7º Domingo da Páscoa

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7º Domingo da Páscoa

7º Domingo da Páscoa – 24 de maio de 2020 | Prédica sobre Salmo 68 | Claus Martin Dreher |

“Eis a procissão do Rei, nosso Deus,
/: ao seu santuário seguido dos seus. :/
Uni-vos em coros, a Deus bendizei,
/: vós moços e idosos, cantai vosso Rei! :/
Reprime os ferozes, os fortes que exploram,
/: que oprimem teus pobres e a guerra promovem. :/
Do sul e do norte os povos se achegam,
/: humildes se dobram, a ti, Deus, adoram. :/
Cantai ao Senhor, ó reinos da terra,
/: ao Deus poderoso, que tudo governa! :/
Seu grande poder nos céus resplandece,
/: Ele é nosso Deus, que nos fortalece! :/”
(HPD2 387; LCI )

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus o Pai e a comunhão que nos concede o Espírito Santo sejam conosco, hoje e sempre. Amém.

Prezados irmãos e irmãs em Cristo,

O Salmo 68.1-10, 32-35, previsto para este 7º Domingo da Páscoa, na linguagem litúrgica denominado Exaudi,  nos convida a cantar e louvar ao nosso Deus, que nos fortalece, como diz o hino acima. O Salmista – muitos apontam para o próprio rei Davi – canta a vitória da vida sobre os fortes sinais da morte, a vitória de Deus sobre os seus inimigos. Os sinais dessa vitória fazem parte da sua história com o seu povo e estão na libertação desse povo do Egito, na condução pelo deserto e na concessão da terra prometida, rumo ao louvor e à glória a Deus celebradas no Templo.

A glória para Jesus passa pelo seu sofrimento na cruz, em nosso favor; esse é o lugar da sua vitória, glória e autoridade. E a cruz da morte e da tortura se torna em bandeira da vitória na ressurreição, “sinal mais claro e luzente, erguido por Cristo Jesus!” (HPD 165; LCI 582). Há sinais de paz e de graça!

Especialmente hoje, em meio aos muitos sinais concretos de morte ao nosso redor, o Salmo deste Domingo convida que nos alegremos e cantemos sinais de paz e de graça durante a provação, sinais da Vida que vence a morte e da vitória, pela qual temos a agradecer somente a Deus que nos conduz pelo deserto, hasteada a bandeira da vida! Um Salmo é cântico de melodia desconhecida e o Salmo deste Domingo acabou me fazendo lembrar de outros textos e melodias que conhecemos; lembro, aqui, de uma canção de Lulu Santos: “Existirá em todo porto tremulará a velha bandeira da vida. Acenderá todo farol iluminará uma ponta de esperança. (…) Desafiando de vez a noção na qual se crê que o inferno é aqui. Existirá e toda raça então experimentará pra todo mal, a cura!”

Em nossos dias lastimamos a dificuldade de conduzir os propósitos de enfrentamento à COVID-19 por muitos de nossos governantes, também mundo afora e desde o início do que se tornou essa pandemia. O Salmista fala de uma procissão, um marcha organizada, que alinha todas as tribos e povos, a frente da qual está o próprio Deus, à qual também nós estamos convidados, convidadas. Diante da força organizada acontece o que o Salmista diz: “Deus se levanta e espalha os seus inimigos; os que o odeiam são derrotados e fogem da sua presença. Ele os espalha como a fumaça que desaparece no ar. Os maus se acabam na presença de Deus como a cera se derrete perto do fogo.” (v. 1s) – os inimigos são obrigados a bater em retirada.

Adiante, a ação de Deus em favor de toda a Vida nos aproxima, novamente, da fé em Cristo, quando o vitorioso é apresentado como aquele que “cuida dos órfãos e protege as viúvas. (…) dá aos abandonados um lar onde eles podem viver e liberta os cativos para que vivam livres e felizes.” (v. 5s). O Verdadeiro Rei protege as pessoas indefesas, defende as oprimidas e faz justiça às injustiçadas. Comunhão, justiça e prosperidade são sinais da sua vitória. Deus conduz seu povo pelo tempo de deserto e sua chuva renova as forças da terra cansada que alimenta o povo (v.7ss); nós cantamos em outro hino: “Chuvas de bênçãos, chuvas de bênçãos dos céus! Gotas benditas já temos; chuvas pedimos a Deus.” (HPD 119; LCI 290).

A imagem de Deus que nos é apresentada no Salmo 68 impressiona desde o início: Deus que cavalga sobre as nuvens, vitorioso (v. 4). À época, outros cavaleiros vitoriosos eram apresentados ao povo, o deus Baal, por exemplo, por isso o Salmo descreve o poder daquele que obtém a verdadeira vitória, a vitória eterna da vida sobre a morte, e estabelece seu Reino, nossa herança. Assim, por Jesus Cristo, ele nos fortalece e encoraja, também hoje, e acaba com o poder da morte, que não tem mais a última palavra. Jesus não cavalga nas nuvens; ele é aquele que caminha conosco, que vai a frente de nós na procissão, que nos orienta e indica o caminho, a verdade e a vida, com pé no chão, na nossa realidade. Para ele toda a Vida tem valor imensurável, a vida da viúva, do órfão, de quem vê seu lar desabar, de quem sofre injustiça, a tua e a minha vida são importantes; com ele, de fato, ninguém fica para trás, nossa história na memória de Deus não se resume aos números e percentuais terríveis de nosso tempo. Há um só Rei a ser seguido em direção à Vitória, não nos deixemos iludir por “salvadores da pátria”, nem ontem, nem hoje, nem no futuro; somente o nosso Rei pode abrir nosso olhos e nos fazer dar atenção ao irmão e à irmã que sofrem (HPD 165; LCI 582). É Deus quem vence e liberta; ele nos faz companhia e mantém a alegria em tempos de aflição, por meio dos seus pequenos sinais, nunca antes tão valiosos. Ele é nosso Deus, que nos fortalece!

E a paz de Deus que supera todo o entendimento humano, guardará corações e mentes, em Cristo Jesus. Amém.

 

P. Claus Martin Dreher
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasilien
clausdreher@mluther.org.br

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