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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Sexta-Feira da Paixão , 19.04.2019

Predigt zu Hebreus 4:14-16; 5.7-9, verfasst von Kurt Riek

Querida comunidade!

Sexta-feira Santa nos inquieta, nos aquieta e nos silencia perante a morte de Cristo na cruz. Hoje é dia para meditar naquilo tudo que Deus nos alcançou na pessoa de Jesus.

O texto previsto para a nossa reflexão encontra-se no livro de Hebreus 4.14-16 e 5.7-9.

Hebreus é um livro complexo, escrito por um autor desconhecido, erudito, conhecedor do Antigo Testamento e dos ritos de sacrifício do povo hebreu. A cultura de onde brota o texto pressupõe que “... as pessoas necessitam de um sacerdote perfeito e de um sacrifício perfeito; alguém que possa oferecer um sacrifício que de uma vez para sempre abra o acesso a Deus. ... Cristo ... é o sacerdote perfeito porque é ao mesmo tempo pessoa perfeita e perfeito Deus. Em sua humanidade pode levar às pessoas a Deus e em sua divindade pode trazer Deus às pessoas. ” (in. Willian Barclay, Hebreos, El Nuevo Testamento, p.11)

O Grande Sacerdote é tema que persiste, como um fio vermelho, neste livro. O autor aponta para o centro da fé cristã, colocando no lugar do grande sacerdote o próprio Filho de Deus: Seu nome é “Jesus”.

 

FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO

“Fiquemos firmes na fé que anunciamos”(v.4.14)

Quando professamos a nossa fé afirmamos que Cristo morreu. É fundamental retomar os princípios que regem o nosso ser Igreja de Cristo. Muitas filosofias desvirtuam a essência da fé cristã. Confunde-se ressurreição com reencarnação. A fé cristã anuncia que corpo e alma morrem. Segundo Hebreus 9.27, morremos apenas uma vez. É exclusivamente obra de Deus a ressurreição dos mortos. A “salvação eterna”, este novo estado de ser, incorrupto, é única e exclusivamente obra de Deus.

 

AQUELE QUE DESCEU

“Durante a sua vida aqui na terra” (v.5.7)

Da eternidade Jesus veio para colocar-se ao lado das fraquezas e limitações humanas, sendo tentado tal qual todos somos. Ele foi obediente, mesmo custando-lhe a cruz. A cruz permite que trabalhemos situações de dor, sofrimento, tentação, limites. Todos estes sentimentos trazemos ao altar de Deus.

Confrontados ao sofrimento reiteradamente surge a pergunta: como “aquela pessoa tão boa” precisa passar por todo este sofrimento? Se esta lógica fosse correta, Jesus não teria sofrido a morte de cruz. Em Jesus, Deus se mostra presente nos nossos sofrimentos. Ele não se encontra distante, etéreo, longe, intocável. O sofrimento é real. Para a fé cristã a presença de Deus é real também no sofrimento.

Somos chamados a confiar a Jesus Cristo, o Filho de Deus, os nossos problemas, as nossas dores, os nossos limites. Ele é dotado de uma qualidade única: ele é o Grande Sacerdote, intermediário entre o povo e Deus.

A pessoa que melhor pode nos informar a respeito de um roteiro de viajem é aquela que por lá passou. Quem melhor pode nos ajudar em meio a uma enfermidade e aquele que por ela passou. A encarnação de Deus na pessoa de Jesus lhe dá a autoridade de dizer: eu estive lá onde os seres humanos estão.

Eu estive ali! “John Foster narra em um de seus livros como certo dia ao voltar para casa encontrou a sua filha ouvindo rádio e chorando copiosamente. Perguntou-lhe por que. Soube que haviam noticiado que "os tanques japoneses entraram hoje em Cantão". A maioria das pessoas ouviu esta notícia sem nenhum constrangimento. Os estadistas talvez a terão escutado com um sentimento de tristeza. Para a grande maioria a notícia lhes era indiferente. Por que, então, a filha do John Foster se desfazia em lágrimas? Porque justamente tinha nascido em Cantão. Para ela Cantão significava uma casa, uma ama, uma escola, uns amigos e um lugar muito querido. A diferença consistia em que ela tinha estado ali. O ter estado ali faz toda a diferença. E não há nenhum âmbito da experiência humana do qual Deus não possa dizer: "Eu estive ali". Quando temos uma história triste e lamentável que contar, quando a vida nos enche de lágrimas de sofrimento, não dirigimos a um Deus que seja absolutamente incapaz de entender o que nos aconteceu; vamos a um Deus que "esteve ali". (In. Willian Barclay, Hebreos, El Nuevo Testamento, p.50)

Nestes dias da Quaresma fomos abalados com notícias que provocam pavor e medo. Suzano (13/03/2019), cidade da Grande São Paulo, viu a chacina de 8 pessoas e o suicídio da dupla de matadores. Cyberbulling, assédio cometido nas redes sociais e a cultura de apologia à violência se encontraram nesta história de horror. Christchurch (15/03/2019), cidade da Nova Zelândia, um dos países mais pacíficos do mundo, foi palco da morte de 50 pessoas e ao menos 48 feridos por disparo de armas de fogo. Crimes bárbaros são motivados pela cultura do ódio, da intolerância e da violência. Jesus enfrentou semelhante horror.

A cultura de paz, proposta por Jesus durante toda sua vida, é radical e brota de um amor incondicional, que culmina na cruz, quando Jesus diz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). Colocar este amor em prática trata-se de algo puramente divino. A ação do Espírito Santo é capaz de fazer este milagre em nós.

Relato uma situação ocorrida em meio aos festejos natalinos, que nos ensina colocar em prática este amor incondicional. Compartilho um testemunho dado pelo P. João Artur Müller da Silva: “Fui testemunha tempos atrás de uma situação que me ficou gravada na memória e que certamente irá me acompanhar ao longo da minha vida. Eu estava de visita a uma família de amigos que estavam vivendo um drama muito dolorido. Semanas antes do Natal, naquele ano, a sobrinha do casal amigo, de 6 anos, tinha sido estuprada e morta por um jovem de aproximadamente 22 anos. A cidade ficou consternada com o caso. A menina estava vestida de anjo naquele domingo porque tinha participado de uma encenação natalina na igreja. Ao sair do templo, sem os pais, ela foi abordada pelo jovem que cometeu a barbaridade. Isto aconteceu em dezembro e eu estava em visita aos pais e irmã da criança falecida em fevereiro do ano seguinte. Estávamos em seis pessoas na sala, quando a mãe da menina falecida me mostrou pela janela o telhado da prisão da cidade onde estava preso o rapaz que tinha estuprado e assassinado a sua filha. Em seguida, ela me disse que tinha ido lá na prisão e entregue uma carta ao assassino de sua filha falando de sua dor, de seu pranto, mas também dizendo que lhe concedia o perdão porque tinha aprendido assim na igreja e confiava na justiça de Deus, nosso Senhor. E em seguida ela me entregou uma cópia da carta e eu a li. Ao terminar a leitura, eu só pude lhe dizer que não tinha visto um testemunho tão forte de fé. E juntos choramos. Todos. Este perdão não foi de mentirinha. Não foi com música ao fundo. Ele foi concedido em meio a lágrimas, em meio a muita dor. Mas, para o casal foi muito importante conceder o perdão ao assassino de sua filha, porque assim eles não precisaram carregar ódio no coração, confiando verdadeiramente na justiça e misericórdia de Deus. O casal saiu daquela cidade que lhe trazia a triste e amarga recordação daquele domingo de Advento, e foi recomeçar a vida em outra cidade, inclusive em outro Estado. E anos depois, este casal ainda teve mais duas filhas. Esta cena de perdão foi real. Só a fé em Deus pode mover as pessoas num momento destes. Como pastor, eu nunca tinha presenciado algo assim tão intenso, tão verdadeiro, tão profundo como foi o ato de perdoar que esta mãe compartilhou comigo. Perdoar é um ato de fé. Você pode crer nisso!”

Em meio a esta pecaminosa realidade humana, o choro e o grito de Jesus pela vida foi tão forte, que povo e poderosos agiram para calar a sua voz. Mas não há artimanha humana que possa desfazer o amor de Deus pela humanidade. Deus teimosamente continua amando e desejando a salvação de todos.

 

AQUELE QUE SUBIU

“Jesus, o Filho de Deus, o qual entrou na própria presença de Deus”. (v.4.14)  

O ponto de partida é a eternidade. O ponto de destino é a eternidade. Nós confiamos no Grande Sumo Sacerdote, que extrapolou toda e qualquer experiência que alguém pode ter tido. Deus feito gente retornou à sua origem. Agora se encontra “na própria presença de Deus”. “Jesus ... penetrou os céus” (Versão RA). Olhar para o céu é olhar para o infinito. Deus e Jesus se encontram neste lugar transcendente e indescritível. Encontramos aqui a grandeza e a divindade absoluta de Jesus. E é deste lugar regido pela cultura da paz e do amor incondicional que vem a inspiração da nossa vida. Somos desafiados a viver fragmentos do Céu aqui na Terra. Somos chamados a confiar naquele que está acima de tudo.

É no Domingo de Páscoa que aprofundamos este tema.

 

PERANTE O ALTAR

“... cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus”. (v.4.16)

O altar tem como centro a cruz. Na sua origem ela é o símbolo do horror, o símbolo da morte. Deus, por meio de Jesus Cristo, transforma a pena de morte dos romanos em altar de paz entre Deus e os seres humanos. Ele nos acolhe aos pés da cruz, onde encontramos perdão, reconciliação, graça e misericórdia. No altar de Deus há espaço de adoração e glorificação. Com reverência e humildade nos dirigimos ao “trono divino” cujo centro está Jesus Cristo. Assim exercitamos a espiritualidade cristã.

Recebi um bilhete que assim diz: “Está na cruz o amor que você tanto procura nas pessoas”.

A esperança persiste naqueles que experimentam um encontro com Jesus. Ele tem poder de transformar pessoas e realidades. Permaneçamos firmes na fé e que Deus nos fortaleça no exercício do amor incondicional.

Amém.



Pastor Kurt Riek
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
E-Mail: kurtrieck@gmail.com

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