Joao 10.11-18

Joao 10.11-18

PRÉDICA PARA O 4º DOMINGO DA PÁSCOA | 21.04.2024 | Joao 10.11-18 | Nilton Giese |

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo ….

Com a palavra „pastor“ se designava no Antigo Oriente, com frequência, também os reis. Entre os egípcios, os reis eram representados com os dois distintivos do pastor: o açoite (ou espanta-moscas) e o cajado. Tanto na arte da Mesopotâmia como na grega encontra-se a figura do pastor carregando nos ombros um cordeiro; o deus grego Hermes foi representado levando um carneiro.

No Antigo Testamento Deus encomenda a Davi a tarefa de pastorear o seu povo Israel (2Sm 5,2) e os príncipes do povo frequentemente são comparados com pastores. Mas o profeta Ezequiel chama a atenção para os dirigentes de Israel -que se apascentam a si mesmos em lugar de apascentar as suas ovelhas. Profetize contra eles e diga  que eu – o Senhor Deus – estou dizendo o seguinte: Vocês, autoridades, são os pastores de Isarel. Ai de vocês pois cuidam de vocês mesmos, mas nunca tomam conta do rebanho. (Ez 34.2).

As primeiras comunidades cristãs utilizam esta imagem para representar Jesus como bom pastor ou numa tradução mais adequada, como „modelo de pastor“. O pastor modelo se define porque dá sua vida em função das ovelhas. Quem não ama as ovelhas até esse extremo não é bom pastor.

A relação do pastor-Jesus com as ovelhas-povo é uma relação pessoal e recíproca de conhecimento profundo e íntimo (Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem). Conhecer a Jesus significa experimentar seu amor e identificar-se com sua pessoa e atividade. Esta relação de conhecimento-amor é tão profunda que Jesus a compara com a relação existente entre ele e o Pai.

O rebanho de Jesus, no entanto, não se limita ao povo de Israel, pois Jesus proclama que tem outras ovelhas que não são desse redil (recinto). Ele tem outras ovelhas que não são do povo de Israel, pois pertencem ao a outros lugares do mundo e vieram para formar uma nova comunidade humana que não se limita somente aos judeus, mas que se estende a todos sem distinção de raça, credo ou condição social.

O evangelista João destaca a Jesus como o pastor modelo, que fortalece as ovelhas fracas, cura as doentes, procura as desgarradas e busca as perdidas. Jesus cuida de suas ovelhas. O cuidado inclui o total empenho por elas, a ponto de arriscar e entregar sua vida.

Jesus foi um ser de cuidado. Ele mesmo se autodenomina como aquele que serve, como diácono (Mc 10.45), e servir inclui cuidado. Jesus mostrou cuidado especial para com os pobres, os famintos, os discriminados e os doentes. O cuidado de Jesus para com as pessoas é percebido em suas palavras e ações, pois elas demonstravam afeto, misericórdia, amor, respeito, atenção, zelo, acolhimento, valorização do ser humano, sensibilidade para com a dor, preocupação com a vida. Enfim, Jesus cuida da vida do ser humano (O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; mas eu vim para que as ovelhas tenham vida e vida em abundância – Jo 10.10). Jesus teve cuidado para com a vida integral do ser humano. Por isso, da ação de cuidado de Jesus,  também faz parte a luta contra a injustiça, a opressão, a exclusão.

Esse cuidado de Jesus para com todos nós está baseado no amor. A fonte desse amor é o Pai. Esse ama Jesus, e Jesus ama os que são do Pai.

Contudo, não é somente Jesus/Deus quem cuida. Os seguidores e seguidoras de Jesus também são chamados a cuidar. Uma maneira importante de mostrar a qualidade de nossa fé em Jesus é o cuidado que temos com as ovelhas mais fracas. O apostolo Paulo expressa em 1 Coríntios 12.12-31, que as pessoas na Comunidade/Igreja precisam cooperar uns com os outros. Seguir a Jesus significa seguir as pisadas do Mestre: acolher o diferente e excluído, incluir, amar, conhecer e dar-se a conhecer. “Assim como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15).

Por isso, Jesus nos chama hoje a auxiliá-lo no pastoreio. Ser uma igreja/comunidade que  fortalece as pessoas fracas;  que auxilia as doentes em busca de cura; que alimenta as famintas; que dá água às sedentas; que afasta e se cuida diante dos perigo de vida e que traz de volta as desgarradas.

Lembremos que esse pastorear não diz respeito apenas às “ovelhas desse aprisco”, da comunidade, mas a todas as “ovelhas”, sem nenhuma restrição.

Nas primeiras Comunidades cristãs, esse pastorear – sem restrições – provocou questionamentos por parte de algumas pessoas. Jesus e Paulo também foram questionados por pessoas que queriam colocar regras para o acesso das pessoas a Comunidade cristã. Contudo, os apóstolos sempre tiveram em sua mente a certeza de que Jesus é o modelo de pastor, e que Ele é o fundamento de nossa vida, a pedra angular (At 4.5-12) sobre a qual depositamos nossa fé e que por meio dele podemos “empenhar nossa vida” no cuidado para com o próximo.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos e todas nós. Amém.

Nilton Giese
Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Igreja de Cristo
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