Göttinger Predigten

Choose your language:
deutsch English español
português dansk

Startseite

Aktuelle Predigten

Archiv

Besondere Gelegenheiten

Suche

Links

Konzeption

Unsere Autoren weltweit

Kontakt
ISSN 2195-3171





Göttinger Predigten im Internet hg. von U. Nembach

2º Domingo após Pentecostes, 25.05.2008

Predigt zu Mateus 6:24-34, verfasst von Carlos F. Reinhard Dreher

Prezadas irmãs e irmãos em Cristo!

"Não andeis ansiosos pela vossa vida!"

Preocupações com a sobrevivência, quem não as tem?  Todos os dias, muitos de nós estão ocupados com problemas como a falta de dinheiro para suprir as necessidades daqueles que estão sob nossos cuidados: os filhos, os pais, os irmãos e outras pessoas que necessitam da nossa solidariedade. Não vivemos mais num tempo em que a gente tinha recursos de sobra para todas as necessidades e todos os desejos. Hoje poucos estão nesta condição.

Muitos jovens têm dificuldades de custear seus estudos; muito mais crianças não têm o suficiente para se alimentar; muitos pais estão desempregados e vivem desesperados.  E mais: os idosos, aposentados, que se sacrificaram para construir nosso País, têm cada vez menos recursos para as suas necessidades pessoais. Acontece que o valor da aposentadoria não é reajustado anualmente com o mesmo percentual com que sobe o custo de vida. O pior é que os pais aposentados desejam ter algo de sobra para ajudar seus filhos e netos; e isto está cada vez mais difícil. Em nosso País o atendimento à saúde ficou mais precário. Quem não tem um plano particular de saúde passa por dificuldades. E as pessoas dependentes do dinheiro da aposentadoria não têm condições de contratar um plano de saúde. Como não se preocupar com dinheiro, com comida, vestimenta e saúde?! 

Por esses motivos talvez alguns de vocês perguntem se as palavras de Jesus ainda fazem sentido. A fala de Jesus sobre os passarinhos e sobre as flores, que não se preocupam com a sobrevivência porque Deus os sustenta, parece ser um sonho romântico, longe da nossa realidade. Será mesmo? 

Mas: Será que entendemos direito de que Jesus está falando? Todos os problemas sociais que nos ocupam atualmente existiam no tempo de Jesus também. Os mesmos sofrimentos, as mesmas carências e a mesma inoperância das autoridades responsáveis pelo bem-estar da população. Tudo estava lá!  Mesmo assim, Jesus tem a displicência de recomendar: "Não se preocupem com tudo isso!" Como entender? Ora, creio que a chave para entender está na frase final deste trecho, onde Jesus diz: "Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus, e a Sua justiça, e tudo o mais será resolvido."

Vou complicar um pouco mais a questão: Ultimamente temos recebido notícias de que os preços dos alimentos estão subindo no mundo inteiro, e que por isto mais gente vai passar fome. Este é justamente um caso de preocupação com o dinheiro! O preço do alimento é regulado pelo desejo de lucro de quem negocia, não pela necessidade de quem tem fome. Alguém dirá que a crise de alimentos está relacionada com as secas ou com o excesso de chuvas. Não num mundo, onde há muito espaço para plantar. Menos ainda num País como o Brasil, onde temos enormes áreas de terra por aproveitar. E aqui vivemos numa contradição: O Brasil importa trigo! Entretanto, se tiver incentivo, o nosso povo pode produzir todo o trigo de que necessita.

Um entendido dirá que este é um problema da balança econômica internacional; precisa haver equilíbrio entre importação e exportação. Então eu pergunto: por que o mercado internacional não reduz a expectativa de lucro, em vez de aumentar o preço? Será melhor destinar uma parte do preço em vigor como incentivo para os produtores. Os governos devem encontrar um jeito em que o custo desse incentivo não seja repassado ao consumidor. Assim cresce a produção, aumenta a disponibilidade do alimento a preço mais acessível à população. E os negócios continuam rolando! Mais produção aumenta o consumo e mantém o comércio saudável, não o aumento do preço em prejuízo do consumidor.

Agora talvez dê para entender melhor a afirmação de Jesus: "Não se pode servir a Deus e ao dinheiro." Ele está falando do Reino de Deus, não do reino dos negócios! O Reino de Deus é regido por outra justiça do que a mesquinhez humana. A justiça de Deus se orienta pela misericórdia. A Sua bondade faz com que as aves do céu tenham o seu sustento e os lírios do campo estejam bem vestidos. Em Seu amor, Deus espera que cada filho e filha da sua família tenham os mesmos benefícios. A justiça social no mundo não pode depender da ótica deste "animal racional", que pensa ser dono da Terra! Tem que ser vista pelos olhos de Deus, ou melhor: tem que se orientar na vontade de Deus. "Buscai o Seu Reino e a Sua justiça!"

É aí que entra a atuação dos cristãos: não podemos permitir que as coisas continuem rolando somente conforme as leis de mercado. Buscar o Reino de Deus não significa viver despreocupado de braços cruzados e deixar as coisas acontecer. Servir a Deus e não ao dinheiro exige de nós, que nos manifestemos. Nosso amor para com o próximo, nossa solidariedade com os famintos, exige nossa iniciativa. Precisamos tornar-nos atuantes e cobrar ações de quem pode mudar as coisas. Temos que deixar de ser vítimas da economia mundial. Precisamos atuar nessa história! Devemos somar forças no objetivo de colocar a economia a serviço da misericórdia. O quanto antes, melhor.

Agora, sim, podemos entender como Jesus pode recomendar: "Não se preocupem com o dia de amanhã. Cada dia tem o seu próprio mal e nos confronta com seus próprios desafios. Se nos ocuparmos com os desafios de hoje, o amanhã poderá ser tranqüilo. Ninguém pode acrescentar um dia a mais à sua vida. É hoje que vivemos, é hoje que somos chamados a agir. O desafio maior é descobrir como!

No Reino do qual Jesus fala, a preocupação pelo amanhã não existe. O amanhã está nas mãos de Deus. Ele nos convida a confiar nisto.

A palavra de Jesus é bênção.

Amém.



P. Carlos F. Reinhard Dreher
Porto Alegre
Brasilien

E-Mail: carlos.dreher@terra.com.br

(zurück zum Seitenanfang)