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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

Sexta-feira Santa (Karfreitag), 21.03.2008

Predigt zu Mateus 27:(27-32), 33-50 (51-54), verfasst von Vera Regina Waskow

 

Prezada comunidade!

Jesus sofreu e morreu. Foi crucificado e duramente castigado. Não conseguimos ter idéia do que tenha sido o martírio, o sofrimento e a morte de Jesus. Pergunto-me: Por quê? Então voltei a perguntar-me o que anunciamos na sexta-feira santa? Que Jesus morreu! Como fazemos isso? Onde está nossa ênfase? Idealizamos sua morte, presumindo que por ela ter um sentido (morreu por nós) já deixa de ser cruel? Morte é morte! Sofrimento é sofrimento! Dor é dor! Sexta-feira da Paixão é dia para ajudarmos as pessoas a se aproximarem desse momento profundamente doloroso, cruel e injusto que foi a crucificação e morte de Jesus. Sabemos que em Jesus a morte não tem a última palavra, mas deixemos isso para anunciar no Domingo de Páscoa.

Portanto, sugiro que ao invés de usarmos a narração do texto façamos a leitura de um laudo médico sobre a morte de Jesus. Isto para que as pessoas possam sentir o quão difícil, doloroso e cruel tem sido aquele momento humanamente falando. O fato de nos aproximarmos da morte de Jesus dessa forma quer também chamar a atenção para outros tipos de morte que acontecem ao nosso redor. Também eles nos devem escandalizar, causar dor e náuseas, sensibilizar-nos, para que essa revolta se transforme em atitudes de vida.

LAUDO MÉDICO DA MORTE DE JESUS  

* Dr. Barbet, cirurgião francês

"Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a  fundo.  Posso, portanto, escrever sem presunção a respeito de morte como  aquela.  Jesus entrou em agonia no Getsêmani e seu suor tornou-se como  gotas de sangue a escorrer pela terra.

O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a  decisão de um clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno  raríssimo. É produzido em condições excepcionais. Para provocá-lo é  necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral  violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.

O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os  pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o  rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas  sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e  então escorre por todo o corpo até a terra.

Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio  de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua  com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo  e de pequenos ossos.

Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente  estatura.  Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de  microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se  rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de  dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça  gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.

Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de  acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a  cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).

Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o  entrega para ser crucificado.  Colocam sobre os ombros de Jesus o grande  braço horizontal da Cruz; pesa  uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias  de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros.

Jesus fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os  joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas.  Quando ele cai  por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso. Sobre o  Calvário tem início à crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas  a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já  tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata.

Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as  terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas.  Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor  provocar uma síncope, mas ainda não é o fim. O sangue começa a escorrer.  Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes  tomam as medidas. Com uma broca (arco de pua), é feito um furo na madeira  para facilitar  a penetração dos pregos.

Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apóiam-no  sobre o pulso de Jesus com um golpe certeiro de martelo o plantam e o  rebatem sobre a madeira.  Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi  lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor  lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos  ombros, atingindo o cérebro.

A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela  produzida pela lesão dos grandes  troncos nervosos: provoca uma síncope e  faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo  for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento,  vibrará despertando dores dilacerantes.  Um suplício que durará três horas.

O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus,  colocando-o primeiro  sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o  tombar para trás, o encostam na estaca vertical.

Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca  vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira  áspera.  As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A  cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa  o  impede de apoiar-se na madeira.  Cada vez que o mártir levanta a cabeça,  recomeçam pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede.  Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue.

A  boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta,  seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe  estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo  de Jesus.

Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se  acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos  chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen  se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais  curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. 

Jesus  respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena  crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se  transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico. Jesus é envolvido pela asfixia.  Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se.  A fronte está  impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. 

Mas o que acontece?  Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés.  Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços.  Os músculos do tórax se distendem.  A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o  rosto recupera a palidez inicial.

Por que este esforço ? Porque Jesus quer falar: "Pai, perdoa-lhes porque  não sabem o que fazem". Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de  novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que  quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés.

Inimaginável!  Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de  moscas zunem a o redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco  depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas.

Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos  medianos, lhe arrancam um lamento: "Meu Deus, meu Deus, porque me  abandonastes?" Jesus grita: "Tudo está consumado!". Em seguida num grande brado diz: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". E morre. Em meu lugar e no  seu.

Até aqui o laudo. Pergunto: Temos mais alguma coisa a acrescentar - a não ser o nosso protesto contra o pecado assassino? Roguemos: Pai, perdoa-nos os crimes e dá à humanidade um outro espírito!

                                                                                                Amém

 



Pastora Vera Regina Waskow
Estância Velha, RS
Brasil

E-Mail: vrw@terra.com.br

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