6º Domingo da Páscoa

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6º Domingo da Páscoa

17 de maio de 2020 | Texto da prédica: 1.Pedro 3.13-22. | Martin Norberto Dreher |

Irmãs e irmãos!

Assim como vocês, estou cheio de sofrimentos. Não posso dar abraços nem beijos. Aprendi que é importante dar as mãos, quando se cumprimenta alguém. Não posso mais fazê-lo e não sei por quanto tempo. Não posso sair de minha casa para visitar os que estão sós. Não posso ir tomar chimarrão com os vizinhos, nem mesmo com os filhos. Não posso abraçar o neto e as netas. Mas, estou tentando fazer o que é certo: busco respeitar o mandamento que diz: “Não matarás”. Ao evitar contatos e saídas de minha casa, não cometo suicídio e vejo a vida como presente dado por Deus que deve ser preservado. Também respeito a vida dos outros, não querendo transmitir-lhes a morte. Em relação aos que me procuram procuro manter distância.

Tenho sofrido por não poder ir a velórios, nem a sepultamentos. Nos últimos dias, não pude me despedir de dois colegas e de duas esposas de pastores que me foram muito importantes ao longo da vida. No dia das mães não pude levar flores a minha mãe no cemitério, no qual descansa. Devo, porém, confessar que sofro mais quando vejo as cenas que me mostram que os hospitais estão cheios de pessoas que não podem ser visitadas, que morrem sós. Sofro, quando vejo que familiares não podem ver, velar, se despedir de seus mortos, sepultados em valas comuns. Quando me despedi de meus queridos, depositei-os em sepulturas individuais, enfeitei-as com flores e, na cabeceira, coloquei uma cruz. Os que hoje sepultam seus mortos não o podem fazer. Sofro quando vejo surgirem milhões de desempregados e vejo pessoas minimizando os sofrimentos.

Sei que há pessoas que se lembram de mim e de minha esposa. Os filhos nos trazem os alimentos. Para outros, vizinhos o fazem. Há pessoas me enviando vídeos, mensagens, telefonando. (Confesso que, por vezes, fica até demais). Mas sofro pela falta de comunidade, de confissão de fé em conjunto, do partir do pão e da comunhão no cálice da Santa Ceia.

Por outro lado, sou grato por ter podido enviar mensagens a enlutados, dizendo que seus falecidos agora veem no que creram. Sou grato pelas pregações que tenho podido ouvir pela internet, pelos hinos que cantei, sabendo que outros estariam cantando os mesmos hinos naquele momento e confessando a mesma fé.

Lendo os textos previstos para o presente domingo, vejo que também eles falam de sofrimento. O Salmo 66.8-20 me lembra que sofro porque muitas vezes não quis ouvir a Deus nem viver a partir de sua graça.  Ele nos coloca à prova, nos mantém vivos, devemos louvá-lo e agradecer-lhe pela proteção e pela vida que concedeu a nós e também às pessoas que têm chamado. Deus não deixa de ouvir nossas orações e não nos nega seu amor. O texto de João 14.15-21 nos fala de dor de despedida, mas (mais importante!) diz que Jesus não nos deixa abandonados. Sua ressurreição é garantia de ressurreição e vida para nós e para os nossos. Porque ele vive, nós também viveremos! 1 Pedro 3.13-22 é texto escrito em meio a sofrimento. Foi pregação para pessoas no dia de seu Batismo. Não desistiram de ser cristãs porque estavam sendo perseguidas. O apóstolo as anima a serem fieis, a fazerem o bem, a não terem medo. Pede que deem testemunho em meio ao sofrimento. Quando perguntadas por que continuam seguindo a Jesus, devem testemunhar a esperança que têm, devem falar daquele dia em que serão acolhidas no Reino, no colo de Abraão, nos braços de Deus e dizer que essa esperança as deixa ter esperança aqui e agora. Por isso podem colocar pequenos sinais de esperança. Quem é e foi batizado tem compromisso com Deus. Por que? Porque foi inserido na salvação dada pela ressurreição de Jesus Cristo. Ele está à direita de Deus, governa anjos, todos os poderes e cuida de nós.

Numa época em que não nos podemos reunir, em que não podemos comungar, partilhando do mesmo pão e do mesmo cálice, ouvir outros confessando a fé como nós a confessamos, louvando em conjunto, é mais do que importante, é fundamental sabermos que fomos batizados, que fomos enxertados no corpo do Jesus ressurreto e que nele temos comunhão uns com os outros e também com os que foram antes de nós. Louvado seja Deus. Amém.

Obrigado, Senhor, que em meio a sofrimentos podemos ter a certeza da tua ressurreição, de tua vitória sobre sofrimento e morte. Recebe nosso louvor e adoração e deixa-nos ser instrumentos teus em relação aos que sofrem. Louvado sejas! Amém.

 

 

 

P. Dr. Martin Norberto Dreher

São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasilien

martindreher@terra.com.br

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