5º Domingo após Epifania

Home / Bibel / Altes Testament / 23) Jesaja / Isaiah / 5º Domingo após Epifania
5º Domingo após Epifania

Isaías 58:1-12 | Romeu Otto Hoepfner |

Prezada Comunidade!

No Brasil, neste tempo em que as famílias voltam das férias e os alunos se preparam para o retorno às aulas, é época diferenciada em comparação aos outros meses do ano. Muitos regressaram das festas e das férias de bolsos vazios. Por vezes, época em que renascem as frustrações, pois aparecem as múltiplas contas a pagar. Ouve-se com frequência a afirmação: „A vida não está fácil para ninguém“!

Liturgicamente falando é também o momento que nos despedimos das semanas natalinas, chamadas de epifania, e vislumbramos as semanas da quaresma (tempo de jejum?), ou preferencialmente denominado de semanas da Paixão de Cristo. Serão sete semanas que, para o comércio em geral, já assumem ares pascais.

Neste contexto, onde se encontra a comunidade cristã? Importante dizer de que a comunidade quer e deve ser o espaço do „jejum“. Jejuar, então, seria o exercício da meditação a partir da Palavra de Deus. Este exercício levará à consciência solidária e à partilha. O sofrimento do mundo deve ser visto à luz da dor de Cristo.

Cara Comunidade!

Neste contexto o texto de prédica previsto para este domingo nos conduz por estradas firmes. Caminhos estes, que, partindo séculos antes do primeiro Natal, nos encaminham novamente em direção à criança de Belém, que, por sua vez, será o Cristo crucificado da sexta feira santa.

O livro do profeta Isaías é uma coleção de textos proféticos de diferentes autores. Nosso texto de prédica é parte integrante do Trito-Isaías que data do tempo imediato após ao Exílio Babilônico, por volta de 520 a.C..

Qual é a situação do país? Qualquer semelhança com tempos atuais, seja aqui ou acolá, é mera coincidência! Ou não? A situação do povo é precária. Nosso texto menciona os famintos, os pobres, os nus, os oprimidos e quebrantados. Humildes sofrem sob a opressão de camadas privilegiadas. O povo se queixa a Deus: „Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isto?“. Qual será a resposta divina?

Deus envia seu profeta. Ele deve apontar para a incoerência da religiosidade do povo. Por um lado jejuam. Por outro lado, fomentam a injustiça social. A mensagem central de nossa texto vai no sentido de anunciar de que o culto se torna inútil, enquanto não estiver em estreita relação com o serviço ao próximo, mais fraco e necessitado.

Não se trata de abolir o culto e os ritos litúrgicos, mas estes remetem ao amor diaconal e ao rompimento com estruturas injustas e escravizantes.

Aqui está o acento da Boa Nova deste domingo: Se o povo praticar a vontade de Deus e romper os grilhões da injustiça, então a vida toda será renovada e „serás como um jardim regado e como um manancial, cujas águas nunca faltam“ (v. 11). Então Israel experimentará a bênção permanente de Deus.

Estimada Comunidade!

Partamos para a atualização que, claro, deverá passar pelo Novo Testamento. Entre nós e as palavras de Isaías está o Natal. Creio que, por este motivo, o texto de prédica é meditado bem na época de Epifania.

Sim, nos é anunciado que o natal não passou. Que ele é permanente, mesmo que a sociedade o ignore entre janeiro e novembro. Epifania é a lembrança de que o natal aconteceu e a luz brilha forte na escuridão. Deus agiu em favor de nós e de toda a humanidade.

E muito mais: O menino meigo e humilde de Belém será o Cristo crucificado. O homem de dores se sacrifica por amor a nós, criaturas pecadoras e rebeldes. O Cristo da cruz, como Senhor da páscoa, abre os nossos olhos para vermos toda a realidade do mundo em que vivemos hoje. Ele oferece gratuitamente perdão, salvação e vida em abundância.

Acentuo a gratuidade numa realidade onde deparamos com a comercialização da salvação, principalmente na América Latina, cujo povo sente a exploração, tal qual Isaías denuncia, e a vida empobrecida e quebrantada.

A mensagem deste domingo acentua veementemente o fato de que nossa própria religiosidade e espiritualidade, quando praticada solitariamente, afasta de Deus e se torna inútil. Sempre quando recebemos o amor de Deus, pela Palavra e Sacramentos, somos impulsionados a viver a fé no engajamento por todos e todas, aqueles e aquelas, que precisam de nossa ajuda e solidariedade. É a luta ( sem armas) do Povo de Deus em prol da vida mais justa, livre e digna da pessoa humana.

Atualmente, em nossas comunidades cristãs, seja aqui no Brasil ou em outros lugares deste nosso mundo, vemos que Cristo continua sofrendo com as famílias dos desempregados que lutam pela sobrevivência, dos idosos e abandonados, dos agricultores sem terra, dos nossos índios, dos desiludidos, doentes e moribundos, da própria criação de Deus que sofre e geme sob a ação predatória do ser humano.

Prezada Comunidade! Queremos ser igreja missional. O que é isto? É anunciar os sinais do Reino de Deus em nosso meio. E isto através da evangelização, que denuncia e anuncia, de ações comunitárias que buscam a partilha e a solidariedade.

Em resumo, poderíamos agradecer pelo aprendizado deste domingo, por meio dos textos previstos, que nos incentivam para que o Cristo, que se dá a nós aqui no culto e na comunhão da Ceia, encontre ressonância lá fora em nossa vivência do dia-a-dia. A Comunidade, sim nós, iremos orar: Senhor, transforma-nos em instrumentos eficientes do teu amor e da tua paz.

AMÉM.

P.em. Romeu Otto Hoepfner
Curitiba, Brasil
E-Mail: romeuottohoepfner@gmail.com
de_DEDeutsch