Miqueias 5.2 a 5

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Miqueias 5.2 a 5

PRÉDICA PARA O 4. DOMINGO DE ADVENTO | 19 de dezembro de 2021 | Texto bíblico: Miqueias 5.2 a 5| Kurt Rieck |

Estimada comunidade! Que a paz que vem de Cristo possa estar com todos vocês.

É surpreendente observar a gravidez de uma mulher. Temos alguma grávida entre nós? O corpo vai se transformando, carregando consigo muita expectativa. O que há de vir? Será menina ou menino? Como nascerá? Isso é advento. Alguém está por vir. Alguém está por chegar.

Acolhemos neste domingo o texto do Antigo Testamento, do livro de Miquéias, escrito entre os anos 740 a 700 A. C., que profetiza onde o Messias deveria nascer, colocando Belém no centro da história do Cristianismo. Ali também nasceu Davi, há cerca de 1.000 anos A.C.

Foi em Belém que o milagre da encarnação de Deus se deu. Se Jesus tivesse nascido 24 horas antes, ele teria nascido em outra cidade. Na identidade de Jesus Cristo consta que ele é natural de Belém.

A hora da dor. “… tempo em que a que está em dores …”(v.3 RA)

Vamos retornar no tempo. A situação do profeta Miquéias era desesperadora. O povo de Israel estava desmoronando, dominado por outros povos. A capital havia sido destruída. Miquéias condenou a corrupção comum entre os líderes religiosos, bem como as injustiças realizadas pelos que eram encarregados de manter as leis. Ele apontava para o valor da ética e o respeito da vida dos indivíduos e das comunidades. Miquéias clamou por justiça social.

O grito de clamor realizado há mais de 2.700 anos, soa como se fosse hoje. Muda o invólucro, mas o ser humano continua o mesmo. A palavra de Deus continua a mesma. A sua força ressoa em nossos ouvidos. Passam-se milhares de anos, mas a vontade de Deus segue a mesma.

Vejamos a trajetória comum dos governantes na história da humanidade. Seja de esquerda, seja do centro, seja da direita que esteja governando, há um anseio popular para que haja justiça social e o fim da corrupção. Aquele que melhor se apresenta como justo e honesto, vence as eleições. Tomando o poder, faz o jogo de sempre, acobertando seus pares e seguindo as velhas práticas.

Tal qual Miquéias, choramos a hora da dor.

A hora da luz. “… tiver dado à luz” (v. 3 (RA)

Tal qual Miquéias, já se faz presente a luz que nos tira da dor e da escuridão. Não estamos condenados a ficar só com os maus exemplos.

Jerusalém estava flagelada, mas da periferia, de Belém, provém a redenção. Quem está para dar à luz está sentindo dores, mas ao dar à luz, as dores passam. Miquéias traz um juízo radical e o Messias aponta para a graça radical. Numa situação de dificuldade há o anúncio da ação divina que traz consolo e esperança para a comunidade.

Um novo governo se instala. A profecia anunciava que em Belém nasceria aquele que haveria de reinar em Israel. Ele não só reinou em Israel, como segue reinando em todas as partes do planeta onde as pessoas confessam:  “Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Filho de Deus, tornou-se meu Senhor”. Pessoas que se reúnem em torno dessa fé, formam o Reino de Deus. Trata-se de um reinado que está numa visão muito além do que nós pessoas costumamos imaginar. Esse reinado não se restringe a um território ou etnia e não se submete ao jogo dos poderosos de plantão. Ele alcança a todos, indistintamente. Faz com que um sul-americano se sinta irmanado com um chinês. Faz com que um russo encontre num norte-americano um irmão na fé. Assim se constroem relações de fidelidade e confiança, pois as relações buscam um cuidado onde o que é justo se impõe.

É possível reunir o pensamento do profeta nas seguintes palavras: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. (Miqueias 6.8) O Messias que nasceu em Belém mostrou como essas palavras são postas em prática.

“E eles habitarão seguros” (v.4). A fé nos dá coragem e segurança, embora a vida siga num ambiente hostil. Ao nos submetermos ao governo de Jesus, somos impulsionados pela contracultura cristã, que é um movimento rumo à segurança.  O governo de Jesus nos dá uma nova e radical forma de ser. Ele é capaz de provocar um novo começo e estilo de vida.  Ele não pretende o poder, mas quer simplesmente servir. Ele não busca a glória, mas é essencialmente humildade. Ele não quer dominar, mas deseja unicamente apascentar e cuidar.

E ressoa forte as palavras finais do texto previsto: “Este será a nossa paz” (v.5). Este é o próprio Messias. A paz pela qual Miquéias ansiava, é o anseio de todas as pessoas de bem. É aquela paz decorrente do parto finalizado. A luz se deu. Aqui está a criança. Ela é a nossa paz.

Para auxiliar as comunidades cristãs a viver essa paz, somos sustentados por palavras que produzem ação. “Fé, esperança e amor são chamados de virtudes teologais, pois elas são frutos da ação de Deus em nossas vidas. Como Paulo (apóstolo) lembra …, fé requer prática, amor dá trabalho e a esperança pede firmeza, mas onde elas aparecem são sinais de que Deus mesmo está agindo. Não precisamos ficar surpresos nem angustiados se, às vezes, na vida, somos levados à desesperança, à frieza no amor, à indiferença na fé. Porque essas são realidades que experimentamos … “ (Osmar Luiz Witt, in: Castelo Forte 15.11.2021). Na descrição dessas virtudes encontramos verbos que provocam ação.

Fé requer prática. “Andar humildemente com teu Deus“(Mq 6.8). Jesus não precisa de catedrais nem ouro no altar, nem templo de Salomão. Deus se mostra numa estrebaria, onde nada precisa ser ostentado. É no ambiente humilde que a fé se mostra. Dizia Charles H. Spurgeon: “A fé e a obediência são amarrados no mesmo feixe. Aquele que obedece a Deus, crê em Deus; e aquele que crê em Deus obedece a Deus. ”

Amor dá trabalho. “Ele apascentará o povo” (v.4) Viver a paz dá trabalho. Agir em favor de uma pessoa em necessidade dá trabalho. Mobilizar-se em favor de pessoas e famílias que ficaram economicamente vulneráveis em virtude da pandemia que vivenciamos dá trabalho. Ter a iniciativa de liderar ações que combatem a pobreza dá trabalho. Assumir funções que sustentam a vida comunitária dá trabalho. “Não há amor maior do que aquele que se apega onde parece não haver nada mais em que se apegar. ”

Esperança pede firmeza. “Ele se manterá firme…” (v.4). Toda gravidez é enfrentada com esperança. A incógnita estará sempre presente, mas jamais será impedimento de desejar constituir uma família, de desejar ter filhos. A esperança provoca a firmeza que por sua vez encara desafios. “Prefiro ser um simples sonhador entre os humildes, que esperam a realização de seus sonhos, do que senhor entre os que não têm sonhos ou nada aguardam. (G. Khalil Gibran)” .

Esse transcurso entre a hora da dor e a hora da luz permite o nascimento do que tanto foi esperado, o nascimento daquele que „será a nossa paz.” Agora ele não mais será. Hoje Ele é a nossa paz. Ele, Jesus, o Messias com seus ensinamentos e prática age em ambientes com falta de paz e mostra como praticá-la. A força do perdão, da reconciliação, do amor incondicional é capaz de fazer milagres. Ah! Quantas ações de paz estão disponíveis, mas por dar trabalho, preferimos desprezá-las.

Paz ocorre quando …

… nos dobramos para a verdade.

… nos arrependemos da nossa arrogância.

… buscamos o bem da nossa sociedade e dos que conosco vivem.

Paz decorre de um encontro existencial pessoal, com o sagrado e com o próximo. Não é nada etéreo. É algo que começa na estrebaria da nossa existência.

Nos resta deixar um convite: Vamos celebrar aquela paz, que é natural de Belém. Vamos preparar uma grande festa lá onde vivemos e com quem vivemos. Que Deus feito gente seja o único motivo dessa festa. Tenha no seu propósito a presença daquele que é a nossa paz. Deixe de lado tudo que possa nos desvirtuar da verdadeira festa. Temos uma semana pela frente. Prepare, com os seus, esse grande dia, a maior festa da humanidade, para que tenha o rosto do menino Jesus. Amém!

 

P. em. Kurt Rieck

Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Brasilien)

kurtrieck@gmaqil.com

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