Mateus 20.1-16

Mateus 20.1-16

PRÉDICA – 17º Domingo após Pentecostes – 24.09.2023 | Mateus 20.1-16 | Leituras: AT Jonas 3.10-4.11 Epist. : Fil. 1.21-30 | Valdemar Lückemeyer |

Prezada irmã, prezado irmão! Quero convidá-lo para fazermos um exercício de imaginação: vamos imaginar que você e eu estamos entre estes trabalhadores que quase no fim do dia estavam aí na praça sem trabalhar! Você e eu esperando alguém que nos chamasse para o trabalho – sim, para o trabalho, pois é por isso que estamos aí: esperando que alguém nos convocasse para trabalhar! “Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada” (v. 6b)? Não é cruel esta situação de estar aí na praça o dia todo, esperando por um convite, por uma convocação para uma empreitada diária, e o fim do dia vai chegando e nada!! Você e eu, e mais alguns companheiros queremos trabalhar, melhor, precisamos trabalhar para poder comprar comida, para viver, para sobreviver. Mas como obter o “pão de cada dia”, se ficamos de lado, se somos esquecidos? Não estamos aí na praça descansando, estamos aí pois precisamos trabalhar. E você e eu já vimos vários companheiros sendo contratados de manhã bem cedo, outros ainda pouco mais tarde, e por fim ainda alguns no meio da tarde! Eu só posso pensar que eles estavam felizes e agradecidos por alguém ter contratado eles. Assim, o alimento estava garantido por mais um dia. No fim da jornada viria o salário, talvez apenas uns trocadinhos, pouca coisa, mas daria para comprar algo para comer! Eu o convidei, irmã e irmão,  para um exercício de imaginação, lembra? Se eu e você estivéssemos entre estes últimos contratados, não seria motivo de muita alegria? Mas a maior surpresa ainda viria. Nós seríamos os primeiros a receber o pagamento, e receberíamos o pagamento de uma jornada completa, uma diária completa, como se tivéssemos trabalhado desde da manhã cedinho! O que fizemos para o patrão para ele ser tão generoso conosco? Com os primeiros contratados ele foi justo, cumpriu com a sua palavra, com o combinado. Mas quando eles se mostraram insatisfeitos e até invejosos, ele os questionou: “Você está com inveja somente porque eu fui bom para eles” (v.15b)?  Realmente ,  um patrão diferente! Não foi injusto com os primeiros contratados e foi muito generoso e bondoso com os quase esquecidos e sem esperança na praça. Um “paizão”!! Ele agiu assim, porque este era o seu jeito de ser e de agir. Queria o bem de todos. Via a situação dos “esquecidos” , pois tinha olhos e coração para a situação deles. Todos têm, conforme ele, direito à vida, ao trabalho, todos tem o direito de serem tratados como seres humanos, carentes do pão de cada dia, carentes de bondade, de amor. Até aqui destaquei muito o ser e o agir deste patrão. Mas é justamente ele, o patrão, que é a razão do porquê que Jesus contou esta parábola. Jesus usou muito o recurso de ensinar através de parábolas. Como falar do “Reinos dos céus”, como falar de um Deus cheio de bondade, de amor, de compreensão para com todos? “Porque o Reino dos céus é semelhante……” Antes de ressaltar a mensagem específica desta parábola, permitam-me dizer-lhes de quais palavras bíblicas me lembrei ao meditar sobre o jeito de ser e agir deste patrão, paizão. Lembrei-me da palavra bíblica transmitida pelo profeta Isaías: “Deus, o Senhor, diz: Os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês e eu não ajo como vocês. Assim como o céu está muito acima da terra, assim os meus pensamentos e as minhas ações estão muito acima dos seus” (Isaías 55.8s). Deus não age conforme nossa lógica, ele não retribui ou presenteia conforme nosso entendimento e nossa razão. Ele inverte a nossa lógica de pensar, de agir, de perdoar, de aceitar. Jesus fala deste jeito de Deus ao contar a parábola dos trabalhadores na vinha. Deus é assim: no seu Reino, o amor não é medido, o perdão não é colocado na balança, a inveja é trocada pela aceitação mútua! Mais: Deus não tem alegria na desgraça de ninguém, não quer que ninguém se perca: está sempre pronto a perdoar e dar nova vida a todos (veja Jonas e os habitantes de Nínive!). E preciso fazer a pergunta: estes valores do Reino de Deus, são fáceis de serem aplicados e vividos em nosso mundo, em nossos dias? Não, claro que não. Pois onde valem a produção, o mérito, o esforço pessoal, o êxito alcançado pela autodisciplina, não é fácil falar e viver conforme os valores do Reino. Ouço com muita frequência: “Alguns não se esforçam e querem os mesmos direitos!” Ou “emprego tem muito, mas uma boa parte simplesmente não quer trabalhar”! Como é difícil para nós entendermos e aceitarmos a justiça,  a bondade e o amor de Deus, este nosso “Paizão” que quer o bem de todos os seus filhos e suas filhas. Ele chama e convoca a todos para trabalharem na sua vinha, neste vasto mundo que Ele criou e pediu que cuidássemos dele como um jardim. Que bom que ele nos aceita, nos convoca, nos presenteia com a sua bondade. Merecemos esta bondade? Não. Podemos conquistá-la através de sacrifícios, de oferendas, de autodisciplina, de méritos? Não! Ele simplesmente é generoso. Os seus pensamentos não são os nossos pensamentos! Para entendermos isto melhor, ele se tornou um de nós, se revelou ao mundo na pessoa de Jesus. “A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós. Vimos a sua glória, cheia de amor e de verdade” (João 1.14). Olhemos e ouçamos Jesus e vamos ver o Deus-conosco, o Deus que não se afasta dos seus, não se afasta de mim, também não de você.

P.em. Valdemar Lückemeyer

Carazinho – Rio Grande do Sul (Brasilien)

pvluckemeyer@gmail.com

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