabalhar.



P.em. Harald Malschitzky
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil
E-Mail: harald.malschitzky@gmail.com

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