1. Reis 19.15-16, 19-21

PRÉDICA PARA O 3. DOMINGO APÓS PENTECOSTES | 26.06.2022 | Texto da prédica: 1. REIS 19.15-16, 19-21 | Romeu Otto Hoepfner |

Cara Comunidade!

O texto de prédica, previsto para este 3. Domingo após Pentecostes, é rico em detalhes e profundo em mensagem. Fala de um momento limítrofe na vida de um profeta de nome Elias. Ele atuou no reino do norte, em Israel, sob o reinado do rei Acabe. Este rei governou durante vinte e dois anos e era casado com a rainha Jezabel que havia oficializado o culto às divindades de Baal, erguendo inclusive um santuário real para ele em Samaria, a capital. Toda esta realidade traz grandes dificuldades para os seguidores do Deus verdadeiro e único, chamado Javé, nos textos do Testamento Judaico.

Elias, o profeta, chamado por Javé, se torna um grande defensor do culto e da adoração a este único e verdadeiro Deus.

Interessante pesquisar acerca da divindade, chamada Baal. Este deus celebra o ciclo da natureza e a fecundidade. É o deus do progresso e da prosperidade que promove a economia, a exemplo do provérbio: “Quanto mais produtos, tanto mais tributos”. Claro que esta ideologia agrada a corte do rei Acabe.

No, entanto, com o massacre dos profetas de Baal, narração esta que encontramos no capítulo anterior ao nosso texto, o profeta Elias livra o reino de Israel da catástrofe nacional, da idolatria e da exploração do povo sofredor sob o jugo do rei Acabe. A raivosa Jezabel decreta a morte de Elias.

Ele foge rumo ao sul, atravessando o reino de Judá, chega ao deserto e declara sua angustia e seu cansaço diante de Deus. Deparamos com palavras fortes, marcadas por muito desespero. Ele diz: “Basta, toma agora, ó Senhor, a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais”. A seguir, deita e dorme!

Cara Comunidade! Deparamos aqui com um ser humano que chega ao fim; capitula diante de Deus, que, aliás, o havia enviado para esta missão.

Elias fala do seu medo e da sua dor. Mas, o mensageiro de Deus está ali presente, lhe toca e lhe dá de comer e beber e lhe ordena a levantar e continuar sua caminhada, sua missão como profeta de Deus. Elias vai ao monte Horebe, busca a Deus, com a expectativa de encontrar respostas para as suas perguntas. E Deus se mostra diferente. Não através de fenômenos fortes e espetaculares, mas através do sopro de uma brisa suave. Elias vence o medo, se reencontra com Deus e novamente constata que crê no Deus que não está no grandioso, na vitória e no sucesso, mas no Deus que está no meio do seu povo, na escravidão do Egito. Ou, já traçando a ponte para o Testamento Cristão, o Deus único e verdadeiro está lá na manjedoura de Belém, está na cruz de Jesus e está em meio ao grupo de discípulos amedrontados e apavorados que ainda estão no aguardo da chegada do Espírito de Deus no dia de pentecostes. Ou, até já atualizando e analisando a nossa realidade do dia a dia, perguntamos: “Deus, onde estás? Que permites tanta desgraça e sofrimento em meio a guerras, onde não há ganhadores, mas somente perdedores?”. E novamente constatamos com Elias e com tantas outras pessoas e testemunhas que, sentindo a brisa suave de Javé que é o Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o ser humano se reencontra com Deus, que o faz sair da solidão, do medo das cavernas da vida, o leva a erguer sua face ao Deus vivo que continua enviando seus filhos e suas filhas para uma nova comunhão e um novo compromisso.

Porém, devemos perguntar: Como seria esta nova comunhão e este novo compromisso? Olhemos novamente para nosso texto de prédica. Vejam! Elias não é aposentado, mas recebe uma nova tarefa: Deus diz: “Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco…”. Elias é colocado novamente em movimento. Recebe a tarefa de ungir os novos reis da Síria e de Israel. Também deverá procurar um novo auxiliar na jornada. Ele encontrará Eliseu, o profeta que o substituirá no futuro. E Elias, tendo encontrado Eliseu, lança seu manto sobre ele. Eliseu é vocacionado, chamado e aceita fazer parte da missão de Deus. Eles seguem e estão juntos a caminho.

Prezada Comunidade!

Esta é a boa nova deste domingo, dirigida a nós e a todas as pessoas que sentem a presença da suave brisa do Senhor: Ele continua nos chamando e nos vocacionando. E não nos deixa sozinhos. Também sua Igreja não está sozinha, quando, cercada por tantas ideologias, religiões de mercado que prometem curas, realizações, prosperidade; cercada por “fake News” que afastam as pessoas da vivência comunitária autêntica, das causas que visam a justiça e o bem comum, ela, a Igreja de Jesus Cristo navegará segura em meio a este mar bravio e ameaçador. E então, Deus continuará chamando e congregando pessoas, mundo afora, para anunciar que a solução não está no fogo, nas armas e na destruição do outro, da outra e da bela criação de Deus, mas no diálogo, no amor ao próximo, no respeito à vida e no trabalho conjunto em prol do mundo que “Deus viu que era bom”!

Que o Espírito de Pentecostes nos liberte do jugo da escravidão e nos fortaleça a permanecermos firmes unicamente em sua verdade.

Amém.

___

P. Romeu Otto Hoepfner

Curitiba – Paraná (Brasilien)

romeuottohoepfner@gmail.com