4º DOMINGO DE ADVENTO

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4º DOMINGO DE ADVENTO

PRÉDICA PARA O 4º DOMINGO DE ADVENTO – 20.12.2020 | Texto da prédica: Romanos 16. 25-27 | Baldur van Kaick |

“Graça e paz sejam com vocês, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Amém.”

O texto do 4.o Domingo de Advento encontra-se em Romanos 16,25-27, são as palavras do apóstolo ao terminar sua carta à comunidade cristã em Roma. O título do texto é “doxologia”.

“(25) Ora, ao Deus que é poderoso para confirmar vocês segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, (26) e que, agora, tornou-se manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência da fé, entre todas as nações, (27) a este Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, para sempre. Amém!” (Bíblia Nova Almeida Atualizada)

Prezada comunidade:

I

Não sei se este texto com seu convite para glorificar a Deus é apropriado para este 4º Domingo de Advento, pois o ano termina, como começou; com muito sofrimento, e quem perdeu um familiar, ou amigo, não tem o que celebrar. Mas é possível que a doxologia seja exatamente a palavra certa neste momento de nossa vida, pois ela fala de Deus em nossa vida.

Quando o apóstolo Paulo escreveu a doxologia ele estava no fim de um longo período de atividades nas regiões da Ásia, Grécia e Macedônia, onde enfrentou perigos de toda sorte, desde assaltos e pessoas falsas, e teve que lutar contra uma doença de olhos que lhe causou inúmeros dissabores. Mas em meio às dificuldades, anunciando em todos os lugares o evangelho, ele fez a experiência da presença confortadora de Deus. Deus o salvou, mais de uma vez, quando se viu diante da morte. E quem prega o evangelho, como ele o fez, sabe que anunciar é uma coisa, outra é ter a assistência de Deus, que confirma, por meio do Espírito Santo, a quem ouve o evangelho, dando a certeza de que a palavra ouvida é verdadeira e confiável e de que construir sua vida sobre o evangelho de Jesus Cristo é construir sobre a rocha. E o homem incansável na propagação da palavra de Deus, que foi o apóstolo Paulo, faz esta experiência: Deus confirma o seu evangelho; e por sua pregação  surgem comunidades cristãs em que se vive uma nova maneira de crer, conviver, servir e levar as cargas uns dos outros. Ao terminar sua carta, o apóstolo escreve uma doxologia. Ele louva “o Deus único e sábio”, que “confirmou” o seu evangelho, e  confia que acontecerá o mesmo quando a comunidade na cidade de Roma receber e ler sua carta, em que expõe para ela o evangelho de Jesus Cristo.

II

2020 foi um ano de perdas. Mas, quem crê em Jesus Cristo é convidado, pelo evangelho, a ver a presença amorosa de Deus em sua e na vida de cada pessoa, também nas perdas e adversidades. Às vezes não o percebemos. Deus parece não se importar. Surgem horas de dor e até desespero. Mas ele está presente, conosco e com nossos semelhantes.

O evangelho escreve: “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).

Quem disse isso foi o próprio apóstolo, que passou por muitas necessidades, como vimos, e sempre confiou na presença amorosa de Deus. E o apóstolo não o sabe ainda; seu futuro não será fácil, em breve será acusado e conduzido prisioneiro para Roma, e seu plano de seguir para a Espanha, detalhado na carta, com o objetivo de também lá anunciar o evangelho, não se concretizará. Nem sempre nossos planos e projetos se realizam. Nós o vimos neste ano. Mas Deus sempre está com quem nele confia e nada nos separa de seu amor. Essa mensagem, o apóstolo nos quer confiar, e quem constrói a vida sobre sua palavra, palavra de Deus, constrói sobre a rocha.

III

O evangelho de Jesus Cristo não nasce da ideia de uma pessoa, à semelhança de uma filosofia que se concebe e depois divulga com fervor. O apóstolo escreve: Na vinda de Jesus Cristo, Deus revelou um “mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos” (v.26). Este mistério, Deus o tornou manifesto para ser pregado “entre todas as nações, para obediência de fé”. O mistério do qual o apóstolo Paulo fala, e que ele anuncia com dedicação – ele o explica em sua carta – é a graça de Deus.

Até a vinda de Jesus Cristo vale: para ser acolhido por Deus deve-se viver na relação certa com Deus e o próximo. Para Deus não é indiferente como se procede, se se despreza o semelhante ou o respeita. Deus abençoa quem procede bem, e castiga quem prejudica vidas. Isso nos parece muito antiquado, e superado até, pois Deus só pode ser amor – pensamos. Estamos enganados. Quando a imprensa noticia que um juiz é arbitrário e absolve criminosos, nos revoltamos, pois queremos juízes justos, não parciais. Defender o justo não é vingança;  é o caminho para uma sociedade humana e responsável, que não se transforma num inferno em que se pode prejudicar o semelhante, livremente.

Deus não é arbitrário; é extremamente justo, não trata ninguém com injustiça. Vela sobre a justiça, porque ama o mundo que criou e não o quer ver deteriorar. Por isso ensina a andar na sua presença, distinguindo entre o bem e o mal, e apegando-se somente ao bem.

O apóstolo não arreda um centímetro da Escritura, que anuncia a justiça de Deus. Ele anota na sua carta aos cristãos em Roma: “Pois todos temos de comparecer diante do tribunal de Deus. Assim, pois , cada um de nós prestará contas de si mesmo diante de Deus.” (14,11-12). Deus nos quer ver andando e perseverando nos seus caminhos!

Mas Deus também sabe que se nossa “justificação por ele” (Rm 3,21) depender de que nossas obras sejam sempre boas, não seremos justificados por ele. Pois, ao lado de acertos, que na vida cristã podem e devem ser muitos, sempre erramos. Ou não é verdade? Por essa razão, por amor a nós, depois de “guardado em silêncio desde os tempos eternos”, Deus revelou, em seu Filho, a sua graça.

O que é sua graça? Graça significa: Quando eu me afastei do caminho de Deus, e o reconheço, tendo a firme disposição de reconduzir minha vida a um rumo novo, Deus me perdoa e, com seu perdão, me presenteia um novo começo. E é o próprio Deus que me guia para esta decisão, consciente, de rever minha vida.

É assim que a pessoa cristã vive sua fé em Jesus Cristo. Deus nos guiou para a fé em Jesus Cristo (em quem está presente “a plenitude da graça de Deus”), pelo ouvir do evangelho de Jesus Cristo. E quando um dia, no passado, abraçamos, conscientemente, a fé (o apóstolo fala da “obediência da fé” (v.26), Deus nos deu o Espírito Santo, que atua em nossa vida, a fim de que nela abundem os frutos do Espírito: o amor, a alegria, a bondade, o domínio próprio, a verdade e perseverança nos caminhos de Deus (Gl 5,22).

Mas não acertamos sempre. Neste ano, espalhou-se muito ódio em mídias sociais, postaram-se fake news, e também quem crê em Jesus Cristo repassou essas mensagens. Reflexo de um mundo em crise. Deus espera atitudes diferentes de quem crê, também no dia a dia.

Ouvir da graça de Deus – neste Advento – significa: Quando nos desviamos do caminho de Deus, podemos mudar. Deus nos dá esta possibilidade, pelo seu perdão. E o próprio Deus nos conduz para voltarmos a ser, com perseverança, “sal da terra e luz do mundo”, o que Jesus disse que, na verdade, somos. Creio que todos e todas precisamos fazer uso dessa possibilidade maravilhosa. Com a vinda de Jesus, Deus colocou nossa vida num novo patamar. Somos gratos ao nosso Deus por seu amor.  É a melhor notícia que nos pode ser dada neste Advento, para que nosso Natal seja abençoado.

IV

No fim deixamos o apóstolo falar a nós: “Ao Deus que é poderoso para confirmar vocês segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, a este Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, para sempre!”

Amém

Oremos:

Faze de nós, Senhor, ouvintes atentos de tua palavra. Ela é a Palavra da Vida. Quem edifica sua casa sobre ela constrói sobre a rocha. Ventos virão, tempestades tentarão destruí-la, e eles e elas não poderão derrubar esta casa, porque foi construída sobre a rocha. Por Jesus Cristo. Amém

“E a paz de Deus, que excede todo o pensamento, guarde nossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. Amém”

Ps em. Me. Baldur van Kaick

Curitiba – Paraná, Brasilien

bvankaick@gmail.com

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