1 Coríntios 1.3-9

PRÉDICA PARA O 1º DOMINGO DE ADVENTO | 3.12.2023 | 1 Coríntios 1.3-9 | Anelise Lengler Abendroth |

Prezados irmãos e prezadas irmãs na fé!

Eis que entramos, novamente, num novo tempo! Tempo de Advento, tempo de espera pelo Salvador que vem vindo. Advento também é oportuno para a reflexão, para rememorar o ano que se finda e avaliar tudo o que passou. Nossa tendência natural é lembrar das dificuldades, dos desafios, das ações que cada um ou cada uma de nós realizou. Sim! Temos uma forte inclinação para lembrar dos nossos esforços, do nosso trabalho, dos sonhos realizados ou das perdas que tivemos enquanto pessoas ou, no máximo, como família. Dificilmente lembramos de elencar ou refletir sobre o que vivemos coletivamente, como Comunidade de fé, como povo de Deus.

Hoje, gostaria de desafiar vocês a recordar as alegrias, os feitos, os desafios que enfrentamos como Comunidade cristã. No final do ano de 2022, foi elaborado um calendário de atividades comunitárias. Houve um relatório anual com desafios e metas para um novo ano. Com certeza, muito do que foi planejado aconteceu. E se aconteceu foi por ação, dedicação, doação e protagonismo de muitas pessoas, pois todos nós sabemos que, em Comunidade, as ações só logram êxito quando feitas por muitas mãos dedicadas, por planejamento e distribuição de tarefas, por dons e tempo colocados à serviço de uma causa comum.

Neste ano, também estamos enfrentando um novo tempo, chamado de “novo normal”. Fortes fenômenos meteorológicos atingiram muitas localidades. Nosso país todo está sofrendo com os efeitos climáticos que assolaram famílias e comunidades. A cobertura midiática trouxe para perto de nós toda a tragédia vivida, mesmo que a quilômetros de distância. Como não se abater com tanto sofrimento e perdas imensuráveis? Creio que a grande maioria de nós se sentiu impotente frente a tanta destruição, mas, ao mesmo tempo, por mais escassos que foram nossos recursos financeiros, de alguma maneira, fomos sensibilizados e sensibilizadas a prestar auxílio e solidariedade a quem foi atingido/a. Vimos cenas muito comoventes: grupos de pessoas que se deslocaram dos mais diferentes recantos para doar do seu tempo e da sua força física para limpar e reconstruir o que a água e o vento levaram. Comunidades fizeram campanhas de arrecadação de água, materiais de limpeza, comida, roupas, móveis, etc… uma verdadeira rede de solidariedade, pois a água não poupou casas grandes e bem construídas ou casebres pequenos e frágeis. Há tempos atrás, ouvi pessoas dizerem que a sociedade estava perdida. O individualismo e a ganância tomaram conta do coração humano. Porém, diante do que vivemos, ainda podemos afirmar que o que Deus coloca no coração humano é maior do que as tragédias e as mazelas que querem nos escravizar.

São estas lembranças que me vieram à mente quando li o que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios. Uma Comunidade pequena que recebeu de Cristo riquezas de dons, de convicção de fé, de conhecimento espiritual para viver em meio a uma realidade difícil, carregada de divergências, diferenças, violências. Uma Comunidade que não estava imune às influências desta realidade. Também ela precisou ser lembrada pelo apóstolo que é Cristo quem vai conservá-los firmes até a volta do Senhor. E suas ações e atitudes não são mérito de sua benevolência ou por serem melhores que as outras pessoas, mas porque é o próprio Deus, que é fiel, e que os chamou para viver em união com Cristo que está agindo e faz acontecer sinais do seu Reino e do seu amor em seu contexto.

Assim como fez o apóstolo Paulo, nós também podemos iniciar este tempo de Advento, de espera pela vinda do Senhor, elencando as riquezas produzidas pela ação de Deus em nossas Comunidades: com certeza, houve reconciliações entre pessoas, houve famílias que foram carregadas e cuidadas em suas dores, houve empatia com o sofrimento dos outros, pessoas foram valorizadas e incentivadas a colocar seus dons, talentos e tempo à disposição do bem-comum. Também o trabalho com crianças, adolescentes, mulheres, homens, idosos, enlutados, doentes aconteceu e traz frutos que não conseguimos mensurar.

Enquanto nossa sociedade eleva o ser humano ao status de “deus” como se tudo o que faz ou consegue é fruto do mérito, do seu esforço individual, as pessoas cristãs batizadas em Cristo, sabem que receberam uma nova vida Nele e é Dele que emana todo o bem que realizamos. As maiores riquezas são aquelas que podemos realizar em conjunto, em comunhão, para que ninguém se glorie. Temos consciência da nossa condição humana e de tantos erros que cometemos, mas somos um povo que espera e clama a Deus pela sua vinda para salvar e redimir o mundo.

Temos, como Comunidade, um grande desafio pela frente, já que recebemos o dom da fé. Somos justificados e justificadas por Cristo para viver uma vida em comunhão, onde não há distinção entre as pessoas. Todos são irmãos e irmãs! Que possamos permanecer firmes, percorrendo o caminho do testemunho cristão em Comunidade, unidos e unidas em Cristo, até a vinda do nosso Senhor. Que mais e mais sinais do agir do Deus fiel se manifeste entre nós e mantenha firme nossa esperança nas Suas promessas! Abençoado tempo de Advento! Amém.

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Pa. Anelise Lengler Abendroth

Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul (Brasilien)

anelisevilmar@gmail.com