PRÉDICA PARA O 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES

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PRÉDICA PARA O 15º DOMINGO APÓS PENTECOSTES

13 de setembro de 2020 |Texto da prédica: Mateus 18, 21-35 |verfasst von Osmar Luiz Witt|

“Graça a vós outros e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” (Rm 1.7b).

Oremos: Senhor, abençoa a pregação da tua Palavra. Permite que ela nos encontre em nossas alegrias ou tristezas e nos conceda aquilo de que temos necessidade. Pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Querida comunidade de Jesus Cristo!

Todo o capítulo dezoito do Evangelho segundo Mateus é um grande “discurso sobre a Igreja”. Ele oferece instruções sobre como deve ser a vida em comunidade: começa com os discípulos perguntando a Jesus sobre quem é o maior no Reino dos céus. E ele responde que maior é a pessoa que se tornar como criança. Depois ensina a não escandalizar os pequeninos. A seguir, Jesus conta a história do pastor de ovelhas que deixa as noventa e nove no pasto para ir atrás daquela uma que se perdeu. Ele não quer que nenhum dos pequeninos se perca. Ensina ainda como realizar a disciplina fraterna entre irmãos e irmãs na fé: “se teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós contigo. Se não te ouvir toma contigo algumas testemunhas, se ainda não for resolvida a questão, leve o assunto para a reunião da comunidade”. Faz o que estiver ao alcance para viver em paz e reconciliado com o semelhante. No trecho seguinte do capítulo 18, Jesus ensina sobre a importância da oração comunitária: “Se dois de vocês estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isto lhes será concedido por meu pai.” E, para concluir, Pedro é instruído sobre a questão do perdão. Sem a prática do perdão, vida em comunidade se torna impossível!

Pedro parece generoso: está disposto a perdoar seu irmão até sete vezes. E pergunta a Jesus se isto é suficiente. Sabemos que o número sete tem um valor simbólico nos textos do NovoTestamento. Ele dá uma idéia de perfeição. Pedro está disposto a buscar esta perfeição. Mas, será a vida em comunidade uma questão de matemática? Qual é a matemática do amor? Pode a bondade ou a generosidade ser calculada? A resposta de Jesus parece mostrar-nos que o amor extrapola a matemática: os discípulos devem aprender a perdoar sempre que alguém busca seu perdão. E, para ilustrar o que está ensinando, Jesus conta a “parábola do devedor e credor implacável”, a qual ouvimos.

É comum a gente ouvir que neste mundo tudo tem seu preço. Tudo tem um valor pelo qual pode ser medido. É necessário que tudo seja quantificado, para saber se estamos tendo prejuízo ou não. Achamos fundamental levar vantagem em tudo o que fazemos. Na lógica do mundo parece que não há lugar para o perdão, pois ele implica que devemos admitir um prejuízo. O servo, inferiorizado pela dívida diante do seu rei, clama por compreensão; pede um prazo maior, tenta renegociar a dívida, como se diz na linguagem econômica. E ele obtém mais do que pede (e isto já supera a lógica de nossas relações!).  Não só recebe um prazo maior, mas o perdão de sua dívida!

Ao reler esta passagem do Novo Testamento, lembrei-me de um pôster que vi há muito tempo, e no qual se podia ler: “Perdoar é devolver ao outro o direito de ser feliz”. O que o servo recebeu de seu rei foi a restauração de sua dignidade, a possibilidade de recomeçar a vida, o direito de ser feliz! Uma dívida de 10 mil talentos era uma coisa tão vultosa, que era impossível qualquer pagamento. (Um denário correspondia ao salário de um dia de trabalho. Um talento correspondia a 6 mil denários. Uma dívida de 10 mil talentos era algo absurdo). E, no entanto, o rei usou de generosidade. Já o servo, que teve restaurada sua vida e a de sua família, não mostrou disposição para agir do mesmo modo com seu companheiro, não aceitou ficar no prejuízo.

Jesus conta uma breve estória tirada do dia-a-dia dos seus ouvintes. Ele demonstra conhecer bem a natureza humana. Nós somos  assim mesmo: buscamos o perdão de Deus, mas temos dificuldades de praticar o perdão nas nossas relações. Queremos a vantagem: receber além do que temos direito. Mas, fugimos do prejuízo de passar o perdão adiante. A gente deveria dar-se conta de que sempre oramos “Pai, perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós também perdoamos aos nossos devedores”. O servo que não soube perdoar ao seu devedor acabou perdendo o perdão recebido. Uma antiga canção expressava isso mais ou menos assim:

Se, ao trazeres tua oferta perante o altar, lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa ali a tua oferta e vai primeiro buscar teu irmão. Deus não aceita a oferta de quem não quer ofertar perdão.

O ministério/o serviço que envolve toda a comunidade cristã foi assim resumido pelo apóstolo Paulo: “No poder do Espírito proclamamos a reconciliação”. Porque Deus nos reconciliou consigo, pagou e apagou a nossa dívida, restituiu-nos a vida, somos enviados e enviadas a proclamar e vivenciar a reconciliação entre nós no mundo. Nem sempre será uma tarefa fácil: será preciso superar rancores e orgulho ferido. Mas, podemos estar certos, não será nenhum prejuízo para a nossa vida, pelo contrário, será um ganho enorme. Pois, nada é mais importante do que a gente poder olhar nos olhos das pessoas e encontrar compreensão, amizade, coração aberto. O perdão que recebemos e que damos adiante possibilita nova vida, reconciliação, paz ao coração. É o que também podemos experimentar quando somos servidos e servidas pelo nosso Senhor em sua Palavra reconciliadora. E a paz de Deus, que é maior do que o nosso entendimento, guarde nossas mentes e corações em Cristo Jesus. Amém.

  1. Dr. Osmar Luiz Witt

São Leopoldo – Rio Grande do Sul, Brasilien

olwitt@est.edu.br

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