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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

7º Domingo após Pentecostes , 28.07.2019

Na escola de oração de Jesus
Predigt zu Lucas 11:1-13, verfasst von Elisandro Reinheimer

Inspirado pela leitura devocional do Castelo Forte para o dia de hoje, fui levado a lembrar de quando aprendi a andar de bicicleta. Imagine a cena: um marmanjo de 21 anos, numa quadra de esportes rodeada por três prédios estudantis de quatro andares, num sábado à tarde, recebendo aulas de dois amigos intercambistas para aprender a andar de bicicleta. Inevitavelmente tive vários espectadores que puderam me ver. Puderam ver meus acertos, mas também os meus erros e a minha falta de habilidade. Apesar do medo de cair e da vergonha por conta da idade, as aulas tiveram êxito: aprendi a andar de bicicleta! O estímulo foi maior que o medo e a vergonha.

Orar é como aprender a andar de bicicleta – o medo.

Quando estamos aprendendo a andar de bicicleta temos medo. Temos medo de cair, medo das machucaduras e dos arranhões. Acredito que orar é como aprender a andar de bicicleta. Muitas vezes temos medo. Temos medo de Deus e pensamos assim: “Será que Deus vai gostar das palavras que eu vou usar? Eu não tenho palavras bonitas para convencer Deus. E se eu pensar bem, eu andei dando umas mancadas por aí! Acho que Deus deve estar meio brabo comigo. É melhor nem mesmo tentar falar alguma coisa porque ele nem vai me ouvir”. Muitas vezes nos portamos exatamente assim. Consideramo-nos indignos e desconfiamos do amor de Deus. No fundo, não temos medo somente de Deus. Quando pensamos assim temos medo até da vida: por medo de diminuir, deixamos de crescer; e por medo de chorar, deixamos de sorrir. É preciso superar o medo, pois com medo de Deus é muito difícil orar. Como superar este medo?

Na escola de oração de Jesus o primeiro aspecto a ser considerado na oração a Deus diz respeito à forma e à atitude. A oração precisa ser como o diálogo de um filho com seu pai. É isso que Jesus dá a entender aos seus discípulos quando lhe pedem para ensinar a orar. Jesus os encoraja a chamar Deus de “Pai”. No Antigo Testamento Deus já é considerado como um pai (Os 11), mas sempre num sentido metafórico. Na boca de Jesus a palavra “Pai” ganha um sentido real: não como “um pai”, mas como “o Pai”; não como “qualquer pai”, mas o “Pai/paizinho”. O que Jesus quer e espera de seus discípulos é que eles se dirijam a Deus com a mesma intimidade, comunhão e a familiaridade que uma criança tem em relação ao seu pai amado e querido quando, com simplicidade, com obediência, mas também com ousadia e confiança apresenta as suas inquietações, as suas dúvidas, a sua raiva e os seus anseios, buscando saber qual é a vontade do pai, qual é o caminho que o pai indica a andar. E mesmo que faça algo errado, pede perdão, recebe e aceita o abraço e o carinho do pai, para no instante seguinte levantar a cabeça e seguir na vida confiante mais uma vez. Assim deve ser a vida de oração, de diálogo do discípulo de Jesus com Deus, o Pai.

Por isso, se no teu coração há algum tipo de medo que te impede a orar, joga fora este medo. O amor lança fora todo medo (1 João 4.18). Aliás, a segunda leitura de hoje, Colossenses 2. 6 -15,  estava exatamente a nos lembrar que, pelo fato de estarmos unidos a Cristo, “Deus perdoou os nossos pecados e anulou a conta da nossa dívida (...) ele acabou com essa conta, pregando-a na cruz” (vv. 13c e 14). Ou seja, se a conta dos pecados está paga, não há razão para ter medo a tal ponto que nos impeça a orar ao nosso “Pai”.

Orar é como aprender a andar de bicicleta – a vergonha

Muitas vezes, se não temos medo de cair da bicicleta, temos vergonha de nos expor em público, tudo porque os outros vão perceber a nossa falta de habilidade.  Com a oração também é assim. Quem ora não o faz somente para si, faz para os outros e com os outros. Quantas não são as pessoas que até não têm medo de Deus, mas têm vergonha de fazer uma oração na frente de outras pessoas. Não fazem oração nem mesmo com os filhos dentro de casa. Não fazem nem ao menos uma oração de mesa. Suponho que a razão desse medo seja muito simples: “o que o outro ali, do lado, vai pensar da minha oração? Será que vai achar ela bonita? Será que ele vai perceber que eu sei orar bem? Ou será que ele vai perceber a minha falta de intimidade, a minha falta de vocabulário de oração?”. Geralmente resolvemos esse problema deixando de lado a oração pessoal e transformamos a oração do Pai Nosso em uma “reza”, ou seja, em algo decorado e que repetimos sem raciocinar, sem conseguir colocar ali, nessas palavras, o nosso coração. Não há problema algum em recitar conscientemente a oração do Pai Nosso, mas há que se frisar que o Pai Nosso não quer ser uma “reza”, quer antes, ser um modelo de oração a partir do qual fazemos a nossa oração. Assim, se você nunca recebeu um modelo, um exemplo, de oração na casa de teus pais, Jesus ensina isso muito claramente neste texto legado pelo evangelista Lucas.

O segundo aspecto, portanto, a ser considerado na oração diz respeito ao conteúdo, ao assunto, ao tema do diálogo com Deus. Na perspectiva de Jesus, o diálogo do filho com o Pai começa reverenciando a Deus em sua glória e solicitando que este mundo seja governado por Ele: “Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino”. Somente quando damos a Deus o seu lugar, todas as outras coisas ocupam o seu devido lugar. Por isso, somente depois, Jesus ensina a pedir pelas necessidades que englobam toda a vida em tempos distintos:

- o pedido pelo pão de cada dia abrange as necessidades presentes. Jesus nos ensina a pedir o pão para o dia e não para o futuro. O futuro ainda é desconhecido e nos obriga a trabalhar em excesso, enveredando-nos por caminhos depressivos e exploradores. E de Lutero aprendemos que com a palavra “pão” não se compreende somente o pão na mesa, mas tudo a que se refere ao sustento e às necessidades da vida, como, por exemplo: comida, bebida, roupa, calçado, casa, lar, meio de vida, dinheiro e bens, marido e esposa íntegros, filhos íntegros, empregados íntegros, patrões íntegros e fiéis, bom governo, bem tempo, paz, saúde, disciplina, honra, amigo leais, bons vizinhos e coisas semelhantes.

- o pedido pelo perdão dos pecados abrange a necessidade em relação ao passado. Assim oramos conforme nossa bela tradição: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós...”. Pecados são dívidas que temos. Diante de Deus e do próximo sempre estaremos devendo amor. Só podemos nos declarar pecadores. Para viver bem é preciso ter paz, acertar a dívida. E esta só pode ser acertada com o pedido e a concessão de perdão. Quem não está em paz com seu passado, não consegue viver o presente e nem mesmo tem nada de bom a esperar de seu futuro.

- o pedido para não deixar cair nas tentações abrange a necessidade em relação ao futuro. Lutero nos explica, no catecismo, que nesta parte pedimos que “Deus nos proteja e guarde, para que não sejamos enganados pelo diabo, pelo mundo e por nós mesmos, nem sejamos levados por falsas crenças, desespero ou outra grande vergonha ou vicio. E pedimos que, mesmo sendo tentados, vençamos no final e mantenhamos a vitória”. Não podemos evitar passar por aquelas situações de desafio e prova de integridade e fidelidade a Deus, mas com Deus as podemos enfrentar e suportar.

Enfim, se tua vergonha de orar tem a ver com conteúdo, Jesus te ensina. Supera essa vergonha!

Orar é como aprender a andar de bicicleta – o estímulo

Para aprender a andar de bicicleta é preciso estímulo. Alguém precisa mostrar a bicicleta (quando não comprá-la), mostrar como se usa, quais serão os benefícios. Medo e vergonha de andar de bicicleta, portanto, também podem ser superados pelo estímulo. Talvez por isso Jesus tenha empenhado mais palavras no estímulo para a oração do que no conteúdo da oração propriamente dito. Para estimular seus discípulos à oração Jesus conta duas parábolas. Na primeira delas (vv 5-8) ele compara Deus a uma pessoa que atende ao pedido insistente de um amigo que o incomoda no meio da noite atrás de comida para servir ao seu hóspede. O acento aqui não está em que devamos ser insistentes com Deus a tal ponto de vencê-lo no cansaço, obrigando-o a nos dar o que queremos. O acento está na ação da pessoa que satisfaz o pedido. Deus é como essa pessoa disposta a ajudar gratuitamente. Na segunda parábola (vv. 9-13) Jesus nos convida à confiança: “Peçam e será dado; busquem e acharão; batam e a porta será aberta para vocês”! Pedir, buscar e bater à porta atrás do quê? Seria qualquer coisa que eu pedir? Qualquer coisa que você pedir? Jesus respondeu assim: “Se vocês que são maus sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai Celeste dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!” Ou seja: para qualquer pedido que você fizer o que Deus vai te dar é, simplesmente (ou principalmente), o Espírito Santo! O que Jesus está dizendo é: Deus nos conhece tão bem que sabe do que necessitamos e em todas as circunstâncias derramará sobre nós o seu Espírito Santo, de força, de criatividade, de condução, que nos permitirá enfrentar todas as situações com sua força! As duas parábolas, portanto, querem nos lembrar que o nosso estímulo para a oração está na bondade e na gratuidade de Deus. Creiamos nisso! Quem assim procede em suas orações nunca ficará sem resposta.

Portanto, as palavras de Jesus desafiam à prática. É preciso experimentar. Orar é como aprender a andar de bicicleta: supere o medo e a vergonha e você verá a sua habilidade aparecendo. A bênção de orar é para todos! Ninguém nasceu sabendo andar de bicicleta, nem mesmo nasceu falando. É preciso aprender. Aprendemos por imitação e por repetição. Por isso, busca estar junto de pessoas com o hábito da oração. Busca pessoas para te ajudar. Começa orando em tua casa, com teus/tuas queridos/as. Coloca diante de Deus as coisas mais triviais em oração. Coloca diante de Deus as coisas mais pesadas e mais difíceis e, aos poucos, você verá como Deus estará te transformando. Isso será bom para ti, que vai sentir a paz de Deus no seu coração e, com o tempo, isso será bom para os outros, pois vão sentir o cuidado de Deus sendo carregados por tua oração. Deus te abençoe e conduza na sua escola de oração. Amém



P. Elisandro Reinheimer
Cuiabá, Mato Grosso, Brasilien
E-Mail: p.elisandro@outlook.com

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