Mateus 14.22-33

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Mateus 14.22-33

PRÉDICA PARA O 11º DOMINGO APÓS  PENTECOSTES | 13 DE AGOSTO DE  2023 (Dia dos Pais) | Mateus 14.22-33 | Ângela Ulrich |

Vai com fé ou com medo? – vou com Cristo!

Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, o Pai, e a comunhão do Espírito Santo Sejam com você! Amém.

Minha irmã, meu irmão!

Na minha comunidade de origem havia dois quadros na parede do altar: um de Lutero e um de Jesus socorrendo Pedro. O primeiro, do reformador, sempre lembrava as pessoas que frequentavam o culto que aquela era uma igreja oriunda da Reforma. A segunda falava mais. Ela mostrava às pessoas algo central do ministério de Jesus Cristo. Ele é aquele que cura, que resgata, que salva. É impressionante como uma simples imagem pode mostrar tanto de Jesus e como ela pode comunicar o seu amor de uma forma tão marcante. Muitas vezes, quando eu ia ao culto, olhava para aquela imagem e me sentia confortado, pois ela me transmitia que, se eu estivesse me afogando, se eu estivesse caindo, se eu precisasse do socorro de Cristo, ele me estenderia a sua mão e me salvaria.

Essa imagem ilustra a passagem do evangelho de hoje. Jesus havia alimentado as multidões e, enquanto as despedia, mandou que os seus discípulos fossem para o lado oeste do lago de Genesaré. Ele se retirou para orar. De madrugada, foi ao encontro dos discípulos, que estavam no meio do lago, tendo o seu barco agitado pelas ondas. Os discípulos, ao verem Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e gritaram: é um fantasma! Mas Jesus disse: Coragem! Sou eu! Não tenham medo! Era madrugada, estava escuro, o barco estava sendo sacudido pelas ondas. Eles veem alguém andando em cima da água. Um simples pedido por coragem não poderia ser o suficiente. Por isso, Pedro disse: se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está. – Venha, respondeu Jesus! E Pedro foi. Conseguiu realizar este milagre. Andou sobre as águas. Pelo menos até que o vento soprasse e ele tivesse medo. Foi quando começou a afundar. Mas, imediatamente, Jesus estendeu a mão e segurou Pedro, o homem de pequena fé.

Esta passagem do evangelho ensina algo valioso para a vida. Ela versa sobre fé e medo, sobre os benefícios de se viver a vida com fé e sobre as consequências de entregar-se ao medo. Sobre o que conseguimos fazer enquanto obedecemos e olhamos para Cristo e sobre o que pode acontecer quando nos perdemos nos desafios diários.

A palavra, lema desta semana, com a qual fomos acolhidos neste culto, diz: “A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver.” (Hebreus 11.1) A fé é uma certeza. Ela dá provas de coisas que não vemos.

Pela fé em Deus, o seu povo fez coisas grandiosas. O povo fez uma travessia de 40 anos no deserto rumo à terra prometida. Pela fé, o salmista se vê em condições de passar pelo vale da sombra da morte sem medo. Pela fé muitas pessoas foram levadas a Cristo, tiveram a sua vida transformada e ouviram dele: a sua fé te salvou! Pela fé, Pedro anda até mesmo em cima da água. Segundo Lutero, a fé é parte da natureza da pessoa cristã e, por meio ela, recebe os benefícios de Deus.

Será que temos uma fé assim? Infelizmente, não! Pelo menos, não o tempo todo.  Na verdade, acho que somos mais ou menos como Pedro. Vacilantes. Creio que, em muitos momentos, Jesus também diria: “Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou?” (v.31) A vida é cheia de intempéries, de pequenas e grandes tempestades e de ventos que fazem o nosso barco sacudir. Pedro andou sobre as águas por alguns instantes. Com fé e com o seu olhar voltado para Cristo, Pedro anda sobre o perigo, passa por cima daquilo que poderia tirar a sua vida.

Andar sobre as águas é um paralelo aos desafios da vida de cada um de nós. Significa passar sobre aquilo que pode nos sucumbir, nos tirar a vida. Neste sentido podemos nos perguntar quais os ventos que causam medo? Quantas vezes “ficamos sem chão”? Quantas vezes nos sentimos como se estivéssemos afundando? E como reagimos cada vez que nos foram exigidas fé e coragem?

A palavra do evangelho de hoje nos convida à fé. Nos convida a enfrentar a vida com fé em Deus. Nos convida a atravessar os desertos da vida, os vales da sombra da morte, os vales de ossos secos, as águas do mar da vida que querem nos afogar, com fé. Mas ela também nos ensina que somos falhos, que a fé é fraca e que podemos vacilar. É justamente para os momentos que vacilamos que a palavra de hoje nos ensina algo fundamental: gritar por socorro. Pedro, quando estava afundando, gritou: “Socorro, senhor!” Talvez o grande feito de Pedro nesta história nem foi andar sobre as águas. Creio que ele fez mais quando estava se afogando e gritou “socorro, senhor!” No grito de socorro de Pedro não está a fé triunfante que o faz andar sobre as águas, mas a fé da pessoa fraca e piedosa que depende unicamente da graça e do auxílio do senhor. No grito de socorro de Pedro há uma completa entrega a Jesus Cristo. Ele é a sua única esperança. E o que Cristo faz quando Pedro grita por socorro? Estende a sua mão. Jesus estende a sua mão a quem grita por socorro. O evangelho diz que ele faz isso de forma imediata.

Meu irmão, minha irmãA palavra de hoje é um convite à fé, a enfrentar tudo com fé. É um convite à fé que, pela graça de Deus, nos permite fazer grandes coisas e vencer grandes desafios, mas também é um convite à fé que é uma simples e completa entrega ao senhor que, nos momentos de maior fragilidade, simplesmente, nos leva a dizer: “socorro, senhor!” Que Deus continue nos presenteando com esta fé, mas, principalmente, que ele siga sempre, imediatamente, nos estendendo a sua mão salvadora. Amém.

Pastora Ângela Ulrich

São Leopoldo – Rio Grande do Sul (Brasilien)

pastoraluterana@gmail.com

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