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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

11º Domingo após Pentecostes, 25.08.2019

Predigt zu Lucas 13:10-17, verfasst von Osmar Witt

Prezada Comunidade de Jesus Cristo!

 

É permitido fazer algo bom em favor de outra pessoa no dia que o terceiro mandamento ordena santificar? Em nossos tempos de liberalização das relações de trabalho e em que o dia do Senhor é ignorado por muita gente sem nenhum peso na consciência, talvez esta pergunta até soe como algo muito estranho! Mas, no tempo de Jesus, a observância rigorosa do dia do Senhor era uma marca característica do povo de Israel. Desobedecer ao terceiro mandamento era considerado grave pecado e descumprimento da Lei. Deste modo, ao realizar a cura da mulher encurvada no sábado, quando a comunidade estava reunida na sinagoga, Jesus questiona um preceito religioso e se coloca em rota de colisão com os grupos que representavam a ordem estabelecida. Em que situações será válido ou até necessário questionar as leis?

 

O contexto mais amplo em que se encontra o texto destacado para a pregação nos mostra que Jesus não foi ingênuo em relação às dificuldades que teria pelo caminho. Ele mencionou os riscos das divisões e conflitos que haveria (12. 49ss.) em razão do anúncio do Reino de Deus. O ensino e a atuação de Jesus o colocaram no caminho da cruz. Por que? Porque ele questionava a religião de seu tempo e, com ela, também a forma como naquela sociedade se lidava com a realidade da injustiça e da opressão. Jesus perdoou pecadores e pecadoras, reintegrou pessoas doentes ao convívio e, como fica claro no texto que ouvimos, questionou o modo como os mestres aplicavam a Lei, sobretudo, em prejuízo das pessoas necessitadas. Além desta passagem, o evangelista Lucas destaca mais outras duas curas que Jesus fez no dia em que qualquer trabalho era proibido (Lucas 6. 6-11 e 14. 1-6). Por tudo isso, foi denunciado às autoridades romanas como agitador do povo e pervertedor da ordem estabelecida.

 

Enquanto seus adversários buscam argumentos e maneiras de acusá-lo, ele se dirige aos ouvintes acolhendo, curando, perdoando, restituindo vida, desejando a paz. E, no entanto, a paz que Jesus oferece não é simplesmente sinônimo de sossego! O Evangelho de Jesus nos desassossega, pois, nos mostra um Deus que vem ao encontro das pessoas em seus sofrimentos, dores e lutas. A dor e a carência da mulher encurvada deixam Jesus inquieto. Jesus enxerga a mulher em seu sofrimento de longos anos e isso não o deixa indiferente! A prática do amor ao próximo não escolhe tempo, nem lugar. É a necessidade da outra pessoa que é determinante. Há situações em que a ação é necessária. Recordemos, por exemplo, o que Jesus ensinou a respeito do samaritano que ajudou a pessoa assaltada à beira da estrada. Nenhuma desculpa deveria se colocar entre a necessidade do meu próximo e a minha atitude. Sabemos que Jesus também soube valorizar momentos e situações para silenciar, buscar comunhão e orar. Mas, o ato de retirar-se não faz com que se feche em si mesmo! Assim como o alimento sustenta o corpo, a oração dá sustento e nos capacita para enfrentar os conflitos que são parte da vida. E deles resultam, não raras vezes, divisões como Jesus mesmo ensinou. O Evangelho de Jesus, como na história do samaritano, nos aponta caminhos diferentes do que aqueles que a maioria das pessoas é levada a seguir.

 

Na época em que vivemos, frente às possibilidades inúmeras que se oferecem como caminho de vitória e de prosperidade,  temos necessidade de que o Espírito Santo nos ajude a compreender os sinais do tempo presente (Lucas 12. 54-56). Aproximamo-nos de uma nova estação, a primavera já deixa ver alguns sinais na brotação das plantas. Outro ciclo da natureza se completa e sabemos para onde estamos sendo conduzidos e conduzidas. Mas, temos dificuldades para entender os sinais do Reino de Deus que Jesus mostrou. Este Reino é antes de tudo uma dádiva, um presente de Deus para nós. E é uma dádiva que nos compromete com as pessoas e com as realidades em que nos encontramos. É uma dádiva que transforma vidas e que questiona posturas e tradições com as quais

a gente se habituou. Por isso, quando analisamos nossas vidas à luz do Evangelho, nossa infidelidade ao Reino e nosso fechamento para a dor alheia se tornam flagrantes. É neste sentido que o Evangelho nos tira da nossa zona de conforto e termina com o nosso sossego: "Hipócritas! No sábado, qualquer um de vocês vai à estrebaria e desamarra o seu boi ou o seu jumento a fim de levá-lo para beber água." Aí não é pecado, então, por que esta mulher sofredora não deveria ser curada? Jesus não compactua com o pecado que insiste em nos dominar; ele o traz à luz do dia. E isso é inquietante! Mas, não há caminho para a liberdade que não passe por esse confronto da gente consigo mesmo, diante de Deus. E o tempo de fazê-lo é agora, pois ainda vivemos no tempo da graça.  Jesus liberta-nos também das velhas amarras, das leis que escravizam e nos fazem andar como pessoas encurvadas. O Evangelho de Jesus é convite para um tempo novo! "Você está curado! Você está curada!"

 

Por isso, o tempo do Reino anunciado por Jesus é o tempo da graça! Não deixemos e não queiramos sobrecarregar-nos com cargas que nos deixarão sempre de novo pessoas encurvadas, castigadas e tristes. Mantenhamos nosso olhar naquele que nos amou, nos curou e que nos convida a um caminho marcado pelo amor, aberto ao novo, ao que promove vida para todas as pessoas. É tempo de buscar comunidade, parceria e solidariedade para andarmos em conjunto. Andemos de mãos dadas, aprendendo e ensinando a partilhar as dores e as alegrias do caminho. Saibamos, porém, que assumir uma vida nos caminhos do Evangelho de Jesus nos coloca em outro rumo do que a maioria segue.  A comunidade de Jesus vive da boa notícia e a anuncia ao mundo: Ele nos liberta de pecado e culpa e nos convida para uma caminhada com ele. Este caminho a gente faz na companhia de homens e mulheres, crianças, jovens e pessoas idosas, pessoas com suas deficiências que se dão as mãos na construção de um novo tempo: "A multidão ficou alegre com as coisas maravilhosas que ele fazia!" Isto já se concretiza onde e quando a necessidade de meu semelhante está acima de qualquer preceito religioso. 

 

E que a paz divina, que é maior do que o nosso entendimento, guarde nossas mentes e corações em Cristo Jesus. Amém



P.Me. Osmar Witt
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil
E-Mail: olwitt@est.edu.br

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