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ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

DIA DE NATAL, 25.12.2019

Predigt zu Lucas 2:1-10, verfasst von Nádia Mara Dal Castel de Oliveira

“Lâmpada para meus pés, luz para guiar os meus caminhos é a Tua palavra, meu Senhor e Deus.” Amém

Prezada comunidade!

Esta é um dia  muito especial. Nos reunimos para celebrar o nascimento de uma criança. Uma criança que foi anunciada por anjos como Salvador do mundo:

“Então um anjo do Senhor apareceu e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos pastores. Eles ficaram com muito medo, mas o anjo disse: Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo! Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor! E esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura.” Lucas 2.8-12

E todo tempo de Advento e Natal, ao reler os relatos bíblicos do nascimento de Jesus, eu me emociono, pois fico imaginando este dia. E minha memória resgata uma história do nascimento de Jesus, baseado neste evangelho de Lucas, contada sob o olhar de um pastor de ovelhas, de Luiz Carlos Ramos.

É a interpretação mais emocionante que li até hoje dos relatos bíblicos. Ela traz a realidade daquela noite para tão perto de nós, que é quase impossível não se emocionar. Ela toca fundo em nosso coração. E não porque é uma simples história de uma criança nascendo, mas porque é a história do nascimento de Deus, que desce das alturas e nos visita numa criança.

E eu preciso compartilhar esta história com vocês. Mesmo que já a tenham ouvido, nossos ouvidos não se cansam de escutá-la novamente... 

É a história de um pastor de ovelhas que viu alguma coisa diferente na cidade de Belém!

 

Não, moço. Não foi uma noite tão feliz. Fazia frio. O vento cortante feria os lábios e ressecava os ossos.

Os que vieram recensear-se abrigavam-se como podiam. Não era tanto por maldade que os moradores do lugar não ofereciam hospedagem. É que eles mesmos viviam tão modestamente que era com dificuldade que tampavam as frestas e aninhavam-se em seus casebres. Ademais, era muita gente de uma vez só na pacata Belém...

Eu estava ao relento, sob as estrelas de um céu gelado-escuro, como de costume. Não, não. Não é que eu seja uma criatura soturna, boêmia ou romântica. Sou só um pastor destes campos.

Isto é, sou sem-teto, sem-terra, sem-educação, sem-eira-nem-beira...cuido de ovelhas, só isso – esses animais frágeis e melancólicos, quase tanto como eu.

A noite era como muitas outras – porque, na verdade, tudo é igual, a gente é que é sempre diferente. Havia estrelas, havia vagalumes, havia sons ao longe: mugidos, latidos, choro de criança...

Na mesmice do balanço das árvores, aconteceu alguma coisa diferente aos meus olhos. De repente, as estrelas de sempre, pareciam brilhar mais que o normal. Meus ouvidos sintonizaram um choro de recém-nascido.

Continuei o caminho do aprisco. As ovelhas, sem perguntar nada, me seguiam tranquilas e pacientes. O choro da criança ficava cada vez mais perto e pude ver de onde vinha...

Uma destas famílias-sem-nada havia ocupado uma das grutas onde os animais se abrigavam e ali disputavam aconchego junto aos bois e ovelhas.

O pai tinha o rosto queimado pelo sol, franzido pelo trabalho duro.

A mãe parecia mais a irmã do recém-nascido, tão jovenzinha. Em seu rosto a perplexidade de quem contempla o maior dos mistérios: a Vida. Nos lábios, o sorriso tímido. Nos olhos marejados, as gotas salgadas que transbordavam daquelas janelas da alma.

Entrei bem devagar, quase solene. Tudo era tão igual, mas tão radicalmente diferente. Meus olhos viam o que jamais havia visto e meus ouvidos se encantavam com sons tão corriqueiros, como se os ouvissem pela primeira vez.

Ajoelhei-me, porque tudo era tão singelamente fantástico.

Não. Não moço. Não foi uma noite tão feliz. Continuava frio. O cheiro de esterco ainda era forte. A palha pinicava o recém-nascido.E eles como eu, continuavam sem-teto, sem-agasalho, sem-nada.Choravam sorrindo. Sorriam chorando. Tudo era exatamente igual.

A única coisa que nunca mais seria igual, era eu e eles. Porque os nossos olhos viram – não uma noite feliz no céu – mas o amanhecer de um novo dia de paz na terra.

Natal é isso! É o nascimento do Divino em meio ao caos da nossa vida. É Deus que vem ao nosso encontro na mesmice de nossa vida. No meio de nossas dores, das noites frias e solitárias. Natal é Deus fazendo morada em meio de nossas crises e brigas. Da mesa rasa e, por vezes, sem brilho.

Natal é Deus nascendo em meio a vida que pinica e dói.

Porque nossa vida é assim. Estamos no fim de um ano e estamos cansados e sobrecarragados. Quantos de nós estamos desanimados! Quantas pessoas estão nos leitos de hospitais e passarão o Natal por lá! Quantas pessoas estão sem emprego, ou brigadas e não terão a família reunida!

Mas Natal não é o brilho das luzes comerciais. Não é o grande peru na mesa rodeada de pessoas sorridentes e chiques! Ele pode ser isso também...

Mas a verdadeira história é essa! De um menino que nasceu nas piores condições. Condições que evitaríamos a todo custo. 

Mas a força da mensagem do Natal está em Deus. Está justamente na vida que nasce, que insiste em nascer nas condições inimagináveis. 

Natal é o Divino, que desce das alturas e nasce na terra. É o céu se inclinando sobre a terra. Aquele pastor de ovelhas sentiu Deus o visitando. Não, não! Nada mudou, noite fria, pobreza estava bem presente...mas o coração não! O coração e seus olhos viram a esperança! Uma esperança imensa que não era só daquela noite, mas se lançava no horizonte. Uma esperança que se eternizava.

Querida comunidade. Não tenham medo de abrir as portas do coração para Deus nascer, para a esperança nascer. Assim como nossa vida se encontra, nesta noite, assim Deus vem! Assim Ele quer fazer morada e bater em nossas portas! 

Se a vida vai mal, não importa. Mesmo assim é Natal! Porque é bem ali que Deus quer estar. Bem ao seu lado. Se só temos um pouco de palha, se a noite é escura e fria; não importa! Deus quer estar conosco. Quer estar do meu, do seu, em nosso meio!

Assim é Natal! ...”Estou aqui para trazer uma boa notícia para vocês...” dizem os anjos.

Nasceu o Salvador. Deus é o nosso presente. 

“Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem”. Lc 2.14

Um abençoado Natal. Amém!



Diácona Nádia Mara Dal Castel de Oliveira
Chapecó – Santa Catarina, Brasilien
E-Mail: nadiadalcastel@hotmail.com

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