5º DOMINGO DE PÁSCOA

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5º DOMINGO DE PÁSCOA

PRÉDICA PARA O 5º DOMINGO DE PÁSCOA | 2 de maio de 2021-04-27 | Textos bíblicos: João 15. 1-8 e Atos 8. 26-40. | Osmar Luiz Witt |

 

Graça e paz a vocês, da parte de Jesus Cristo, a videira que alimenta os ramos, que somos nós.

Oremos: Jesus Cristo, Filho de Deus, nós te pedimos: põe a tua Palavra em nossos corações, por teu Espírito Santo, a fim de que sejamos pessoas guiadas por tua vontade e consoladas em todas as tribulações. Fortalece-nos na fé, para crescermos no amor. Louvamos a Ti que vives e és fonte de paz e de vida, para sempre. Amém.

Prezada comunidade de Jesus Cristo:

As duas passagens bíblicas que ouvimos não têm, à primeira vista, uma relação direta: Atos narra a história de um batismo realizado por Felipe, e o evangelista João apresenta uma imagem que Jesus usou referindo-se aos seus seguidores e seguidoras como ramos de uma videira. Mas, ao contrário do que possa parecer, as duas narrativas têm um vínculo muito estreito! Convido vocês para juntos vermos em que sentido.

A imagem da videira com seus ramos é muito rica para descrever a nossa relação com Jesus. De acordo com ela, Deus lida conosco como um agricultor lida com sua videira (ou parreira, como dizemos nós). Todos os anos o agricultor sabe que, no tempo certo, na entrada do inverno, é preciso fazer uma poda no parreiral. Pois, sempre há ramos que secam e não produzem mais. Eles precisam ser retirados para que o sol e o ar possam chegar com mais intensidade nos ramos que ainda estão verdes. A planta se recolhe e recobra suas forças para a próxima safra.

Jesus refere-se a si mesmo como videira e a nós como seus ramos. Os ramos devem a sua existência à existência da videira e a videira existe para nutrir os ramos, por meio dos quais ela dá fruto. É uma bela imagem para a comunidade cristã. O apóstolo Paulo, noutra oportunidade, usou a comparação do corpo humano: cada membro é importante e nenhum pode dizer que não precisa do outro. No evangelho de hoje, Jesus compara a comunidade de seus seguidores e seguidoras com uma parreira e seus ramos. A comunidade cristã e cada um de nós estamos ligados a Jesus de tal modo que é dele que recebemos a seiva que preserva a nossa existência e possibilita que demos frutos.

A existência da Igreja cristã neste mundo não se faz sem que ela seja nutrida pelo seu Senhor. A Igreja recebe dele por estar ligada nele. Quando,  por alguma razão,  se corta a relação dos ramos com a videira, eles logo secam e precisam ser tirados durante a poda. Os galhos secos, que perderam a ligação com a videira, são tirados. E os galhos que preservam vida precisam ser podados para que a produção de uvas aumente. Este aspecto da imagem da videira também é interessante: em geral, temos dificuldade de aceitar que sejamos podados. Imaginamos que a nossa vida em Jesus e com ele seja feita apenas de momentos bons, felizes, prazerosos. E, no entanto, não é assim. A fé em Jesus não nos torna imunes aos revezes da vida. Também sobre os ramos que continuam ligados à videira o agricultor realiza podas, que provocam um ferimento na planta, mas que servem ao propósito do agricultor de fazer sua videira dar muitos frutos. Por isso, também quando passamos por momentos difíceis na vida devemos considerar a possibilidade de que Deus, em última análise, quer o nosso bem. A Bíblia conhece ainda outras imagens para retratar esta realidade, como aquela do oleiro que trabalha o barro dando-lhe a forma que deseja e que o transforma em um objeto útil para a vida.

A união dos ramos com a videira se faz pelo Batismo com que fomos batizados. No Batismo somos como ramos que são enxertados numa planta saudável, da qual provém a seiva, o alimento, que nos pode fazer fortes. Ser batizado em nome do Triuno Deus é ser alimentado de seu amor através da videira que é Jesus. Por meio de Jesus o amor de Deus nos alcança, assim com a seiva da videira alcança os ramos que dão cachos de uvas. Não sei como dizer isto de modo a que nos toque mais. Acho que nem é preciso. Todos entendemos a imagem de Jesus desde o início.

Há, porém, um aspecto mais para o qual quero chamar nossa atenção. Eu prometi que veríamos a relação entre este texto do Evangelho e aquele outro do relato do Batismo realizado por Felipe. Depois do que já vimos, creio que uma relação possível começa a ficar clara. Felipe cumpre a incumbência recebida de seu Senhor: “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, Filho e Espírito Santo.” Ele mesmo é um ramo da videira que está dando frutos. Entre estes está também o auxílio para que outras pessoas descubram a alegria de viverem ligadas à videira. Estar ligado à videira, viver como discípulo e discípula de Jesus, tem também implicações no sentido de comprometimento com a causa pela qual Jesus deu a sua vida. Comprometer-se com Jesus, ser um discípulo ou discípula, implica também atitude de obediência. A narrativa de Atos dos Apóstolos menciona três vezes que Felipe recebeu um chamado ou uma ordem: a) Primeiro ele ouve “Vá para o sul” (v. 26). Felipe se dispõe e vai. b) A seguir é lhe dito: “Chegue perto da carruagem” (v. 29). Outra vez ele obedece e se põe em contato com o funcionário etíope. c) Por fim, depois de realizada a tarefa de que foi incumbido, Felipe recebe ordem de ir embora (v. 39). Sobre o modo como Felipe se desincumbe da missão que lhe foi confiada poderíamos refletir com mais detalhes. Seu estilo de atuação não é impositivo, mas procura responder a uma demanda concreta que ele primeiro precisa descobrir qual é. Colocar-se a par da situação, compreender quais são as perguntas ou dúvidas daquele funcionário etíope, dar testemunho da salvação em Jesus, deixar espaço para que Deus mesmo possa agir no coração daquele que ouve a sua Palavra. E, retirar-se quando for a hora, pois na vida de fé não precisamos ser tutelados o tempo todo. Uma vez que o ramo foi enxertado na videira, o que ocorreu pelo Batismo, ele também será alimentado da mesma seiva que alimenta toda a planta. É neste ponto que podemos perceber uma vinculação entre as duas passagens bíblicas que foram lidas. A narrativa do Evangelho de João que nos é oferecida neste Domingo tem uma dupla perspectiva: Por um lado, é um chamamento à obediência e a mantermo-nos vinculados com a videira. Por outro lado, é a promessa de que somos alimentados pela videira enquanto nos mantivermos unidos a ela. Somente assim, obedientes ao nosso Senhor e alimentados por ele seremos fortalecidos e fortalecidas para a missão.

Neste culto, a videira que é Jesus, nos alimenta por meio de sua Palavra e é esse o modo que ele escolheu para nos alcançar perdão, vida nova e salvação. Nisto consiste a seiva que nós, os ramos, recebemos da videira, Jesus. Amém.

Oremos: Nós te louvamos, santo Deus e Senhor, doador da vida e de todos os bens. Nós te agradecemos por teu Evangelho que mais uma vez pudemos ouvir. Torna-nos obedientes à Tua Palavra e dá que a tua mensagem traga muitos frutos em nossas vidas. Amém.

A paz de Deus que é maior do que o nosso entendimento guarde vossas mentes e corações em Cristo Jesus.

 

P. Me. Osmar Luiz Witt

São Leopoldo – Rio Grande do Sul, Brasilien

ollwitt@est.edu.br

 

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