Mateus 9. 35-10.8

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Mateus 9. 35-10.8

PRÉDICA PARA O 3. DOMINGO APÓS PENTECOSTES – 18.06.2023 | Mateus 9. 35-10.8 | Marcos Aurélio de Oliveira |

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” 2 Coríntios 13.13. Amém.

Prezada comunidade! Irmãos e irmãs!

Liturgicamente hoje estamos no terceiro domingo após Pentecostes. No calendário litúrgico Cristão este é o Ciclo do Tempo Comum…

Por falar nisso, vocês sabem quantos ciclos têm o calendário litúrgico?

Vamos, rapidamente rever este conteúdo?

O calendário Litúrgico é composto por três ciclos: Ciclo do Natal, Ciclo da Páscoa e Ciclo do Tempo Comum…

O Ciclo do Natal é o que inicia o Calendário Litúrgico. Nele temos o Advento – tempo de preparação, o Natal – nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus – Deus vem ao nosso encontro e recordamos isso quando celebramos nascimento de Jesus. E a Epifania – que é a revelação de Jesus como Filho de Deus e Salvador nosso…

Na sequência do Calendário Litúrgico temos o Ciclo da Páscoa que inicia com a Quarta-feira de Cinzas, inaugurando o período da Quaresma. Temos o Domingo de Ramos, que abre a Semana da Paixão, na qual temos a Quinta-feira da Paixão, a Sexta-feira da Paixão (também conhecida como Sexta-feira Santa) e o Domingo de Páscoa – Dia da Ressurreição de nosso Senhor. Ainda neste ciclo temos a Ascensão (40 dias após a Páscoa) e para fechar o ciclo: o Pentecostes (50 dias após a Páscoa).

Então chegamos ao ciclo que estamos agora: Ciclo do Tempo Comum. Esse ciclo iniciou com o Domingo da Trindade e encerra com o Domingo Cristo Rei, lá em novembro. Ao todo serão 25 domingos. Este é ciclo mais extenso…

Por que é importante sabermos disso? Por que a Igreja Cristã desenvolveu um calendário litúrgico? Por que dividiu desta forma?

Bem, isso é muito falado em Estudos Bíblicos e encontros do Ensino Confirmatório… e com a intencionalidade pedagógica que quer nos ajudar a firmar e compreender os conteúdos de nossa fé.

Os dois primeiros ciclos mostram de forma muito forte a ação de Deus… no Natal Ele vem ao nosso encontro – ali já acontece o Evangelho – a Boa Nova, que Deus vem, elimina a distância que havia entre nós e Ele… No Ciclo Pascal então, para a humanidade que não o aceitou, rejeitou e o condenou, Ele respondeu, e novamente com amor, se entregando por nós a morte. A qual não teve poder para segurá-lo e Ele foi ressuscitado, pois a vida vence a morte. No Pentecostes, que finaliza este ciclo, Deus envia seu Espírito Santo, nosso Consolador, o espírito Divino presente em cada qual de nós…

Nos dois primeiros ciclos reconhecemos fortemente a ação de Deus… no Ciclo do Tempo Comum, e podemos dizer que esse é o nosso ciclo, o das nossas respostas ao agir de Deus… Neste ciclo os textos Bíblicos, os Cultos, as festividades, sempre nos levarão a olhar para a ação de Deus e nos apontarão para as nossas respostas a esse agir…

Bem, isso que disse e apresentei até aqui foi para chamar a atenção que, quando celebramos um Culto, realizamos um estudo Bíblico, promovemos uma festividade, o que há como intenção é refletirmos e fortalecermos nossa fé e nosso agir em resposta a tudo o que Deus fez, faz e continuará fazendo por nós, para nós. Não fazemos por fazer, ou para promoção desta ou daquela pessoa, mas porque como pessoas cristãs temos como tarefa, como missão: dar continuidade a obra de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Com este pano de fundo olhamos para aos textos previstos para este terceiro domingo após Pentecostes:

O texto da carta de Paulo aos Romanos fala da graça de Deus. Graça de Deus é ação de Deus. É aquilo que Ele faz por cada qual de nós, sem que nada tenhamos para dar ou mereçamos ganhar. Isso é graça! E graça não é “de graça”. A graça de Deus é cara. Custou a vida de seu filho! Isso ninguém pode pagar para Deus. Não foi de graça. Nem todo dinheiro deste mundo, nem toda e qualquer boa ação pagam a vida de Cristo na cruz. Isso é graça. É ação que nem merecemos, dada por amor, gerando muitos frutos!!!

Os frutos da graça de Deus são a compaixão, a bondade, a misericórdia, o perdão, a humildade, a comunhão, a partilha e o amor.

Então alguém pode perguntar: “Por que Deus deu a salvação para nós sabendo que não merecemos?” Porque só aquilo dado com amor e por amor pode transformar alguém!!! E esta é a centralidade do agir de Deus e aquilo que Ele também espera de nós: Que amemos!

Só o amor pode transformar pessoas pecadoras como nós em pessoas que se doam para ajudar, porque já receberam misericórdia. Que perdoam porque já sentiram o perdão…

O Evangelho de hoje faz ligação muito forte com o texto da carta aos romanos: “Jesus andava visitando todas as cidades e povoados, ensinando e curando todo tipo de doença. Quando Jesus viu a multidão teve pena daquela gente pois estavam aflitos tal ovelhas sem pastor…” Deus nos amou porque viu nossa fragilidade, nossa aflição e nosso pecado. O que atraiu a atenção de Deus foi sermos incapazes de nos guiarmos por nossa conta. Por isso Ele se coloca como pastor. Mas Ele não tem só piedade de nós. Ele nos ama e nos ensina para irmos e seguirmos confiantes e fiéis.

No cenário do texto do Evangelho temos: pessoas aflitas, abandonadas, desamparadas, ovelhas sem pastor… pessoas sem ter quem as cuidasse. Jesus tem compaixão delas, então acontece: anúncio da boa nova, ensino, cura das enfermidades… No texto também acontece chamado e envio. Podemos pensar até que era algo somente para os discípulos. No entanto é para todas as pessoas que confessam sua fé em Jesus Cristo. Pois Ele olha para nós, se compadece, age graciosamente em nosso favor e nos envia…

As pessoas seguidoras de Jesus são as enviadas para a seara, para agir no mundo, anunciar a boa nova, viver a compaixão, edificar Comunidade. A comunidade é o lugar onde a obra de Jesus continua e dela se espalha para o mundo, para a realidade de vida das pessoas.

A compaixão de Jesus é o centro de nosso texto… A partir da compaixão é que se edifica a comunidade, se vive o reino de amor e justiça. Aí está o motivo para sermos comunidade, pois ali nos encontramos, nos olhamos, nos enxergamos, nos sentimos, temos uma convivência de proximidade, podemos conversar, nos conhecer, exercitar empatia, se visitar, se ajudar e estender esta ajuda as demais pessoas que carecem de cuidado e amparo. Em comunidade fortalecemos o pertencimento (e não a posse) e o comprometimento mútuo…

Quando a comunidade é edificada a partir da compaixão, ela serve. Pessoas cristãs olham para as que estão desamparadas, perdidas, angustiadas, em sofrimento, com o mesmo olhar de compaixão que Jesus as olhou e se aproximou, amou, ensinou, curou, restaurou, serviu…

É no serviço em amor, no agir diaconal da comunidade, que a transformação de vidas acontece, pois é nossa resposta ao agir de compaixão que Deus, em Jesus Cristo, teve por nós… É na Diaconia que a missão de Deus se concretiza, nós somos parte dela. Afinal, Deus nos ama, por isso amamos!

Como pessoas que estão sob o olhar de compaixão de Jesus, temos seu Ministério como inspirador, como modelo para assumirmos o envio que Ele nos fez e darmos continuidade à sua obra.

É o amor que possibilitará que sempre nos reencontremos em nossa vida comunitária e assim nos fortalecermos para, com amor, compaixão e empatia, darmos continuidade a obra de Jesus Cristo no mundo.

“…A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus”. Filipenses 4.7. Amém.


Pastor Marcos Aurélio de Oliveira.

Chapecó – Santa Catarina (Brasilien)

E-mail: marcos@luteranos.com.br

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