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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

3º Domingo após Pentecostes, 30.06.2019

Predigt zu Lucas 9:51-62, verfasst von Geraldo Graf

Irmãos e irmãs em Cristo!

 

Quantos/as seguidores/as vocês têm nas redes sociais? 100, 200, 1000 ou mais? Algumas pessoas mais famosas têm milhares de seguidores. Basta ser uma cantora, um jogador de futebol, uma estrela de telenovela, um político em evidência, etc. É fácil se tornar um seguidor. Basta gostar do perfil da pessoa e, com um clique, adicionamos a mesma aos nossos contatos. Não existe compromisso. A comunicação acontece à distância. Podemos até sonhar com a estrela famosa, mas ela nem sabe que nós existimos. Não importa. Enquanto nós nos identificamos com a pessoa, permanecemos com ela.  Assim como num clique de botão adicionamos a pessoa, com um mesmo clique podemos deletá-la de nossos contatos, quando ela não atender mais aos nossos interesses.  Nestes tempos de extrema polarização por causa de divergências político-partidárias, deletam-se as pessoas que pensam diferente, mas não sem antes xingá-las violentamente. Às vezes, são pessoas próximas de nós, amigos ou parentes.

Tem gente que acha que seguir Jesus Cristo é semelhante às redes sociais. “Curte-se” o seu perfil enquanto for conveniente e vantajoso. Porém, se implicar compromissos, deleta-se. E ponto final! Mas não pensem que este é tão somente um problema dos nossos dias, deste tempo líquido da Pós-Modernidade, tempo este de compromissos temporários, de relações frágeis e interesseiras. Este é um problema que acompanha os seres humanos em todos os tempos. E não foi diferente no tempo em que Jesus andou pela Palestina há dois mil anos.

Ao lermos Lucas 9.51-62, percebemos que, quando Jesus chamou pessoas para se tornarem seus discípulos, houve forte resistência por parte de muitos, pois não aceitaram abrir mão de sua “zona de conforto” nem assumir um compromisso definitivo. Simplesmente “deletaram” Jesus de suas vidas.

Será que nós somos diferentes? Se nos convidarem para um passeio turístico num lugar paradisíaco, certamente faremos todo esforço para aceitar o mesmo. Se, porém, nos chamarem para um trabalho que exija desprendimento e sacrifício pessoal, certamente pensaremos duas vezes antes de responder. E colocaremos uma porção de condições. 

Temporalmente, nós localizamos esta história bíblica, que nos convida ao discipulado, na ocasião em que Jesus decidiu ir para Jerusalém, o que resultaria na sua prisão e consequente crucificação. Até seus discípulos mais fiéis ficaram assustados com esta revelação. Nesse caminho, Jesus enfrentou a recusa dos samaritanos, que não o acolheram nem o hospedaram. Desde os tempos antigos, judeus e samaritanos não se entendiam. Embora a hospitalidade fosse um mandamento divino (Levítico 19.33-34), os samaritanos negaram a acolhida, possivelmente temerosos das reações das autoridades e das consequências disso, caso acolhessem alguém “marcado” para morrer.

O que nos surpreende na história bíblica é o fato de eles não reconhecerem em Jesus o Salvador do mundo, o Messias enviado de Deus, que enfrentaria a cruz justamente para a libertação de todos. Este também pode ser o nosso problema: Quem não reconhece Jesus como Salvador, como expressão maior do amor de Deus por nós, certamente perderá a oportunidade de acolhê-lo, quando ele bater à porta de seu coração. As preocupações, os medos, a indiferença e os preconceitos nos atrapalham na decisão por uma vida no discipulado de Jesus.

Porém, também não basta aceitar o chamado de Cristo precipitadamente e sem medir as consequências. Jesus chama pessoas que se dispõem a acompanhá-lo até as últimas consequências e que não pulem do barco na primeira marola. Nós conhecemos muitas pessoas, e nós mesmos costumamos ser assim, que se dispõem a seguir Jesus, que se declaram discípulas. Porém, o fazem com segundas intenções de obter vantagens materiais, porque esperam retribuição e solução para os seus males, porque procuram prosperidade econômica e prestígio social. Permanecerão com Cristo se precisarem repartir e não acumular? Se precisarem renunciar e assumir sacrifícios pessoais? Lemos em João 6.2, que “uma grande multidão seguia Jesus, porque tinha visto os milagres que ele

tinha feito”. Já em João 6.60-66, constatamos que quando Jesus começou a falar sobre a cruz, “muitos seguidores o abandonaram e não o acompanhavam mais”. 

Qual é a nossa motivação para aceitar ou rejeitar o chamado de Cristo para o discipulado? Para apontar para o compromisso de um discipulado permanente, o texto bíblico ressalta o diálogo de Jesus com três pessoas: a primeira se oferece como discípulo, possivelmente eufórico, emocionalmente tocado por tudo que viu em Jesus. As duas seguintes são convidadas por Jesus ao discipulado. O texto não informa se as três pessoas acompanharam Jesus doravante ou não, se aceitaram ou desistiram do compromisso proposto. O que vem ao caso é a decisão a ser tomada diante das exigências do discipulado.

A primeira pessoa queria acompanhar Jesus, porém sem medir as consequências. Seria um discipulado romântico, que duraria enquanto tudo permanecesse tranquilo e sem maiores percalços. Não é exatamente isto que muitos desejam quando se comportam como “cristãos de domingo” sem assumir compromissos de comunhão, missão e diaconia? Ao tomarem conhecimento que as raposas e os pássaros  estarão em melhores condições que os discípulos de Jesus, permanecerão com ele? Estarão dispostos a conduzir um discipulado sob a cruz?

Não muito diferente é a situação das duas outras pessoas convidadas por Jesus. Ambas aceitam segui-lo, mas com algumas condições: Não querem abrir mão do que as prende ao passado (lembrar que na época seguir Jesus era acompanhá-lo geograficamente – Pedro e os demais pescadores abandonaram barcos e redes para irem com Jesus). Quando se vai a pé, qualquer bagagem se torna um peso ao longo da jornada. Jesus quer discípulos que saibam se desprender de tudo o que atrapalha o discipulado. Eu nunca me esqueço daquele estudante de teologia, que aceitaria qualquer envio ao pastorado... desde que fosse menos de 100 quilômetros da casa da mãe (sic). 

Quem reconhece Jesus como Senhor e Salvador, que aceita o seu chamado e se dispõe a segui-lo, só se tornará um bom discípulo se conseguir abrir mão de tudo o que atrapalha o discipulado. Este caminho passa pela cruz, pelo sacrifício em favor das pessoas. E só estaremos preparados para segui-lo se soubermos abrir mão de egoísmo, de ambição, de individualismo. Só estaremos prontos quando estivermos dispostos a caminhar com Jesus em direção das pessoas e enxergá-las em suas necessidades existenciais, materiais e espirituais.  E este não é um chamado unicamente para lideranças e ministros, mas para a comunidade como um todo e para cada um/a de nós individualmente. Neste caminho com Jesus, somos chamados para o testemunho fiel e corajoso da vontade de Deus, para o serviço de amor cristão, para uma vivência comunitária abnegada e persistente. E sem recuos diante de compromissos mais exigentes.

Em resumo:

Entusiasmo ainda não é discipulado. Quem se dispõe a seguir Jesus, precisa saber que não se trata de um passeio. É preciso fazer escolhas e tomar decisões, Para superar a vontade própria, que nos puxa para trás, Jesus nos acompanha com a força do Espírito Santo, que desperta nossa fé e nos firma no discipulado. Não somos órfãos de um crucificado. Somos testemunhas da sua ressurreição. O caminho com Cristo passa na cruz, mas não se detém nela. Anunciamos a morte de Cristo na cruz e proclamamos sua ressurreição, a vida nova, que Cristo conquistou nesse caminho difícil. Por isso, anunciamos a vida em meio aos sinais da morte. E nada nos fará recuar, pois teremos feito a escolha certa.

Amém.



P.em. Geraldo Graf
São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil
E-Mail: g.graf@uol.com.br

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