1Tessalonicenses 2.1-8

1Tessalonicenses 2.1-8

PRÉDICA PARA O  22º DOMINGO APÓS  PENTECOSTES | 29.10.23 | 1Tessalonicenses 2.1-8 | Gabrielly Ramlow Allende |

“Que o Espírito Santo dê sabedoria aos ouvidos e mentes que acompanham essa mensagem para que possam refletir sobre a Palavra de Deus e suas realidades singulares. Bem como, sabedoria à boca que vos fala. Amém!”

Querida comunidade reunida!

         Estamos diante de uma carta especial do Apóstolo Paulo, regada de impulsos ao agir missionário e palavras de consideração e apreço. Paulo a escreve de Corinto. É importante entender que Tessalônica era a cidade mais populosa e próspera na Grécia antiga, no reino da Macedônia. Isso de dava por dois fatores importantes: a cidade foi construída no melhor porto natural no Mar Egeu e estava localizada no principal caminho que ligava Roma à Ásia.

Provavelmente, essa é a carta mais antiga do apóstolo e a primeira comunidade cristã da Europa. Sua história é contada no livro de Atos dos Apóstolo, capítulo 17. Cumprindo seu costume, Paulo se dirige à sinagoga de Tessalônica e fala as boas novas sobre Jesus como Messias e, em poucos dias, já havia um grande número de não-judeus convertidos e senhoras da alta sociedade.

         A ida missionária a Tessalônica teve a intenção de levar a boa notícia de Deus às pessoas. A cidade era grande e com potencial de grande circulação de pessoas que provinham de vários lugares. Alguém precisava abraçar o chamado e se dirigir para aquelas terras. Paulo e Silas assim o fizeram. E, para tanto, receberam a aprovação de Deus. Por consequência, criaram vínculos fortes de amor e respeito pelas pessoas que iam compondo aquela comunidade. Os vínculos foram fortes, tal qual vínculos familiares.

         A presença dos missionários em Tessalônica trouxe ameaça aos poderosos e detentores do poder em Tessalônica. O discurso missionário e o viver em comunidade é encarado como ameaça para muitos discursos e lideranças da sociedade. Viver em comunidade conforme a vontade de Deus, causou e sempre causará desconforto em líderes opressores e oportunistas. Esses líderes estão espalhados por todas as cidades, em muitos lugares e, até mesmo, em algumas famílias. Porém, como bem vimos na realidade do texto, o anúncio do Evangelho apresenta para todas as pessoas que há caminhos e formas de viver a vida de forma diferente.

         O apóstolo Paulo foi alguém portador dessa mensagem à comunidade de Tessalônica, apontando e apresentando um Deus que tem em seu regime a Lei do Amor. Isso libertou a comunidade e a empoderou para resistir a tudo que não vem de Deus e que a distancia de Deus, de sua vontade para todas as pessoas. Pode-se interpretar neste texto, que Paulo encoraja a comunidade cristã de Tessalônica a permanecerem firme na fé em Cristo. Suas palavras de admiração vinham do coração, regadas de saudade pelo tempo que passaram juntos e pelo bonito vínculo feito com aquelas pessoas.

         Desta forma, Tessalônica é uma comunidade que segue como testemunha auxiliada pelo agir do Espírito de Deus, pela ação de Pentecoste. Ela passa por provações, mas resiste porque na fé cristã se fortalecem. Isso revela que o anúncio e ação missionária de Paulo foi ação de Deus, foi vontade de Deus e por isso não foi em vão. Da mesma forma que Deus moveu Paulo e Silas até Tessalônica e os instruiu para a missão, da mesma forma Deus estava com essas pessoas em seu testemunho, os capacitando a continuar falando das boas novas do Evangelho.

Estimada Comunidade!

As relações de poder sempre existiram e sempre existirão. É natural que tudo que ameace a perda de poder, cause desconforto e problemas. A questão é: qual poder que serve melhor para a nossa vida, para nossas relações, para nossas comunidades. Aqui está a chave oferecida pelo texto bíblico. Quando nos deixamos reger/guiar/liderar pelo poder de Deus nossa vida torna-se digna e em abundância.

Michel Foucault tem uma frase que diz: “Não se deve fazer como aqueles que, ao serem picados pelas abelhas, renunciam à colher o mel.” A comunidade de Tessalônica não recuou no testemunho e nem na vivência da fé cristã. Pelo contrário, essa comunidade estava se expandindo o que contribuía mais e mais para a Missão de Deus.

Nesse sentido, convido a comunidade a refletir sobre o surgimento das primeiras comunidades da IECLB, da nossa comunidade. Lembramos que em 2024, teremos a celebração dos 200 anos de presença luterana no Brasil. Em todo começo existem dificuldades e provações. As histórias que sabemos revelam a perseverança da fé de nossos antepassados e que estes também foram como os Tessalonicenses. Esse olhar pelo retrovisor da história, serve para criar vigor a todos nós diante das dificuldades enfrentadas na atualidade, com tempos pós-pandêmicos e cheios de desafios para as nossas comunidades. Quando mencionamos essas histórias, não temos o objetivo de dizer que naquele tempo era bom e hoje é ruim. Ou ainda, de se criar saudosismos a pessoas. Quer-se ressaltar a importância da missão de cada liderança, de cada membro que pôde ser parceira/o da ação do Espírito Santo de Deus em suas comunidades. Esse movimento também possibilitou que as comunidades vivessem em clima familiar, fortalecendo a comunhão e os vínculos.

Nesse sentido, ainda lembramos o evento de Pentecostes que é celebrado a cada ano. Hoje, 22º domingo após Pentecostes, também estamos aqui sendo motivados/as pelas palavras de Paulo a seguirmos com nosso testemunho, expandindo o nosso testemunho da fé cristã a quem carece ser libertado/a e acolhido/a pelo amor de Deus que nos é dado por Cristo Jesus.

Nossas comunidades fizeram muito em resistência e perseverança e tudo também causa admiração. Seja no surgimento da Igreja ou agora nos novos desafios criados pela pandemia do COVID19. Muitas são as pessoas que estão fora ou afastadas do convívio comunitário. Isso pode ser por não conhecer a Cristo e as boas novas do Evangelho, ou por medo, ou perda da motivação comunitária. O texto de hoje também destaca: “A missão de Deus é tarefa de toda a comunidade batizada.” Que a motivação para nosso testemunho seja para a honra e a glória de Deus, pois assim seremos testemunhas tocadas e aprovadas pelo próprio Deus. Sigamos acolhendo nossa missão, contando com o auxílio do Espírito Santo e dando continuidade a caminhada do povo de Deus no local no qual estamos.

Que conosco também seja como diz o relato bíblico de Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”

Amém!

Pa Gabrielly Ramlow Allende

Badenfurt – Blumenau/SC

e-mail: ramlow527@gmail.com

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