Salmos 51:1-17

Salmos 51:1-17

Quarta-feira de Cinzas, 21.02.2007

Predigt zu Salmos 51:1-17, verfasst von Lindolfo Pieper


COMO AGRADAR A DEUS

Salmo 51.17: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”.

Havia certa vez um empresário que tinha um cachorro de estimação. Era um cão de guarda. Este cachorro era tudo para ele. Para onde ele ia, levava junto o cachorro. Se alguém lhe quisesse agradar, era só falar bem do seu cachorro, que logo comprava a sua amizade.

Um empregado, que era novo no emprego e queria subir na vida, logo procurou tirar proveito disso. Cada vez que ele se encontrava com o patrão, falava bem do cachorro dele. Não demorou, ele foi promovido. Era o único empregado que podia entrar na casa dele, pois o patrão freqüentemente o convidava para ir à sua casa para ver o cachorro, o qual dizia estimar muito.

É interessante notar como todo mundo gosta de agradar aos outros, especialmente quando essa pessoa é alguma coisa na vida e da qual se depende. Agradar a alguém do qual se depende é bom negócio, pois traz boas recompensas. E para agradar aos outros existe um segredo: é fazer exatamente aquilo que ele gosta.

Já imaginaram uma vez se nós pudéssemos agradar a Deus? Pois se agradar aos homens já é negócio, imaginem quanto mais é agradar a Deus. Pois dele dependemos, tudo recebemos e tudo devemos.

Mas, o problema é saber como agradar a Deus. O que será que Deus mais gosta? Se nós descobrirmos isso e o fizermos, então nós temos em mãos a chave da felicidade.

Muitos procuram agradar a Deus fazendo boas obras, pois acham que o que Deus mais gosta é de ver boas ações. Mas será que isso de fato agrada a Deus?

Os judeus achavam que para agradar a Deus eles tinham que fazer sacrifícios de animais e guardar os dez mandamentos. Os antigos pagãos chegavam a sacrificar os seus próprios filhos, pois achavam que era disso que Deus se agradava. E na macumba, cujo deus é Exu, procura-se agradar ao diabo, oferecendo-lhe despachos nas encruzilhadas.

Muitas seitas fazem grandes proibições, como o de não usar roupas curtas, maquiar o rosto, cortar o cabelo e assistir televisão. Acham que fazendo isto estão agradando a Deus.

Mas será que é disso que Deu se agrada? Será que o que Deus mais gosta é mesmo de boas obras, sacrifícios de crianças, cumprimento da lei e muitas proibições?

No Livro dos Salmos, capítulo 51, versículo 17, nós lemos: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”.

Interessante: longe das coisas mencionadas acima, Deus diz gostar apenas do nosso arrependimento. Será que isso é verdade? O que vem a ser isso: espírito quebrantado, coração compungido e contrito?

Bem, nós sabemos que tudo isso é uma linguagem figurada que o salmista usa para o arrependimento. Mas explicar isso em miúdo com palavras é um pouco difícil. Talvez alguns exemplos bíblicos nos ajudarão nesse sentido.

Certa vez Pedro estava se aquecendo no fogo durante o julgamento de Jesus. Enquanto estava ali, alguém chegou perto dele e disse que ele também era um seguidor de Jesus. E Pedro, com medo de que o pudessem prender, negou dizendo que não.

Depois vieram mais duas pessoas, afirmando ser ele um seguidor de Jesus. E Pedro então, com mais medo ainda, começou a jurar, dizendo que nunca tinha visto a Jesus e que não o conhecia.

Enquanto Pedro estava jurando, negando não conhecer a Jesus, o galo canta pela terceira vez. E Jesus olha para ele. Quando Pedro vê Jesus olhando para ele, ele se lembra daquilo que Jesus lhe havia dito antes; se arrepende do que fez e chora amargamente.

Mais tarde, depois da ressurreição, Jesus se encontra com ele no mar da Galiléia e lhe pergunta por três vezes se o ama. E Pedro, em meio a choro, diz: “Senhor, tu sabes todas as coisas. Tu sabes que te amo”. E Jesus lhe diz: “Apascenta as minhas ovelhas”.

Jesus, diante do arrependimento de Pedro, lhe dá um cargo de alta responsabilidade: ser um pastor na sua igreja.

Um outro exemplo é Zaqueu. Zaqueu era um homem rico e muito bem de vida. Mas tudo o que ele conseguiu foi às custas do povo, roubando na cobrança de impostos. E certo dia, desiludido com a riqueza, por não lhe trazer felicidade, Zaqueu foi procurar a Jesus. E quando Zaqueu vê que Jesus lhe dá atenção e se hospeda na sua casa, ele diz: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens, e se em alguma coisa tenho roubado de alguém, restituo quatro vezes mais”.

Diante do arrependimento de Zaqueu e de sua mudança de atitude, Jesus o cumprimenta e o elogia, dizendo: “Hoje houve salvação nesta casa. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido”. É que Zaqueu havia descobrido a maneira de como agradar a Deus.

Em Pentecostes Pedro prega para uma grande multidão. São os mesmos que mataram a Jesus. Pedro aponta o dedo para os seus pecados e lhes diz que eles vão pagar caro pelo que fizeram, que vão ter que enfrentar o juízo de Deus.

E a multidão, percebendo a gravidade do seu pecado, exclama, cheia de medo: “Que faremos, irmãos?” E Pedro lhes responde, dizendo: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados”.

Para as mesmas pessoas que Pedro apontara o inferno, de repente lhes oferece a salvação. Por que? Porque elas se arrependeram do que fizeram. Elas descobriram como agradar a Deus.

Porém, um dos exemplos mais bonitos que a Bíblia registra de que Deus se agrada do coração arrependido é a história do rei Davi.

Davi, depois de cometer adultério com Bate-Seba, manda matar o seu marido. Enquanto estava com o coração endurecido, ele se sentia tremendamente infeliz porque Deus se afastara dele. Mas quando ele se arrependeu dos seus pecados e os confessou a Deus, Deus o aceitou novamente de volta e tornou a abençoá-lo. Mais tarde Deus chama Davi de “o homem que viveu segundo o coração de Deus”.

Por que isso? É porque Davi descobriu o segredo de agradar a Deus. Por isso é que ele escreve as palavras do nosso texto: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado, coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”.

É exatamente isso, irmãos e irmãs, que Deus espera de nós: o nosso arrependimento.

Certamente Deus não despreza as boas obras que uma pessoa faz. Mas essas coisas só têm valor para aquele que reconhece aos seus pecados e confia na graça de Deus.

Muitas pessoas têm uma idéia errada do que seja o arrependimento. Acham, por exemplo, que arrepender-se é viver sempre triste, lamentando o seu pecado.

Essas pessoas mostram que não confiam no perdão de Deus. São como Judas, que se entristeceu tanto por causa do pecado que cometeu, que chegou a se suicidar. De um arrependimento assim Deus não se agrada. Antes, ofende a Deus, pois mostra que a pessoa não confia no seu amor.

Outras pessoas ainda acham que podem viver como bem entendem, pois é só ir se arrependendo do seu pecado, que Deus vai logo perdoando.

Isso é muito comum no mundo de hoje. Observem, por exemplo, o Carnaval. No período de Carnaval a pessoa abusa e se lambuza no pecado, na certeza de que na Quarta-feira de Cinzas tudo estará bem com Deus, bastando apenas ir à igreja e confessar os seus pecados.

O que é triste nisso tudo é que muitos cristãos se deixam levar pela onda e agem da mesma forma como o mundo. Embora não participem do Carnaval, vivem pecando de maneira intencional, na certeza de que Deus os perdoará.

Essas pessoas não sabem o que é arrependimento, por isso procedem assim. Pois aquele que vive no pecado e peca com a intenção de que Deus o irá perdoar, não sabe o que é arrependimento.

Pois arrependimento é reconhecer que fez alguma coisa errada, é sentir tristeza por causa dele e tomar a decisão de não o praticar mais.

Pergunto: Será que uma pessoa está de fato arrependida quando ela continua cometendo sempre o mesmo pecado e não se esforça para deixá-lo? Há pessoas, por exemplo, que se dizem arrependidas, mas nunca deixam de lado a sua vida de pecado.

Ora, se arrependimento é reconhecer que fez alguma coisa errada e sentir tristeza por causa disso, porém a pessoa continua a praticar o mesmo erro, então é claro que tal pessoa não se arrependeu, pois continua gostando daquele pecado.

Tal pessoa está a caminho da condenação eterna, porque diz a palavra de Deus em Hebreus 10: “Porque se continuarmos a pecar de propósito, depois de conhecermos a verdade, já não há mais sacrifício que possa tirar os nossos pecados. Ao contrário, resta apenas o medo do que acontecerá: o julgamento e o fogo ardente que destruirá os que são contra Deus”.

É uma palavra dura essa. Mas é o próprio Deus quem está falando. E Deus quando fala, ele sempre fala sério. Ele não brinca nunca, especialmente quando se trata do pecado.

Levemos, pois, a sério a Palavra de Deus. Não brinquemos nunca com o pecado.

E, caso cairmos em algum pecado, busquemos a presença de Deus em sincero arrependimento, que ele nos perdoará. Pois é isso que Deus quer: o nosso sincero arrependimento, que envolve o abandono e a luta contra o pecado.

Que Deus nos dê corações arrependidos e a convicção de que ele perdoa todos os nossos pecados por amor de Jesus. Amem.


Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
piperlin@uol.com.br
www.ielb.org.br

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