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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

13º Domingo após Pentecostes , 08.09.2019

Predigt zu Lukas 14:25-33, verfasst von José M. Prelicz Kowalska

Prezados irmãos, prezadas irmãs em Cristo,

Nestes dias tão politizados, usar uma camiseta de certa cor ou cores já é um indicativo de que se está alinhado com uma tendência. A paixão de vestir a camiseta dos times de futebol saiu dos estádios e encontrou um novo lugar entre os partidos políticos. No Brasil de hoje, não se tem medo de expor a sua convicção política. O mesmo, nem sempre acontece com o aspecto religioso. Quantos cristãos vestem realmente a camisa de Cristo?

Para os jogadores de futebol, a camiseta não é um enfeite. Para ter resultado além de vesti-la é preciso suá-la. O suor é o resultado do esforço realizado. Se o jogador fica parado no meio do campo, não irá realmente suar a sua camiseta. Somente se está em movimento o suor virá. A expressão “suar a camisa” é lembrar o trabalho pesado que foi feito. Saímos do futebol e voltamos ao cristianismo: será que realmente suamos a camisa? Como pessoas ditas cristãs, será que realmente trabalhamos ao lado de Cristo? Ou será que nossa camisa de cristão está pendurada numa moldura para que o suor não chegue nem perto? Nós recebemos a nossa camisa no dia do nosso Batismo. Deus nos deu esse presente para ser vestido e suado até as últimas consequências.

Quais são essas últimas consequências? Na época em que foi escrito o Evangelho de Lucas, discipulado não era algo que se aceitasse superficialmente. Discípulo, discípula só depois da devida deliberação e do reconhecimento do possível sacrifício, que podia chegar a ser total ou definitivo. Não dá para esquecer de tantas pessoas que sofreram o martírio por vestir e suar a camisa. O que podemos traduzir em linguagem eclesial como viver o discipulado? Em Lucas, temos um chamado aberto ao discipulado, a um discipulado verdadeiro e cem por cento radical, um que veste e sua a camisa de verdade. 

No texto do evangelho de hoje, estamos diante de um Jesus que não aceita um discipulado de domingo de manhã como alguns querem, menos ainda um discipulado quando convém, aquele que lembra de Deus nas dificuldades ou quando quer batizar ou sepultar. Por que há tantos cristãos de “meia tigela” que não conseguem seguir com sua fé de forma sincera e sem desvios ou atalhos? O que Jesus apresenta em nosso texto é um discipulado que abandona tudo, pois do contrário não é discipulado. As consequências do discipulado são reais, não são optativas e devem ser assumidas.

A cada tanto na história do cristianismo surgiram movimentos que questionaram a validade do discipulado desses cristão que tem a camisa só de enfeite, daquelas pessoas que são cristãs por obrigação ou por costume. São momentos que alertam e procuram revigorar esse cristianismo que está dormindo nas comunidades de fé. Esses movimentos devem ser tomados a sério, pois são o resultado de uma igreja com “i” minúsculo, instituição humana, que não condiz com a Igreja com “I” maiúsculo, Corpo de Cristo. Assim foram os monges que fugiram da igreja imperial, assim foi Lutero que alertou dos entraves na fé, assim foi no início o movimento metodista que procurou uma maior consciência social. Também tivemos na história da Igreja movimentos que, no esforço por alertar,  ficaram mais preocupados com o suor do que

com a camisa, se preocuparam mais por fazer determinadas coisas e se esqueceram de Deus.

Jesus mesmo alerta que as pessoas devem fazer as contas, ver o que se tem e até onde se pode chegar. Vendo o que se tem pode se observar que não estamos sozinhos no caminho do discipulado. Nós não estamos sozinhos, mas tudo fica diferente. Jesus quer ser mediador não só entre as pessoas e Deus Pai, mas também entre as relações das pessoas neste mundo. Se uma relação impede o seguimento de Cristo, esta deve ser deixada de lado. As pessoas tornam-se seres solitários para encontrar um novo sentido na relação com Jesus. “Todos entram sozinhos no discipulado, mas ninguém fica sozinho nele” escreveu uma vez Dietrich Bonhoeffer.

A pessoa que vive o discipulado é aquela que relativiza tudo para poder entregar-se ao absoluto, é aquela que deixa de lado as relações humanas, sabendo que a relação com Deus é a mais importante, ainda que seja a mais difícil de manter. Por que Jesus coloca este alerta? Para advertir do custo do discipulado. Seguir a Cristo no caminho da cruz não é para qualquer pessoa. Jesus conhece a humanidade, por isso alerta. Porém, quem pode cumprir as exigências de Jesus? Nem Jesus mesmo conseguiu, pois ele mesmo pediu ao Pai apartar o seu cálice. Qual apóstolo conseguiu fazer o que Jesus pediu? Depois da morte de Cristo, encontramos os apóstolos de volta na Galileia aos seus afazeres como pescadores. Mesmo assim, o convite do discipulado é aberto para todas as pessoas.

Uma das marcas do cristianismo é a cruz. Não somente porque “enfeita” nossos templos, mas porque o próprio Cristo dize que “tomar a cruz” é uma das características do discipulado. Apesar de ser um instrumento de tortura, a cruz não é um destino desventurado. A cruz é resultado natural do relacionamento com Cristo. O discipulado com cruz tem um antes e um depois. A exortação de Jesus de tomar a cruz conduz à morte. Neste caso morte da vida anterior, como por exemplo, Lutero teve que abandonar o mosteiro ao encontrar sentido no discipulado. Até os mártires que sofrem por seguir a Cristo, veem em seu martírio a bem-aventurança da vida sob a guia de Cristo. A cruz transforma o sofrimento. O discipulado é uma nova forma de viver, agora é a partir da comunhão com Jesus. Percebe-se a cruz não como fim, mas como partida na vida cristã.

Ser discípulo é deixar de lado aquilo que nós temos, nossos preconceitos, nossas ideias preconcebidas. Temos que esvaziar-nos para podermos ser guiados por Deus. É uma via complicada neste mundo que prega a autoestima como força maior. O discípulo deve anular-se, eliminar as suas limitações para poder servir a Deus e ao próximo. Nossas aversões não podem estar por cima daquilo que é o Evangelho. Nosso testemunho é feito a partir de nossos preconceitos ou a partir dos conceitos de Deus? Qual lógica guia você? Qual seu compromisso?

Volto ao início da pregação de hoje, os times de futebol e os partidos políticos têm as suas camisas e os seus seguidores suam a camisa em defesa do seu time e do seu partido. Não está na hora de que nós, pessoas cristãs, coloquemos a camisa de Deus e a suemos até as últimas consequências?

Hoje, nós escutamos o alerta de Cristo: sentem-se e façam contas! Por isso, convido a que vocês neste momento parem, pensem o que vocês querem com a sua vida. Peço que reflitam: de que jeito você quer responder ao chamado que Deus fez no seu Batismo? Quer suar realmente a camisa ou é só um faz de conta? Que o Espírito

Santo ajude você a ser um discípulo, uma discípula que carrega a sua cruz e segue a Cristo. Amém.



P. José M. Prelicz Kowalska
Rio de Janeiro, Brasil
E-Mail: pastorkowalska@hotmail.com

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