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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES , 20.10.2019

Predigt zu Lukas 18:1-8, verfasst von Claudete Beise Ulrich

Pregação

A ora-ação  insistente e persistente da mulher viúva 

 

 

Prezada comunidade reunida!

 Que o amor de Deus, a graça de Jesus Cristo e a força viva do Espírito de Deus estejam com todos e todas nós. Amém

 É com muita alegria e esperança que saúdo a todas e todos reunidos neste culto. O texto previsto para este domingo nos fala de uma mulher, viúva, que na sua insistência e persistência luta por seus direitos diante de um juiz injusto.  A história desta mulher viúva foi contada por Jesus e colocada como um exemplo de oração ligada com a ação. O texto fala de uma espiritualidade engajada na luta pelos direitos. Ouçamos com o coração sensível o texto de Lucas 18.1-8.

 É impressionante a forma como Jesus ensina. Ele apresenta narrativas das experiências de vida das pessoas de forma provocativa. Ele prega com autoridade e não como os escribas, pois fala da vida cotidiana, através de parábolas. Esta parábola é material exclusivo do Evangelho de Lucas. Ela apresenta duas personagens: uma mulher viúva e um juiz injusto.  Vejam só que contraditório um juiz injusto.  Juízes estão aí para julgar de forma justa.  Este juiz parece não ter uma boa reputação. O texto diz que ele não temia a Deus e nem respeitava pessoa alguma. Este juiz se bastava a si mesmo. Ele não se importava com a causa dos pobres, das mulheres, das viúvas. "Viúvas e órfãos" são na Bíblia repetidamente sinônimo de desamparados e necessitados, que dependiam do apoio da família, da comunidade e não podiam se sustentar ou existir sozinhos. As mulheres, neste tempo, eram praticamente desprovidas de direitos, quando ficavam viúvas a situação ficava ainda mais difícil, pois  dependiam da figura masculina para representá-las publicamente. No entanto, Jesus na parábola que ele conta, transforma esta situação. Ele transforma uma mulher viúva em protagonista de uma mudança.

 Uma viúva procura o juiz, pois tem uma causa que necessita ser julgada urgentemente. Como é esta viúva não é descrito no texto. No entanto, está escrito na lei de Moisés que as viúvas necessitam ser protegidas e cuidadas. A viúva diz para o juiz: “Julga a minha causa contra o meu adversário.” O texto deixa claro que ela está sendo prejudicada por alguém.  No entanto, não se sabe quem é o adversário desta mulher viúva. A narrativa de Jesus deixa claro que ela já estava procurando o juiz há algum tempo. O juiz, no entanto, não quis atendê-la, pois ele era todo-poderoso e não temia a Deus e nem respeitava homem algum. Interessante que a parábola afirma novamente o caráter deste juiz. Percebe-se que a viúva é vítima de uma injustiça estrutural. Ela sofre

devido ao pecado de uma estrutura injusta, que não considera os fracos e marginalizados. O juiz apresentado por Jesus não parece se importar com a causa da viúva. Ele corporifica o contrário do que devem ser os juízes em Israel. Os juízes devem julgar com retidão. O próprio Deus se apresenta com uma imagem oposta à do juiz.  Deus julga com retidão e justiça (Sl 9.8). Quando a parábola diz que o juiz não teme a Deus (v. 2 e 4) e nem respeita pessoa alguma, a parábola documenta essa falta de temor a Deus também na sua atitude para com a viúva, pois  Deus  exige um julgamento justo para as viúvas.

No entanto, a viúva não se deixa abater e nem diminuir apesar da sua situação de abandono, ele persiste e insiste no seu pedido: julgamento da sua causa. Depois de muita insistência ela conseguiu que o juiz atendesse o seu pedido. Importante destacar que ele não faz isto devido a sua função de juiz ou por misericórdia ou compaixão.  Ele atende a causa da viúva, para que ela não o moleste mais. 

A parábola contada por Jesus nos mostra a força da resistência e da persistência de pessoas sofridas, pobres, mulheres, viúvas. Este texto, portanto, necessita ser visto para além da prática persistente da oração, ele aponta para ação incessante e militante de uma viúva pela justiça diante de um juiz que não quer julgar a sua causa. Ele apresenta a memória da luta das mulheres viúvas em relação a luta de seus direitos, muitas vezes negados. A ação-oração da mulher viúva é tomada como exemplo da oração que agrada a Deus. Essa parábola, na maioria das vezes,  é superficialmente interpretada limitando a força da parábola apenas à persistência na oração.  O texto, no entanto, apresenta a luta de uma mulher viúva que enfrenta um juiz insensível  que não teme a Deus e nem respeita as pessoas. Ela o enfrenta com uma atitude de oração militante, isto é, exerce uma espiritualidade ativa.

Este texto contado por Jesus é muito bonito e com uma mensagem muito atual, pois mostra a força das mulheres, das viúvas, das pobres, das lutadoras teimosas pelo direito e pela justiça. Elas não temem e enfrentam os juízes, os poderes constituídos. A luta desta mulher-viúva representa a luta de todas as mulheres-viúvas por seus direitos. Aponta-se para algo importante. A oração apresentada no texto não é uma ação passiva e sim ativa. A espiritualidade está ligada com a luta por direitos, para que a justiça e o direito sejam feitos em benefício das pessoas marginalizadas e sofredoras. Dentro da própria palavra oração já se encontra a palavra ação e se colocamos um c na frente, temos a palavra coração. Portanto, a oração cristã evangélica necessita estar ligada a uma ação que envolve a luta pelo cumprimento da justiça em benefício dos pobres (viúvas, órfãos). Jesus eterniza a história desta viúva, fazendo dela um exemplo a ser seguido, como nos diz a pastora Ivoni Reimer.  

Eu considero a história desta mulher viúva impressionante, especialmente, porque naquele período histórico não deveria ser diferente do que nos tempos atuais. Ainda hoje há muitas mulheres viúvas que exigem o seu direito e muitas vezes são tratadas com desdém. No Brasil, há muitas mulheres lutando por seus direitos. Há muito clamor e dor na sociedade brasileira. Tenho encontrando muitas mulheres pedindo trabalho e comida para seus filhos e filhas. Estamos atentos e atentas aos clamores das

viúvas e dos órfãos. Como fazer para que os/as juízes/juízas humanos julguem a causa dos pobres,  das viúvas, das mulheres pobres, das mulheres violentadas com justiça?  Jesus contando esta parábola ensina o povo a reivindicar e a lutar por seus direitos, apontando que é esta a oração que agrada a Deus. Deus não tardará em fazer justiça às pessoas que a ele clamam dia e noite de forma ativa. A oração é fundamental na vida de cada pessoa cristã, no entanto, ela necessita vir junto com uma ação que busca a transformação de situações injustas.

Antes de encerrar nossa reflexão, vamos olhar para o contexto onde a parábola contada por Jesus está inserida. O contexto onde Jesus conta esta história aponta para uma comunidade que espera a vinda do Reino de Deus. No entanto, isto está demorando. A narrativa da parábola da viúva insistente e persistente quer fortalecer as pessoas a olharem para o chão da vida, para a necessidade das viúvas, dos órfãos. É necessário superar a resignação de uma espera passiva. Portanto, é a mulher-viúva que busca iluminar a história da comunidade de Lucas. Nos últimos versículos da parábola (v 7 e 8) lemos: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a eles clamam dia e noite, embora pareça demorado em defende-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra.”

A viúva devido a sua insistência e persistência, para que as suas demandas fossem julgadas, faz com que o juiz se comporte como realmente um juiz precisa se comportar: julgar a causa dos vulneráveis e sofridos da sociedade, entre estes viúvas, órfãos. Agora uma pergunta final: E como ficam as questões com Deus? Jesus deixa claro que você pode incomodá-lo, colocando diante dele todo o seu fardo e você receberá além do seu direito, esperança e renovação das forças. Desejamos que no retorno de Jesus ele possa encontrar em todas e todos nós: esperança ativa num futuro de paz, confiança e fé. Que nossa oração seja ligada com a ação, numa espiritualidade sensível e solidária com a vida das pessoas que lutam por seus direitos. Oremos com as palavras da Litania da Esperança: 

Quando as forças se abatem...

Creio no poder da justiça de Deus que me fortalece.

Se é noite e os pesadelos querem me dominar...

Na angústia das tempestades...

Quando as lágrimas desejam ser meu alimento...

Se na caminhada eu ousar desistir...

Na saudade de um tempo de alegria...

Quando a voz estiver fraca para clamar...

Se no abraço o amor universal estiver ausente

Fortalece a persistência e a resistência na luta por direitos

Creio no poder da justiça de Deus que não tardará. 

(Adaptado de Inês de França Bento e Alexandre Filordi)

 

 Que a narrativa da viúva, contada por



P. Dra. Claudete Beise Ulrich
Vitória-Espírito Santo, Brasilien
E-Mail: claudetebeiseulrich@hotmail.co

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