1º DOMINGO APÓS EPIFANIA

Sitio / Bibel / Nuevo Testamento / 04) Juan / 1º DOMINGO APÓS EPIFANIA
1º DOMINGO APÓS EPIFANIA

PRÉDICA PARA O  1º DOMINGO APÓS EPIFANIA  |  10 de janeiro de 2021-01-11 | Texto da prédica:  João 1.43-51 | Anelise Lengler Abendroth |

Hoje quero iniciar esta pregação com uma pergunta:

– Como você se tornou membro desta Igreja, desta Comunidade Cristã?

Talvez a grande maioria de nós, foi pelo batismo. Nascemos em famílias evangélicas de confissão luterana. Aprendemos a fé deste a mais tenra idade, através dos costumes e tradições em nossas casas. Foram nossos pais, mães, avós, padrinhos, madrinhas que nos conduziram no caminho da fé cristã. Outros/as se tornaram membros da Comunidade pelo casamento, por optarem por uma confissão e, a partir daí, conheceram e passaram a seguir a mesma tradição.

Vivemos num tempo em grandes e rápidas transformações. Casamentos quase não são mais celebrados e as pessoas não optam mais por uma confissão. Muitos nem mantêm mais seus vínculos de pertença a uma Comunidade, pois os vínculos, as relações estão frágeis, muito voláteis.

Pois quero lhes trazer algo que aconteceu comigo: enquanto pastora numa Comunidade, quando alguém pedia o desligamento para seguir outro credo ou se mudava de cidade, era preciso conversar com o pastor ou pastora. Pois certo dia, um homem, pintor de profissão, veio ao escritório pastoral e pediu o seu desligamento da Comunidade. Quando perguntei se havia um motivo ou alguma queixa, ele me respondeu o seguinte:

“- Eu venho de família desta igreja. Fui batizado, fiz a confirmação, e, uma vez ao ano, eu ia na Santa Ceia, pois foi assim que aprendi dos meus pais. Sei rezar o Pai Nosso e mantenho a contribuição em dia. Sempre pensei que isto era o suficiente para ser cristão. Mas meu trabalho, fez com que eu encontrasse um colega que me convidou para participar de encontros bíblicos na sua Comunidade. No início, eu não fui. Achei que não era certo, que essas outras igrejas só querem o dinheiro da gente. Mas com a insistência dele, eu fui. Pastora! – disse ele – eu descobri a Bíblia, a Palavra de Deus! Quanta coisa tem nela! Tudo que a gente precisa pra vida. Eu encontrei Jesus! E eu fui tão bem aceito, fiz tantas amizades que me ajudam realmente, que resolvi me tornar membro desta Comunidade. Não tenho queixa da minha igreja de origem. Foi assim que aprendi. Mas viver a fé como eu vivia, não chega!

Prontamente, eu assinei o seu desligamento, mas com um aperto de mão eu lhe disse:

“- As portas desta igreja estarão sempre abertas para você, e não deixe de testemunhar este grande acontecimento no teu viver, uma verdadeira Epifania!”.

Jesus chama a Filipe: “- Venha comigo!”. Filipe vai contar a Natanael que encontraram o Messias, aquele que foi prometido ao povo de Israel, Jesus o filho de José, da cidade de Nazaré.  Como um judeu devoto e sincero, Natanael expressa sua dúvida: Pode sair algo bom de Nazaré? Não era isto que estava previsto nas Escrituras. Então, Filipe o chama: “-Venha ver!”.

O diálogo que segue entre Jesus e Natanael é emblemático: pois ele é surpreendido pelo conhecimento que Jesus tem dele. Ele o conhece e sabe o que se passa em seu interior.

Esta revelação faz com que Natanael formule uma confissão de fé. Realmente, Jesus é o Messias, o Filho de Deus, o Rei de Israel.

Podemos refletir sobre muitos aspectos deste texto, porém gostaria de elencar apenas estes:

  • Assim como no exemplo de vida que partilhei com vocês, muitas vezes o conhecer a Jesus se dá através da mediação, do convite, do levar alguém junto, de aproximar as pessoas da Comunidade e da sua missão.

Embora hoje em dia, o acesso à informação, aos cultos e mensagens online e as redes sociais estejam tão à mão, nada substitui as relações reais, o olho no olho, a mão amiga, a presença constante, a empatia.

Falar da nossa Comunidade, descrever o que aqui se faz, resumir a sua confissão, postar fotos, não se compara a presença real, ao vivenciar momentos e tempos que marcam nosso viver, em momentos bons e alegres, como em momentos de pesar, de dúvidas, de perdas.

“Venha ver! Venha comigo!” Este convite precisa ser feito. Há pessoas cujos corações são sinceros, porém ainda necessitam da Epifania, do deixar Jesus se manifestar.

  • Hoje, quando conversamos sobre os mais variados assuntos, há pessoas que não ouvem o que dizemos, pois elas estão tão convictas do que recebem via internet que parece que sabem tudo. São especialistas no assunto e o restante está errado. Neste caso, o conhecimento se torna uma barreira que parece colocar alguns num pedestal de superioridade e outros como seres inferiores, nem dignos de atenção.

Pois Natanael conhecia as Escrituras e a Lei de Moisés. Tinha coração sincero. Procurava seguir os ensinamentos. Diante das palavras de Filipe, seu amigo, ele sente dúvida, pois não se esperava o Messias da região da Galileia. No entanto, ele aceita e convite, vai e vê com seus próprios olhos. Essa abertura a uma nova experiência, um outro conhecimento, o levou a ter acesso à revelação de Deus em Jesus.

Em tempos de tantas informações, e muitas delas absolutamente falsas com ares de verdade, nós precisamos de conhecimento fundamentado. Não basta ouvir dizer!

Se conhecemos os fundamentos da nossa fé, então podemos dialogar com as mais diferentes crenças e ideias, por mais que elas nos coloquem em dúvida, às vezes. Não basta ser batizado(a), ser confirmado(a), celebrar cultos, ir na Santa Ceia… As tradições e a cultura nos ajudam a lembrar e marcar datas significativas, mas precisamos de águas mais profundas e límpidas. A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. E a Palavra de Deus aponta para o centro, para Cristo. Ela revela quem é o nosso Deus. Não o César, o nosso ídolo, o grande mágico. A Palavra revela o nosso Deus e o que Ele quer para nós e para o mundo através das atitudes, dos gestos de amor e de misericórdia de Jesus. Este é o rosto de Deus no mundo!

  • Jesus é maior do que aquilo que sabemos dele. A vivência da fé faz com que tenhamos sempre novas experiências. Natanael tornou-se discípulo de Jesus, testemunhando e aprendendo. Ele pôde ver a transformação que Jesus trazia nas suas curas, nos seus ensinamentos, nos seus milagres. Ele pôde testemunhar o amor e o servir comprometido de Jesus com as pessoas, suas necessidades, suas prisões. E esta caminhada não foi apenas de flores e alegrias, ele viu Jesus confrontar as forças do império romano e mostrar um novo projeto, um novo jeito, o do Reino de Deus. Assim também nós somos convidados(as) a aceitar o convite em Comunidade, para experimentar a presença e a ação de Deus na vida das pessoas e da nossa de tudo o que oprime e causa sofrimento.

Natanael nos surpreende. Ele representa a abertura, apesar da dúvida, para compreender o que Deus quer para o seu povo, mesmo quando Sua vontade é diferente da nossa e questiona nossas certezas e preconceitos. Amém.

Pa. Anelise Lengler Abendroth

Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul, Brasilien

anelisevilmar@gmail.com

es_ESEspañol