João 17.1a,6-19

 PRÉDICA PARA O 7. º Domingo de Páscoa |Texto bíblico:João 17.1a,6-19 |  12/05/2024 | Vera Maria Immich |

Texto bíblico:João 17.1a,6-19

Salmo 1

Atos 1.15-17,21-26

Vera Maria Immich

QUE A GRAÇA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, O AMOR DE DEUS E A

COMUNHÃO DO ESPÍRITO SANTO SEJAM COM TODOS. AMÉM!!!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

Três textos densos teologicamente se entrelaçam no 7.º domingo após a Páscoa e

no Brasil também o dia das Mães: O Salmo 1 tem palavra de bem aventurança aos

retos e justos e de perdição aos injustos; os critérios da comunidade de Atos na

escolha do sucessor de Judas e a oração sacerdotal encontrada no Evangelho de

João e toda sua teologia do cuidado e da admoestação de seguirem sendo um nele

e no Pai. O que estes textos podem nos ensinar hoje? Quais os desafios que eles

propõem e quais respostas às nossas angústias podem encontrar?

Após inúmeras instruções e orientações de Jesus aos seus discípulos ele ora por

eles. Ele dialoga com Deus. Ele repassa os principais aspectos que envolvem os

propósitos de Deus para com ele e para todos aqueles que creem Nele.

Sua oração inicia com o reconhecimento que ele fez a vontade do Pai e, como era

seu costume, ele ora por seus discípulos, intercedendo pela ação soberana do Pai

de guardá-los do mal.

O Evangelho de João, inclusive o nosso texto, ilumina as trevas daquela época e

traz luz às comunidades cristãs dos dias atuais, desafiando a vencer os conflitos, o

preconceito, o ódio e a grande desigualdade social; convoca-nos a promover laços

afetivos sólidos em meio às comunidades que vivem neste mundo duro, cruel e

contraditório. O desafio dado é de lutar contra o mal e as armadilhas e não sucumbir

às tentações.

Na oração Jesus pede ao Pai para nos guardar do mal e não nos tirar do mundo. As

aflições, as dores e as frustrações fazem parte da vida humana e muitas vezes

atingem a nossa fé e confiança em Deus. Sentimos que não estamos blindados para

o sofrimento. Que ele nos atinge e nos fere. Nos derruba e pode nos derrotar se não

lembrarmos que o próprio Jesus passou por muito sofrimento, por abandono e

solidão. Foi traído e entregue aos poderes da época que queriam derrotá-lo. No

abandono e na solidão ele mostra sua confiança incondicional no Pai. Ele não se

desvia de sua missão nem por um minuto, nem mesmo quando os poderes da morte

o enfrentam e querem derrubá-lo. Na fraqueza ele encontra a força porque busca o

Pai.

Cada tempo a seu modo tem seus desafios e suas dores. Hoje também enfrentamos

muitas dificuldades como comunidade e família cristã. São muitas dores que

precisamos enfrentar. Muitas vezes, pensamos estarem além de nossas

possibilidades e forças e pensamos que não há solução: vemos lares desfeitos,

filhos e pais/mães em conflito e, muitas vezes, buscando soluções na violência,

mágoa e rancor que destroem vidas.

Tantas vezes sentimos nossas forças minguarem e nosso ânimo desaparecer. As

aflições têm o poder de minar a nossa confiança em nossas habilidades e nossa

confiança em Deus. Olhamos para as contradições do mundo onde vivemos e

vemos enfermidades, violência nos lares, inclusive nos lares cristãos. Vemos brigas

por herança, por poder e ganância. Somos feridos e ferimos pessoas com nossas

palavras, como nossos gestos, como nossa omissão.

Afinal, viver neste mundo e enfrentar o mal sem ser derrubado por ele e sem se

deixar contagiar por ele é o desafio. Aceitar que Deus nos guarda do mal e fazer a

nossa parte e não sermos instrumentos do mal. Jesus intercede junto ao Pai (v. 9s)

para proteger aos seus discípulos das dores deste mundo e mantê-los fortes e

unidos na Palavra que os torna UM. Não peço que os tire do mundo, mas que os

guarde do mal (15). Jesus se importava com seus discípulos e se importa comigo e

contigo hoje. Ele não nos tira deste mundo e não nos poupa das adversidades, mas

nos guarda do mal e nos sustenta quando o mal nos ataca. É ele que sempre está à

espreita nos cuidando e protegendo.

O que fazemos para vencer o mal que aflige não somente a mim, mas toda a criação

e todas as pessoas em situação de vulnerabilidade social, emocional e espiritual?

Como colaboramos para que o mundo seja um lugar onde todos possam viver bem?

O que cultivamos em nosso coração? Aquilo que cultivamos é também aquilo que

transbordamos. O que você transborda ao teu redor? Na tua casa? No teu trabalho?

Na rua onde vives e andas? No trânsito? Você transborda irritação ou paciência?

Descrença ou fé? Desânimo ou otimismo? Ódio ou amor? Mentiras/fake news ou

verdades?

Desconfiança ou confiança? O que transborda nos seus relacionamentos com seus

filhos e filhas, com seus pais e mães, quando ainda vivem? Será que muitas vezes

não conseguimos ser tão misericordiosos e amorosos com nossos familiares como

desejamos e precisamos que Cristo seja conosco? Será que deixamos transbordar

nossa desconfiança com as pessoas e com o próprio Deus e assim minamos nossa

vida afetiva e nossa caminhada de fé?

Neste dia das mães olhamos para os lares onde muitos pais se ausentam de suas

responsabilidades e perdem o que há de melhor nas relações humanas: o cuidado

com a família e o amor ensaiado com seus erros e acertos, com perdão dado e

buscado, como o apoio na enfermidade e no desemprego, com a alegria nas vitórias

e conquistas grande ou pequenas, na gratidão pelo milagre da vida.

Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal (17.15). Uma oração

de cuidado em nosso favor e por amor. Um amor tão grande e tão maravilhoso, que

toma conta de nós, que nos envolve em laços de ternura e compaixão. Um amor que

dura de eternidade a eternidade. Um amor de duas vias: do Deus que nos amou

primeiro e daquele que é bem-aventurado e encontra o seu prazer na lei no Senhor

e nela medita dia e noite. Meditar, orar, estudar sua Palavra e viver sob sua sombra

e alimentar-se de seus frutos, conforme declara o salmista no Salmo 1.

Encerro com a música Falar com Deus para inspirar este dia e esta semana:

Falar Com Deus – Valdecir Lima/ Lineu Soares

Na oração encontro calma,

Na oração encontro paz

Orar a Deus faz bem à alma

Falar com Deus me satisfaz

Falar com Deus, que privilégio

Abrir a alma ao criador

Sentir que os céus estão abertos

E ouvir a voz do Salvador

Grande é o nosso Deus

Grande é o nosso Deus

E as obras que Ele faz

O seu amor não tem limites

Em seu perdão encontro paz

Falar com Deus é o que preciso

Pois Ele é fonte de poder

Só Nele a vida faz sentido

Pois me dá forças pra viver

Bênção: Que meus pés caminhem pelas Tuas praias

na certeza de não estar sozinho.

Em meio às dores,

Tu estás com Teu bálsamo.

Em meio às alegrias,

Tu me esperas com Teu vinho.

Seja como for,

louvado sejas,

Pai de Amor.

Amém.

—

Pa. Vera Maria Immich

Curitiba – Paraná (Brasilien)

veraodair@gmail.com