Marcos 1.14-20

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Marcos 1.14-20

PRÉDICA PARA O 3º DOMINGO APÓS EPIFANIA | 21 de janeiro de 2024 | Texto de prédica: Mc 1.14-20 | Leituras: Sl 62.5-12; Jn 3.1-5,10 | Teobaldo Witter |

Vivemos em tempos da Epifania. Epifania é época em que celebramos a revelação de

Jesus Cristo. É a luz se sobrepondo às trevas. Jesus, o Filho Amado de Deus, é apresentado,

publicamente. E ele se aproxima do mundo. E encarna no mundo.

Na prática de evangelização, Jesus se aproxima do povo, na Galileia e outras regiões.

Ele vai ao mercado popular, à feira, à praça, às ruas ou em qualquer outro lugar onde as

pessoas se encontram. Há experiências muito significativas que tenho no estudo do texto de

Marcos na aproximação da mensagem complexa e libertadora.

Em Atos dos Apóstolos,  há relatos de práticas muito

boas. A Igreja de Jesus começa pequena. São bem poucas as pessoas que iniciam a

comunidade de Jesus. No ímpeto do Espírito Santo, em Pentecostes, ela anuncia tempo de

graça, de movimento, de caminhadas e de dificuldades. Ir de casa em casa, repartir o pão, ler e

estudar a Palavra e fazer orações em conjunto são realidades do dia a dia. Atos é Igreja do

Espírito de Deus. A vivência da fé, o testemunho e a pregação pública do Evangelho são

expressões do amor de Deus. As marcas da comunidade são diversas, mas estão em evidência

o movimento, o caminho, a casa, a comunhão de mesa. Nesta comunidade estão juntos a

evangelização e a missão. São práticas reconhecidas na Igreja, na sua história, também entre

nós. “Chegar e pegar juntos” me parece ser o tema recorrente.

Os textos bíblicos aqui mencionados tratam da vida como ela é, isto é, complexa, de

crises e conflitos. Mas a fé, o cuidado, a esperança, o amor e o compromisso cristão são

superação de crises. Nem sempre dá certo, mas é o entendimento que os conflitos e crises não

vencem Deus que anima na vida em comunidade. Nele a comunidade pode confiar. É Deus

quem mantém a fidelidade do Reino de Deus. Gosto de pregar a partir deste texto. Tenho

apreço pela mensagem do texto bíblico de Marcos. Ela é densa, simples, inteligível. Mas

complexa. Basicamente, compreende três aspectos:

  1. Depois que João foi preso. Por mencionar a prisão de João, ela deve ser considerada

como ponto importante para compreensão da pregação e vida de Jesus Cristo. Que

compreensões sua comunidade tem sobre pessoas presas?

O fato histórico da prisão de João está narrado em Marcos 6.14.29. A pregação de João

provoca conflitos e discussões no palácio do rei Herodes. E Jesus se interessa pela mensagem

de João. O assunto não somente lhe interessa, mas, também, ele assume as dores de João, que

são, também, as dores humanas. O caminho do Reino do Pai é bem compreensível. E provoca

prisões e mortes. Preparar o caminho do Senhor significa, também, deixar se encontrar por

Deus que nos prepara para a reconciliação, mediante arrependimento e perdão.

Jesus evangelizou na Galilleia. Nesta região havia povos acuados. Jesus anunciou a boa

notícia. O seu amor não aguenta em silêncio o sofrimento de João e deste povo. Jesus

misericordioso ama e sofre junto com as pessoas em crise que sofrem as dores humanas.

  1. O que Jesus quer? Ele quer que as pessoas tenham o conhecimento e percebam os

sinais do tempo. A hora chegou (tem a ver com a prisão de João). O Reino de Deus está

chegando. Ele é a negação de todos os outros reinos humanos. Enquanto estes se alimentam da violência, das prisões, da religiosidade hipócrita, fingida (raças de víboras- Mt 3.7), aquele serealiza por Deus na fidelidade à aliança. Seu Reino é de justiça (Mt 6.33) e misericórdia (Mt

5.7). O seu Reino é onde o poder está a serviço “Porque o Filho do homem também não veio

para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos ( Mc 10.45). A

diaconia, o serviço é pleno, transformador de vidas e estruturas. Significa gastar a sua vida

pela salvação do outro, da outra. A Comunidade, dificilmente, dará sua vida. Isso Jesus já fez

por completo, perfeito, plena e definitivamente. Mas ela vai viver ou gastar sua energia, sua

vida no reino de Deus que está chegando. O Reino significa alegria e felicidade. A mensagem

de vida e salvação de Jesus Cristo conduz ao arrependimento e perdão. Cria-se, então, a

comunhão comunitária ou comunhão dos santos Batismo e Ceia do Senhor (Conforme Martim

Lutero, Catecismo Menor, segunda parte).

  1. O Reino de Deus, pregado e vivido por Jesus Cristo, supõe seguimento. Jesus

anuncia a mensagem da salvação e, imediatamente, chama discípulos. No texto da leitura, são

chamados Simão Pedro, André, Tiago e João. Jesus lhes ensinou como seres pescadores de

gente, isto é, aprender e viver como seus discípulos.

Enquanto está caminhando, Jesus faz o chamado. Vocaciona pescadores. Organiza um

grupo de pessoas e faz o ensino cristão. Lembrando que ser pescador no tempo de Jesus era

uma questão importante. Pescadores eram considerados pessoas com bpm conhecimento da

terra, da água, profundidade e movimento da água e dos peixes. Nem todas as pessoas tinham

a arte de pescar. Peixes são invisíveis nas profundezas da água. Algumas pessoas tinham mais

habilidades em pescá-los. Jesus aproveita os dons disponíveis na pescaria para constituir sua

igreja. Marcos tem certa prioridade em fazer discípulos e seguir no caminho de Jesus.

A igreja é criatura de Deus composta pela comunhão de pessoas que ele chama, ensina,

vocaciona, que o seguem e vivem em comunhão. A IECLB, por exemplo, é uma igreja de

seguidores e seguidoras de Jesus Cristo.

Estamos sendo chamados para o arrependimento e a fé: A mensagem, tanto de João

Batista quanto de Jesus, era a proximidade do reino de Deus, a manifestação da salvação por

aquele que criou todas as coisas. Diante dessa iminente manifestação, encontra-se o devido

preparo para chegada do Reino. A proclamação é firme: “arrependei-vos e crede no

evangelho”. Arrependimento e fé são fundamentais na vida e na convivência em comunidade.

Muitas vezes, as pessoas não gostam de ouvir ou falar de arrependimento, porque precisam

superior vaidades humanas. Mas é a base para a reconciliação e atendimento ao chamado de Jesus. Na comunidade, na prática da missão e evangelização não tem muitas alternativas, além de chegar junto, estar junto, pegar junto com o povo e a comunidade de Jesus.

Jesus é graça de Deus. Busca arrependimento, perdão, vida e salvação. O sacrifício vicário de

Jesus Cristo se opõe radicalmente à religiosidade meritória, sacrificial, retributiva. O caminho é outro.

Anunciado por João, Jesus Cristo é o caminho da salvação, mediante arrependimento e perdão dos pecados (Mc 1.4b). Ele é a luz que ilumina o mundo, o sal saboroso, o amor que contagia, a

misericórdia que salva, a solidariedade que acolhe, a fé que congrega. Amém.

P.P. Teobaldo Witter

Cuiabá – Mato Grosso (Brasilien)

twitter@terra.com.br

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