Atos dos Apóstolos 2.14;22-32

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Atos dos Apóstolos 2.14;22-32

PRÉDICA PARA O 1º DOMINGO DEPOIS DA PÁSDCOA | 16.04.2023 | Atos dos Apóstolos 2.14; 22-32 | Werner Kiefer |

Introdução

 A vida é marcada de muitos acontecimentos. A pergunta é, tudo o que ouvimos e vemos, de fato, compreendemos? Palavras ditas, atitudes que pessoas tiveram conosco, jeitos com que expressaram a sua forma de ser, será que fez algum sentido a nossa vida? Algumas coisas, compreendemos, outras, achamos que foram bobagens. Isto não colou, absurdo foi aquele ensino, aquela atitude. Lembro de uma passagem que faz parte da semana santa, quando Jesus lava os pés dos discípulos, pergunta aos seus discípulos: Vocês entendem o que lhes fiz? (João 13.12) De fato, será que naquele momento entenderam, nós entendemos? Imagine agora o seguinte: o amigo com o qual você caminhou por um longo tempo, acabou de falecer. O luto toma conta do teu ser. Aos poucos você vai elaborando esta perda, olhando do fim, para trás. Meditando nas palavras ditas, práticas deste seu amigo. Talvez você começa a compreender algo que era insignificante, agora torna-se cheio de sentido a existência. Ou seja, na dor, na ausência, no fim se faz a construção de um novo caminho. O luto pode também ser um campo fértil de possibilidades para a continuidade da vida. Olhar para trás, faz bem, não como algo nostálgico, mas pode estar também cheio de sentido para viver o presente. Talvez isto nos lembre a famosa frase de Kierkegaard: A vida só pode ser compreendida olhando para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente. Chego assim, ao texto bíblico deste tempo da Páscoa. Este fato só pode ser compreendido, olhando para trás, para o túmulo vazio. Jesus ressuscitou. Esta mensagem, agora, só pode ser vivida, olhando para o presente e o futuro. Páscoa nos abre um vasto horizonte para ser vivido, olhando para frente, sem tirar o olho no retrovisor da nossa caminhada, lembrando das palavras reveladas pelo Filho de Deus. Atos 2.22ª-32 Olhamos para trás, temos um fato: O Cristo crucificado, ressuscitou da morte para a vida eterna. No nosso retrovisor, vemos agora uma sepultura vazia. Jesus falou aos seus discípulos, três vezes que o Filho do Homem seria crucificado e ressuscitado no terceiro dia. Certamente estes ouvintes de Jesus devem ter achado, mais uma loucura desse nosso mestre. Que loucura, que escândalo, filho de Deus morto na cruz. Ressuscitar, impossível. Vemos pessoas falecerem e serem sepultadas ou cremadas. Isto compreendemos com os nossos olhos, presenciando despedidas de nossos entes queridos(as). Esta é a realidade. Agora brota uma nova situação, a sepultura de Jesus está vazia. Sim, alguns dirão, quem sabe, resolveram cremar o corpo de Jesus. Juntamente com os céticos e desconfiados aparece Tomé, mesmo sendo discípulo, que vai dizer: não acredito na ressurreição de Jesus. O que temos presente na vida da comunidade, sentimento de luto, sentimentos confusos, falta de perspectivas para o presente. Sim, a sepultura de Jesus está vazia. Mas só isto ainda não prova que o nosso Mestre tenha ressuscitado. A sepultura vazia não estimula a continuar falar do amor de Deus. Antes levanta suspeitas, teorias sobre a vida de Jesus. A sepultura vazia não impulsiona a continuidade da missão de Deus no mundo. A continuidade na caminhada da fé precisa ter um olho no Antes, continuidade na caminhada da fé precisa ter um olho no retrovisor, outro voltado para frente. Olhar para o passado é relembrar palavras de Jesus que foram ditas e talvez não compreendidas. Neste olhar, cheio de incertezas e desconfianças, vem o Espírito Santo sobre a comunidade de Jesus, estes recebem ânimo para sair da indiferença e agora, olhar para frente, viver o que Jesus tinha revelado, até então não compreendido plenamente. Deus vem empoderar os seus discípulos através do Espírito Santo, que vão falar das coisas do passado com profundo sentido para o presente e o futuro de nossa existência. O apóstolo Pedro, líder da comunidade vem esclarecer os fatos de tal forma que as coisas que aconteceram não se tornem numa fábula ou historinha qualquer. E assim, surge a primeira prédica da era cristã. E qual é o tema? – Jesus de Nazaré, o Cristo, o Ungido e enviado de Deus. O que Pedro prega sobre ele? Ouçamos: „Jesus Cristo, aprovado e mandado por Deus, viveu entre vocês, e através dele Deus fez muitos milagres e coisas maravilhosas. Mas vocês o rejeitaram e entregaram na mão de pessoas más, que o crucificaram.“ Pessoas não compreenderam as palavras, as atitudes de Jesus. Quem sabe, agora através desta pregação que fala da morte e ressurreição de Jesus, possa fazer sentido a nossa gente. Veja, não é a sepultura vazia que vai despertar para a fé em Cristo, mas é a Palavra que vai sendo pregada e testemunhada pelos apóstolos. A Palavra que vai ressignificar a vida, vai colocar sentido para o presente. Veja, se o túmulo nos suscitasse a fé, certamente teríamos que ir, pelo menos uma vez a Jerusalém. Posso crer, creio porque a Palavra me faz agora compreender os planos de Deus, posso deixar de viver na ignorância tal qual aqueles que crucificaram Jesus. A Palavra transforma, faz compreender o passado e o presente, ilumina a nossa caminhada, dá clareza. Deus, ressuscitando Jesus Cristo, tomou o mal que fizeram a ele e pelo qual mereciam a morte, transformando-o em vida e salvação. Certamente esta é a nossa dificuldade em entender o evangelho num contexto de violência, vingança, intolerância e morte que nos envolve diariamente. Jesus pagou o mal com o bem da sua própria vida. Veja o sentido da Pregação da Palavra, ela reorganiza a vida da comunidade, vem ressignificar a fé, faz olhar para frente, uma vida com sentido diante da dimensão da eternidade, da morte que foi vencida pelo Cristo. Esta pregação de Pedro faz lembrar quando nós, estamos diante de um momento difícil de nossas vidas: despedida de um ente querido(a). A Palavra que vai sendo pregada, não tira a nossa dor, mas nos ajuda também a olhar para frente. Porque em nosso retrovisor está presente um Cristo que venceu agora também a nossa morte. A Palavra reorganiza o nosso caos, a nossa dor, dando esperança que brota da Ressurreição. Sem Pregação a vida cristã sucumbe. Aliás, vida cristã pressupõe pregação. Não seremos luz do mundo e nem sal da terra. Por isso, precisamos de um Pedro, Tiago, João e tantos outros(as), ministros(as) que estão presentes em nossas comunidades. Há um serviço que acontece para a Missão de Deus, para o qual todos(as) somos chamados. Batismo nos coloca participantes da missão de Deus. Somos sacerdotes e sacerdotisas no desempenho desta tarefa. Talvez chegue à conclusão de que esta palavra faz sentido à minha vida. Então, confesse, hoje claramente a sua fé com as palavras do Credo Apostólico. Esta confissão será uma resposta a Deus. Através dela acontece diariamente uma conversão a Deus. Quem faz o papel de Pedro hoje em nossas famílias, no dia a dia de nossa caminhada, que vai tomar a frente e recontar a história da salvação que Deus faz acontecer a partir de Jesus Cristo? Veja, a tarefa dos discípulos não é provar a ressurreição de Jesus através de uma teoria. Mas contar, testemunhar o que viram, ouviram e receberam de Jesus. O Espírito Santo nos conduz à fé, o mesmo que animou a Jesus e as primeiras comunidades a proclamar o não definitivo de Deus à morte e o seu sim definitivo à vida. A experiência da fé, por sua vez, será capaz de nos fazer enxergar a vida e a morte a partir da perspectiva de Deus. Só ela será capaz de inverter a equação: não ver para crer, mas crer para ver o que Deus pode fazer em nome de seu amor irrenunciável em favor da vida — e vida plena — de suas criaturas. Que o Espírito Santo nos capacite para um testemunho impactante do amor de Deus por toda a sua criação, libertando-nos do tempo da ignorância. Para tanto, que a Pregação, o ouvir da Palavra seja tão essencial tal qual o pão nosso de cada dia. Amém

  1. Werner Kiefer

Ivoti – Rio Grande do Sul (Brasilien)

pwkiefer@hotmail.com

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