SEXTA-FEIRA SANTA 2021

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SEXTA-FEIRA SANTA 2021

PRÉDICA PARA A SEXTA-FEIRA SANTA – 2 de abril de 2021 | Texto bíblico: Hebreus 10.16-26 | Harald Malschitzky |

Irmãs e irmãos em Cristo, comunidade do Senhor.

No Novo Testamento encontramos diversas cartas, cartas a comunidades e a pessoas. Enquanto que da maioria autor e destino são conhecidos, em alguns casos não se sabe nem um e nem outro. Isso não lhes tira nada de valor, pois o que interessa é o seu conteúdo na base do evangelho de Cristo.  A carta (ou epístola) aos Hebreus tem um detalhe a mais: Ela se assemelha muito mais a uma longa prédica que aborda diversos aspectos centrais da mensagem do evangelho. Um deles é o anúncio de que Jesus morreu pelos pecados da humanidade de uma vez por todas. Segundo a tradição e a prática religiosa do povo judeu, através de um ritual marcante, os pecados eram perdoados através do sacerdote e, principalmente, do sumo sacerdote. Só este podia entrar no santíssimo no ritual do perdão. Comunidade e santíssimo eram separados por uma pesada cortina. Nos é relatado no evangelho, que quando Jesus morreu na cruz, esse véu rasgou de alto a baixo. Jesus de Nazaré, através de seu sofrimento e morte,  elimina, de uma vez por todas,  a necessidade de intermediários entre Deus e as pessoas. Em Jesus e através dele, temos acesso a Deus, ao seu amor a ao seu perdão. E temos novidade de vida, somos libertados para uma nova vida. O autor de Hebreus lembra uma passagem do profeta Jeremias em que Deus anuncia uma nova aliança. O evento de Jesus Cristo inaugura um novo tempo. Será que isso significa que, daqui para adiante, vale tudo, como tanta gente pensa? Será que pecado deixa de ser pecado? Esse o erro em que cristãos e não cristãos incorriam e incorrem. O pecado está aí, ele jaz às nossas portas e às portas de nossos corações. O que muda radicalmente é que não precisamos de intermediários para buscar o perdão de Deus e mudar o rumo de nossas vidas, o que é tão difícil! Nem sacerdotes e nem igrejas concedem perdão em lugar de Deus, mas eles e elas anunciam o perdão e lhe cabe exortar, exortar e exortar  as pessoas a tomarem a sério o perdão concedido por Deus e a anunciar e anunciar de novo o amor de Deus que perdoa por causa do sacrifício de Cristo! E o autor convida perdoados e perdoadas a se congregarem, a celebrarem a vida diante de Deus,  não apenas em palavras, mas em prática. E tem também uma advertência: A vida  deliberada em pecado anula o efeito do sacrifício de Cristo para mim, eu o ponho fora. Amor recíproco e boas obras não são sacrifícios meritórios, mas resposta ao amor de Deus. A sua ausência torna o perdão sem efeito.

Estamos vivendo momentos conturbados pela pandemia mundial. Se, por um lado, nos deparamos com práticas de solidariedade impressionantes para minorar a dor e a fome de quem está à margem do mundo do luxo e da ostentação, nós topamos com uma terrível esquizofrenia  de “fé”. Se invoca o nome de Deus  de arma na mão ou com sinais que o indicam; se invoca o nome da pátria e de Deus para fomentar ódio; se afirma querer a vida e se propaga a morte, ignorando as descobertas científicas destinadas a salvar vidas… É preciso dizer: Assim se manifesta o pecado!

Lembrando o sacrifício de Deus pela humanidade e o convite para seguirmos as suas pegadas na vida e partilha de vida, eu quero destacar aquelas milhares de pessoas que se empenham em salvar vidas: Médicos, corpos de enfermagem, motoristas e operadores(as) de ambulâncias, o batalhão de gente que cuida da limpeza e higienização principalmente de hospitais. Essa gente toda coloca em risco sua vida pela vida de outros. Alguém logo vai dizer que é sua profissão e seu ganha-pão. É verdade, mas há um ano inteiro todo esse pessoal, no exercício de sua profissão, coloca em jogo sua vida e a vida de seus familiares. E eu quero pedir licença para colocar todas essas pessoas, com suas capacidades, suas dores e seus sofrimentos aos pés do crucificado. Penso que na sua prática eles entenderam o que é viver para os outros. Alguém vai dizer que nem todos são cristãos ou crentes em Deus. Eu o sei e o respeito profundamente,  e mais ainda admiro a sua luta pela vida. Afinal, Deus não encomendou uma enquete para ver se já havia ambiente para se revelar no Cristo. Ele se encarnou no Cristo em tempos muito adversos, basta se informar sobre o momento histórico da época.

Nesta Sexta-Feira Santa, vamos trazer à nossa memória que a morte de Jesus de Nazaré aconteceu pela humanidade, no varejo também para cada um/a de nós. Não ter que pagar de qualquer forma pelo perdão do nosso pecado se chama GRAÇA, graça que liberta para a vida e para os outros. E vamos agradecer por todas aquelas pessoas – quer creiam, quer não – que empenham as suas vidas em favor das vidas de pessoas que nem conhecem. Peçamos a Deus que ele lhes conceda forças e alento para buscar a cura dos enfermos e para que não percam o horizonte de suas próprias vidas. E peçamos a Deus que ele dê sensatez a quem lidera e governa a nossa sociedade, para que entendam que sua responsabilidade é pela vida de toda a população, independente de sua ideologia, sua situação social, sua cor… Na humanidade criada por Deus não há espaço para mais iguais, fazer essa divisão já é pecado! E peçamos por nós, por nossas vidas, por clareza do que fazer para que a nossa vida e a vida dos outros floresça e se alegre, pelo perdão recebido por graça.  O amor de Deus que está acima de toda a nossa compreensão, esteja e permaneça conosco. Amém

P.em. Harald Malschitzky

São Leopoldo – Rio Grande do Sul, Brasilien

harald.malschitzky@gmail.com

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