Sem Culto?

Sem Culto?

Prédica para o 12º Domingo após Pentecostes – 23 de agosto de 2020 | Texto Bíblico: Romanos 12.1-8 | Danilo Kammers |

 

Querida comunidade, não sei se já aconteceu com você, mas uma vez conheci alguém que ao pendurar um espelho no banheiro furou o cano de água. Imaginem só! A trabalheira dobrada que foi ter de quebrar o concreto da parede para consertar o cano furado.

Minha curiosidade e proximidade com o “mestre de obras” permitiu que eu perguntasse: “Mas não foi você quem construiu este banheiro?” Ao que ele respondeu rindo: “Fui eu mesmo”.

 

Pode parecer trágico para quem viveu uma experiência dessas ou até engraçado para quem a ouve. Como pode alguém se esquecer de algo que ele mesmo esteve envolvido?

 

Na verdade isso é muito comum: esquecermo-nos do básico. Por isso o texto de hoje é uma orientação fundamental de Deus para nós. Algo de que devemos ser recordados mais uma vez, para que não venhamos a trabalhar dobrado tentando consertar nossos erros.

 

[Leitura do texto de Romanos 12.1-8]

 

O Apóstolo Paulo nos lembra de algumas coisas:

 

  1. MISERICORDIA (v.1; v.8). Lembrar-se da misericórdia de Deus é saber que Ele é o agente da Salvação. Não fomos nós quem nos tornamos aceitáveis a Deus, por nossa imensa bondade. Não fomos nós quem fizemos “boa obra” (boa ação) para nos orgulhamos dela. A misericórdia não é conquista pessoal pela atenção de Deus, mas fruto da ação amorosa de Deus em Cristo Jesus, que em nossa desobediência e incapacidade nos alcança (Rm 11.30-32).

 

  1. ENTREGA. A entrega que fazemos a Deus tem um caráter de “sacrifício”, “doação”, “oferta” ou “devolução”. Isso não se refere a algo que materialmente podemos dar ou ofertar sem nenhum comprometimento.

Ao nos lembrar desta “entrega” (v.1) o Apóstolo Paulo nos fala de Culto ou Adoração, porém de uma forma nova. Ele não se refere à prática de sacrifício pelos pecados, nem de se sentar no banco do templo (ou no sofá de casa) como um bom ouvinte da mensagem, mas em ser um participante e praticante dela.

 

Como pode alguém ser mais do que um ouvinte?

Esta pergunta o próprio Deus vai nos respondendo durante a vida. Entretanto o texto nos dá pistas (v.3-8). Alguém que crê em Cristo Jesus se sabe alcançando por um amor imerecido, do Deus misericordioso que nos capacita.

Nosso Culto a Deus, conforme o texto que lemos/ouvimos, é muito mais abrangente e comprometedor do que assistir, ouvir ou ler um texto/vídeo da internet ou uma pregação de domingo. É algo que diz respeito a tua e a minha existência neste mundo e aos propósitos de Deus para nós.

É um estar inconformado com este tempo, para um renovar de nossos corações e mentes (v.2) Porém, não é sobre simplesmente brigarmos por ideais ou termos pensamentos positivos que nos acalmem, não é sobre você nem sobre mim. Mas sobre Deus e a sua ação na história humana. A “boa, perfeita e agradável vontade de Deus”, que podemos experimentar,  é inaugurada na nova vida em Cristo.

 

  1. CHAMADO. Não somos quem somos sem o amor de Deus, manifesto em Jesus Cristo. Ter capacidades e usá-las para nosso próprio reconhecimento, fama e honra pode até proporcionar algumas conquistas pessoais, mas são bastante provisórias, porque morrerão conosco.

A “renovação de nossa mente” (v.2) é seguida de uma entrega pessoal de tudo o que somos, uma resposta ao amor de Deus.

Os dons que recebemos são colocados à disposição do Senhor na relação com as outras pessoas. Buscamos pensar não apenas em nós mesmos (v.3), mas em outros que estão ligados a nós pela Fé (v.4-5).

Um chamado nunca é para si mesmo. Deus nos capacita de tal forma que podemos ensinar (v.6), servir (v.7) e animar uns aos outros (v.8). Desta maneira, a igreja de Cristo, seu Corpo, não é chamada a viver para si e seus próprios interesses, mas aos interesses do Reino.

 

Quando e de que forma temos prestado Culto a Deus? Será que temos respondido ao chamado de Deus para nós?

 

Estimados irmãos e irmãs na Fé em Jesus. Você e eu somos lembrados no dia de hoje de que nossa vida toda é um Culto a Deus, em todos os dias da nossa semana, em todos os ambientes em que estivermos. Não somos pessoas cristãs apenas dentro de um templo. Logo, nenhuma pandemia e isolamento social deveriam impedir nosso Culto. Este nunca deve estar restrito a um prédio, mas ser constante em nossas vidas.

 

Nós somos alcançados pela imerecida misericórdia de Deus. E quando o Evangelho nos transforma, deixamos o orgulho e a impaciência de lado e nos dispomos a viver nossa Fé dentro de nossas rotinas, mesmo tão diferentes e incomuns, como neste tempo.

 

Graças a Deus não precisamos assumir a função de “mestre de obras”, “encanadores” e “pedreiros” da fé, porque estaríamos constantemente remendando nossos estragos e tentando consertar (justificar) os nossos erros. Em Jesus Cristo temos um Mestre misericordioso que nos restaura, o “trabalho é dele”. A Ele nos entregamos em confiança respondendo ao Seu chamado de verdadeira adoração, pois não podemos nos esquecer de algo pelo qual “estamos envolvidos” (Graça de Deus).

 

Que Deus nos renove, capacite e transforme, porque não podemos ser quem somos sem o seu amor e misericórdia.

 

Amém.

 

P. Danilo Kammers

Pomerode – Santa Catarina / Brasilien

danilokammers@hotmail.com

 

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