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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES, 10.11.2019

Predigt zu Lucas 20:27-38, verfasst von Artur Müller da Silva

Estimadas irmãs e irmãos da comunidade de Jesus Cristo, nosso Senhor!

 

 Muitas são as atrações turísticas nas cidades mundo afora. São praças, monumentos, museus, pontes... e até cemitérios! Sim, vocês ouviram bem. Em muitas cidades a visita aos cemitérios faz parte do roteiro oferecido aos turistas. Acreditem ou não, existe na internet uma relação dos dez cemitérios mais famosos do mundo e suas atrações. Entre estes dez cemitérios quero citar apenas 4 deles: o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina. Ele está localizado num bairro nobre da capital argentina e se destaca pela arquitetura dos túmulos e mausoléus; o cemitério Père Lachaise, em Paris, na França. Ele tem 43 hectares de extensão, e se destaca pela beleza dos túmulos e jardins; o cemitério Nacional de Arlington, em Washington, nos Estados Unidos. É um cemitério onde estão sepultados mais de 320 mil militares americanos e seus parentes; e o cemitério da Consolação, em São Paulo, em nosso país. Ele foi inaugurado em 1858, e lá encontram-se esculturas de artistas brasileiros e italianos. 

 Todos estes cemitérios e também os menos famosos, como os cemitérios das nossas cidades,  têm algo em comum: todas as sepulturas estão lacradas, fechadas! Faz parte da tradição cristã enterrar os mortos nestes lugares especiais e nos túmulos encontram-se muitas inscrições de fé, de esperança e de confiança na ressurreição! 

 Mas tem um túmulo em Jerusalém, em Israel, que não está lacrado e nem fechado, mas aberto e vazio! É o túmulo onde foi depositado o corpo de Jesus após sua morte na cruz. E no terceiro dia, quando as mulheres foram ao seu túmulo para embalsamar seu corpo, levaram um susto e receberam de um anjo o anúncio de que ele havia ressuscitado! Cristo vive!

 E cá estamos nós, hoje, diante do tema da ressurreição! Um tema central do nosso credo, da nossa fé, e que recitamos nos cultos e em outras celebrações em nossa comunidade: Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã, a comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna. Amém

 E minutos atrás ouvimos a leitura de Lucas 20.27-38 que nos conecta com o tema da ressurreição, mas também nos coloca diante de um quadro de provocação e incredulidade. Aliás, no tempo em que Jesus andou na Palestina e em outras regiões, ele

conviveu com provocações, com afrontas e até com infâmias e desprezo. Quando nos aproximamos dos textos bíblicos que narram tais situações, vamos nos deparar com lições e ensinamentos de Jesus sobre os mandamentos, a Boa Nova e as promessas divinas. Estas situações de provocação eram comuns naquele tempo porque alguns grupos religiosos não suportavam a pregação de Jesus e nem mesmo o anúncio sobre a vinda do reino de Deus.

 E entre estes grupos estavam os saduceus, mencionados no texto bíblico que acabamos de ouvir. Talvez já não lembramos mais quem eram estas pessoas, sobretudo homens, que faziam parte deste grupo religioso no tempo de Jesus. Para nós, hoje, é suficiente saber que os saduceus eram um grupo de judeus, muito influentes, e que eram oponentes a outro grupo de judeus, os fariseus. Pessoas ricas, negociantes bem-sucedidos e pessoas da classe A daquele tempo formavam este grupo dos saduceus. Mas mais importante é saber é que os saduceus aceitavam somente o Pentateuco, ou seja, a Torá (= os cinco livros escritos por Moisés)! Eles rejeitavam os profetas e demais escritos comuns daquela época. E o ponto que interessa aqui hoje, nesta reflexão, é que os saduceus não acreditavam na imortalidade da alma e em nenhum tipo de vida após a morte!

 Aliás, ainda hoje tem muita gente que pensa como os saduceus, ou seja, não creem na ressurreição, não creem na vida após morte, não creem no poder de Deus em derrotar a morte e anunciar a vida a todas as pessoas que nele creem. Ou seja, a incredulidade não era algo somente de pessoas no tempo de Jesus, mas também hoje, e também nas comunidades cristãs, existem pessoas que têm dificuldade em crer na ressurreição anunciada por Deus em definitivo a partir da Páscoa, da ressurreição de Jesus Cristo!

 Mas, façamos a pergunta a nós mesmos: o que é incredulidade? Vocês se consideram incrédulos? Quando vamos em busca do significado de incredulidade, vamos compreender que nós já estivemos em algum momento em nossa vida na situação de ter dificuldade em acreditar em algo a nós anunciado. Incredulidade tem a ver com a tendência de não se deixar convencer com facilidade, e então nos tornamos céticos. Ou seja, descrentes, desconfiados.

 Os saduceus pretendiam desacreditar Jesus com uma história, com um caso, que tem todas as possibilidades de ser apenas uma hipótese. Mas que estava baseada na Lei do Levirato,  do tempo do patriarca Moisés. O que dizia esta lei? Ela dizia que a mulher, cujo marido falecia, e que não havia um filho deste casamento, ela devia casar-se com um dos irmãos do marido ou com um parente próximo. Se esses homens não estivessem disponíveis, ela estava livre para casar-se fora do clã, da família. Este foi o caso de Rute (Rute 1.9) narrado no livro bíblico com o mesmo nome.  Claro, os saduceus elaboraram

este caso do homem com sete irmãos para provocar Jesus e assim aumentar o clima hostil contra ele. Os saduceus não estavam realmente interessados na verdade anunciada por Jesus. Seu propósito era ridicularizar a pregação de Jesus sobre o reino de Deus, a ressurreição e a vontade de Deus que ele vinha anunciando nos encontros com o povo e nos sermões. 

 A resposta de Jesus desconstrói a incredulidade dos saduceus e recoloca a ressurreição dos mortos como tema central da fé cristã. E também restitui seriedade ao assunto da vida que vai além da morte, da finitude humana e da crença de que com a morte tudo está acabado para o ser humano. Além disso, Jesus reafirma o casamento como um evento válido enquanto as pessoas estão aqui, no mundo. Lá, junto a Deus, a situação é outra!

 Quando queremos nos aproximar deste assunto – ressurreição – centro da fé cristã – não dá para sair por aí com um caderninho de apontamentos na mão em busca de provas, em busca de evidências concretas, em busca de argumentos científicos que possam nos convencer e assim mudar nossa incredulidade em fé. O teólogo Leonardo Boff, numa entrevista ao Instituto Humanitas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, afirmou: Ninguém viu a ressurreição de Jesus. Temos apenas testemunhos de pessoas às quais deixou-se ver. E há apenas sinais como o sepulcro vazio e suas vestes. Portanto, não é um fato histórico passível de ser detectado por uma máquina fotográfica ou pela televisão. É um fato que aconteceu em Jesus, acessível pela fé dos testemunhos. E aqui entram em cena os muitos testemunhos relatados pelos evangelistas e pelos apóstolos que deixaram seu legado de fé nos livros do Novo Testamento.

 É com os olhos da fé, é com a graça concedida por Deus, é com a esperança alimentada pela Palavra de Deus, que podemos nos acercar da ressurreição e nela ver o sentido da vida que Deus reserva para seus filhos e filhas. 

 Na conversa provocada pelos saduceus, Jesus apresenta uma definição de Deus, que os próprios saduceus desconheciam, pois para eles não havia vida além da morte e portanto, Deus certamente também se resumia a esta vida aqui na terra. Quando Jesus conclui sua conversa revelando Deus como o Deus na tradição dos patriarcas do povo de Israel, concluindo que este Deus é Deus de vivos, pois para ele todas as pessoas vivem, estava sacramentado o sentido e o valor da ressurreição para a comunidade cristã. Cabe lembrar aqui a passagem bíblica do profeta Daniel 6.26 na qual Deus se declara como o Deus vivo num decreto ao povo de Israel: Porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre. O seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim.

 Se hoje está em moda perguntar pelo sentido da vida, a ressurreição aponta para plenitude da vida que não se encerra com a morte, mas que vai muito além do simples morrer. Para as pessoas cristãs a fé na ressurreição elimina o desespero, o medo e a aflição quando os dias da vida chegam ao fim! Com a fé na ressurreição a vida é mais vida, é mais plenitude, ou seja, a vida passa a ter futuro e integralidade! Cabe ainda ressaltar que Jesus desconstrói igualmente o pensamento das pessoas que acreditam que a vida eterna é um simples prolongamento da vida que experimentamos aqui nos caminhos da terra. Vida eterna é vida nova! Nova existência junto a Deus! Junto a todas as filhas e filhos que Deus acolhe em seu colo misericordioso e gracioso.

 E assim podemos afirmar que vivemos para a vida eterna, e não vivemos para morrer. Triste é quem pensa que nasceu para morrer e fim de papo! Nós, a cada domingo confessamos que cremos na ressurreição! Ou não cremos na confissão de fé que fazemos? Vivemos para ressuscitar pela graça de Deus! E quem nos garante a ressurreição é quem ressuscitou a Jesus, o Deus dos patriarcas, o Deus dos vivos, pois para ele todas as pessoas vivem. E assim podemos continuar enterrando nossos mortos na firme certeza da ressurreição no tempo derradeiro!

 A expressão de Jesus - “era vindoura” - pode ser traduzida por outros conceitos, como, o céu, o reino Deus, o reino de paz e alegria... E quando Jesus afirma que as pessoas ressuscitadas são “iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” ele quer dizer nova criação. Novas criaturas. Nova existência para estas pessoas amadas por Deus. A vida que passa pela morte e é resgatada pela ressurreição não é continuidade nos padrões atuais da vida que vivemos em nossos lugares. Lá na “era vindoura” a vida será diferente! Mas será vida, agora sim com “V” maiúsculo! Plena! Integral! Na comunhão com todas pessoas que nos antecederam na morte! 

 Que a Palavra de Jesus nos restaure a fé na ressurreição! Na vida plena!

 E mais: não esqueçamos que Cristo vive e está entre nós na comunhão em seu nome. E se nossa fé nos habilita a crer nele perceberemos sua presença entre nós e em meio às nossas dúvidas, fragilidades e pequenez!

 Amém!



P. Artur Müller da Silva
São Leopoldo – RS (Brasil)
E-Mail: jocadasilva@hotmail.com

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