4º Domingo na Quaresma

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4º Domingo na Quaresma

Prédica sobre João 9.1-41, de Valdemar Lückemeyer |

“Que a paz de Deus, o amor de Jesus Cristo e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês.”

 

O texto da prédica deste domingo é um texto longo, muito longo. Poucas vezes nosso lecionário nos indica um capítulo inteiro como base para a mensagem da Palavra de Deus.  E mais um detalhe: até parece que o texto bíblico nos apresenta um longo interrrogatório policial ou criminal!  Alguém quer saber “quem infringiu a lei”, alguém quer saber “quem foi o autor desta ação que somente alguém muito especial poderia fazer?”

Vamos ouvir o texto bíblico e, por ser o Evangelho do domingo, vamos recebê-lo colocando-nos de pé e aclamando-o com o canto de Aleluia.

 

LEITURA DE   João 9.1-41

 

No fim do seu Evangelho o evangelista João faz uma observação muito importante , que certamente nos ajudará na compreensão da mensagem deste texto. Diz João:

“Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.” (Jo20.30s).

O milagre da cura do cego, portanto, foi escrito , como destaca o evangelista “para que nós creiamos que Jesus é o Messias, o Filho de Deus”! O relato do milagre pois,  não tem um fim em si, não quer ser apenas um relato, e pronto. Ele quer apontar para algo além, para algo mais importante, para algo que realmente quer ser destacado.

Isto precisa estar claro desde o início, prezadas irmãs, prezados irmãos, pois caso contrário, podemos ficar nos perguntando, por que Jesus não curou a todos os cegos da época? Ou também poderemos nos perguntar, por que nós, cristãos luteranos, não conseguimos realizar curas e milagres em nossas igrejas, ao passo que outras “igrejas”, ou melhor, outros grupos religiosos dizem que conseguem fazer curas de todos os tipos: cegos, paralíticos, doentes, …

Voltemo-nos  primeiramente para o nosso texto. Um longo relato. É possível meditar sobre parte dele apenas, sobre alguns versículos do todo, por ex. vers. 1 a 9, ou seja, somente sobre o relato da cura do cego e as primeiras perguntas e reações. Mas a leitura e a meditação sobre o longo texto esclarece bem mais alguns aspectos.

Jesus curou um cego de nascença. Alguém que nunca viu a luz do dia, o brilho do sol, o rosto das pessoas, a beleza da criação de Deus! Nasceu cego. E aparentemente se conformava com esta sua situação. O que fazer? Contar com a boa vontade das pessoas para que lhe dessem esmolas. Trabalhar não podia, ganhar o seu pão de cada dia através do trabalho, não podia. A vida lhe impôs esta limitação. Sim, a vida nos impõe limites. Alguns podem ser vencidos, superados, outros não. Alguns podem ser vencidos somente com a ajuda de outros. Ah sim, a solidariedade supera muitas limitações.

O cego do nosso texto bíblico foi encontrado pelo amor solidário personalizado na pessoa de Jesus. Jesus foi solidário com este cego. Revelou-lhe a vida que Deus quer para todos. E a partir deste encontro tudo mudou na vida deste homem, antes dependente de todos e de tudo. Ele começou a enxergar, foi-lhe devolvida a dignidade da vida. Agora ele podia entrar novamente no templo, fazer suas orações a Deus, agradecer-lhe e louvá-lo.

Mas, afinal, o que estava incomodando aqueles “representantes da religião oficial”?

O que alguém fez, que não poderia ter feito, senão um enviado por Deus? Quem foi o autor desta infração? Vejam bem, alguém foi socorrido, ajudado, curado, mas não era isto que estava incomodando estes senhores inquisidores. Incomodava-lhes com que autoridade ele fazia isto, e ainda mais, em pleno sábado, desrespeitando a lei de Deus, a lei do descanso no sábado! Eles não queriam  aceitar que, quem curou o cego foi  Jesus, que este Jesus era o enviado de Deus,o Filho do Homem (v. 35b).  Eles não viam em Jesus o Messias, ao passo que o cego curado viu, acreditou, aceitou.

Irmãos e irmãs. Alguém disse certa vez com toda a precisão: as trevas não se dispõem espontaneamente a  ceder lugar à luz. As trevas, o mal, eles resistem, se opõem à luz. Por isso não é algo natural e fácil que o mundo aceite Jesus como Senhor e Salvador.  “Eu sou a luz do mundo, que me segue não andará na escuridão, pelo contrário, terá a luz para a vida” (Jo 8.12). Ali onde Jesus é aceito como Senhor, ali onde se constrói a vida tendo ele como fundamento e base, ali as trevas recuam e a luz começa a iluminar a vida, os passos, o presente e o futuro da pessoa.

Levar Jesus às pessoas, ou levar pessoas a Jesus, eis a nossa tarefa como seus seguidores, como pessoas que fomos iluminados pela Sua luz. Esta luz deve se refletir em nossos atos, em nossas palavras, no nosso jeito de ser e viver.

Pergunto-me, se não estamos sendo muito tímidos na nossa ação missionária como seguidores deste Jesus  que ensinou ,  que pregou e  que curou muita gente, que trouxe luz e nova vida para pessoas sofridas, marginalizadas?

Os desafios são enormes! A seara é grande.

Que a Sua luz brilhe através de nós.

 

E que a paz de Deus, que vai além de todo nosso entendimento e de nossa compreensão, nos acompanhe  e ilumine nossos caminhos hoje e em todos os dias. Amém

 

 

P. em. Valdemar Lückemeyer

Carazinho – Rio Grande do Sul, Brasilien

luckemeyer@annex.com.br

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