2º Domingo da Páscoa

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2º Domingo da Páscoa

Prédica para o 2º Domingo da Páscoa –  19 de abril de 2020 | 1 Pedro 1.3-9 | Breno Carlos Willrich |

A Graça de nosso Senhor, Jesus Cristo,

o amor de Deus Pai,

e a comunhão do Espírito Santo

sejam com todos e todas vocês.

Amém.

 

Cristo ressuscitou, Ele realmente ressuscitou!

Importa continuarmos reafirmando esta maravilhosa verdade também neste segundo domingo de Páscoa e em todos os dias da vida. Especialmente em tempos de crise e de ameaça à vida esta afirmação se torna importante. Quando os discípulos viram o Cristo ressurreto nem tudo estava tranquilo em suas vidas. Muita incompreensão, perseguição e ameaça de morte ainda estava por vir. Mas a certeza de que a vida venceu a morte encorajou aqueles homens e mulheres em sua vida e missão. Quando os destinatários desta primeira carta de Pedro receberam este convite para louvar a Deus porque ele ressuscitou a Jesus Cristo,  e encheu seus corações de uma esperança viva, eles experimentavam a dura realidade da perseguição por causa da fé e igualmente ameaça de morte. Mas a viva esperança da ressurreição era a grande motivação para enfrentarem as provações, continuar guardando a fé e viverem na obediência a Deus.

 

Quando este texto de pregação vem ao nosso encontro, estamos experimentando um tempo cheio de incertezas e temores. Um tempo único e nunca imaginado. O mundo aos pés de uma ameaça invisível que exige isolamento, amedronta, adoece, mata, fragiliza a economia, promove divisão, nos enche de dúvidas e revela nossa fragilidade. A notícia da Páscoa não quer negar esta realidade. Ela quer renovar nossa fé no Deus da vida para podermos encarar as manifestações de morte que a realidade nos apresenta na convicção de que a vida sairá vitoriosa.

 

Páscoa nos convida a mantermos vivo o Louvor.

No primeiro versículo de nosso texto de pregação lemos: “Louvemos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo! Por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso nosso coração está cheio de esperança.” A boa nova de ressurreição nos convida a louvar a Deus pelos milagres que Ele realiza a cada dia. Louvado seja Deus porque temos um lar onde nos sentimos abrigados até que passe a tempestade; louvado seja por todas as pessoas que arriscam sua vida para preservar a vida dos outros em nossos hospitais; louvado pela oportunidade do convívio familiar e por todas as pessoas que, tocadas pela empatia e solidariedade, trabalham pelos mais fragilizados de nossa sociedade. Louvado seja Deus pelas múltiplas formas de encontro virtual com as pessoas queridas quando o abraço físico não pode acontecer. A esperança da ressurreição nos faz ouvir com alegria notícias promissoras de medicamentos, vacinas, pessoas curadas, nações que estão vencendo e números que trazem alento. Hoje as nações são como a família de Noé quando, da arca, soltam uma pomba na esperança de que ela volte com um ramo de oliveira em seu bico, anunciando que o dilúvio passou. E, mesmo ali,  onde a morte venha a alcançar alguma pessoa querida de nossas relações, que possamos louvar pelo maior dos milagres: o milagre do perdão dos pecados e da vida eterna. Louvado seja Deus!

 

A cruz que experimentamos nos ensina que há valores passageiros e valores eternos.

De forma poética a carta de Primeira Pedro nos lembra que “Todos os seres humanos são como a erva do campo, e a grandeza deles é como a flor da erva. A erva seca, e a flor cai, mas a palavra do Senhor dura para sempre.” (1 Pe 1.24-25) E aqui no versículo 4 lemos que Deus guarda para nós bênçãos que “não perdem o valor e não podem estragar, nem ser destruídas”. A crise provocada por esta cruz chamada Coronavirus nos faz repensar os valores sobre os quais firmamos nossa vida e nos faz perguntar se construímos nossa casa sobre a rocha ou sobre a areia. Aquilo pelo no que temos gasto nossos dias são valores passageiros ou eternos? Pelo desejo de poder, destruímos a comunhão. Pela ânsia de bens materiais, promovemos exploração. Pelo desejo de sermos detentores da verdade, não ouvimos a opinião alheia e perdemos amigos. Para comprar o carro do último modelo, sacrificamos o bem estar na família. A busca pelo corpo perfeito nos dá a sensação de sermos inabaláveis. Nosso materialismo despreza a espiritualidade. O individualismo ignora o que caminha ao nosso lado. É hora de repensar valores. Celebrar a Páscoa é deixar morrer o que atrapalha a vida e renascer a fé, a esperança e o amor, pois estes são os valores que permanecem. Agarremo-nos ao que não se perde, não estraga e nenhuma crise pode destruir.

 

A ressureição nos convida a dirigir nosso olhar para o céu e pisar firmes em nosso chão.

A dimensão da salvação eterna é essencial na vida cristã. O dia em que não haverá mais tristeza, em que Deus enxugará todas as lágrimas e nossa boca se encherá de riso é a esperança última da pessoa cristã. A Páscoa renova nossa certeza e desejo de estar um dia na glória de Deus. Mas a Páscoa nos diz mais. Ela nos diz que o ressurreto caminha conosco por este mundo que precisa do testemunho e amor cristãos. Antes de conhecermos a Deus assim como somos conhecidos e ver a Jesus face a face, somos convidados a amar e crer nele mesmo não o vendo. Afinal, felizes são os que não viram e creram.

 

Nesta caminhada com os olhos no céu e pés no chão, seremos testemunhas, a cada novo dia, do Cristo ressurreto. O seremos quando formos exemplos de conduta e promotores de boas ações; quando nossa vida pública e envolvimento social forem pautados pela justiça, respeito e verdade; quando nossa liberdade cristã nunca for argumento para a prática do mal e a obediência a Deus pautar todas as nossas escolhas e ações. Nossa esperança na ressurreição se revelará quando as relações familiares forem marcadas pelo amor, igualdade e respeito, e a ninguém pagarmos mal com mal nem ofensa com ofensa. Seremos testemunhas da ressurreição quando administrarmos  bem os dons que recebemos de Deus  e anunciarmos ao mundo os seus atos poderosos.

 

Isto é viver um pouco do céu que esperamos já aqui e agora. Isto é levar a festa da ressurreição para dentro deste mundo tão cheio de cruzes. Pode parecer fácil, mas não é. A tarefa de viver de forma cristã inclui sofrimento e provação. Mas, na perspectiva da ressurreição enfrentaremos sofrimento e dor na certeza de que por fim a vida vencerá.

 

Porque Cristo ressuscitou, Ele realmente ressuscitou.

 

Amém

 

  1. Breno Carlos Willrich

Blumenau – Santa Catarina, Brasilien

pastorbreno@terra.com.br

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