Mateus 13. 31-33, 44-52

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Mateus 13. 31-33, 44-52

O Reino nas Pequenas Coisas | PRÉDICA PARA O 9º DOMINGO APÓS PENTECOSTES | 30 DE JULHO DE 2023 | Texto bíblico: Mateus 13. 31-33, 44-52 | Felipe Gustavo Koch Buttelli |

Estamos hoje celebrando o 9⁰ domingo no tempo de Pentecostes. Tempo da experiência da igreja inspirada, orientada e auxiliada pelo espírito do próprio Cristo. A vivência da Igreja é missionária porque seu compromisso é dar continuidade à obra e ao anúncio de Jesus. Portanto, o tempo de Pentecostes é tempo de refletir e de aprofundar nosso senso de comprometimento com a tarefa missionária da igreja, com o discipulado.

Nos últimos domingos e neste, inclusive, as leituras remetem ao Evangelho de Mateus, em especial ao capítulo 13, que é praticamente um livreto à parte com parábolas. Hoje nós lemos 5 pequenas parábolas e uma breve conclusão,  que também encerra o capítulo. As parábolas são autoexplicativas e, apesar de seu conteúdo geralmente enigmático,  ensejam possibilidades múltiplas de interpretação.  Para o contexto da comunidade de Mateus, era importante que Jesus falasse por parábolas, pois isso confirmava a sua própria identidade como aquele Messias esperado pelo povo judeu. Mas para além disso, Jesus usava parábolas porque era um grande educador. Jesus queria se comunicar com as pessoas de uma forma que fosse compreensível a elas dentro do seu próprio universo.  Por isso também as parábolas são múltiplas e, ainda que tenham a mesma mensagem, podem ser compreendidas nas diferentes condições da vida.

Elas falam da realidade do plantio e do cultivo  até à vida cotidiana da cozinha que prepara o pão.  Inclui o lavrador, os pescadores e também o comerciante de joias. Passa pela realidade da cultura, da socialização, das atividades econômicas.  E mesmo que se comunique com diferentes contextos de vida, a mensagem é simples e a mesma. O Reino de Deus. E apesar de Jesus ter ensinado tantas coisas, a mensagem que Jesus trouxe ao mundo é esta: preparem-se,  porque comigo chega a vocês o Reino de Deus.

E quando nós refletimos sobre a nossa tarefa como igreja neste tempo de Pentecostes,  quando refletimos sobre o significado de comprometer-se com o discipulado,  somos lembradas e lembrados que a mensagem que chega a nós é que somos encorajadas e encorajados a levar ao mundo é esta: o Reino de Deus está entre nós! Já podemos encontrá-lo e vivenciá-lo. Ainda que talvez não em sua plenitude,  este Reino já está entre nós e já mostra seus primeiros sinais nos lugares e momentos mais simples de nossa vida.

E quero hoje particularmente propor esta reflexão para nós. O Reino de Deus, carregando o gérmen da vida plena que Jesus anuncia para nós,  já está em nosso meio. E quando falo isso penso na diversidade das situações de vida em que nos encontramos. Assim também Jesus reconheceu. Não há um parâmetro único de vida, nem um local específico em que este Reino possa ser encontrado.  Há sempre uma mística que garante que este Reino possa estar onde nós menos esperamos. Lutero referia-se à presença de Deus neste mundo em termos semelhantes.  Deus é “absonditus”, Ele está em algum lugar, mas quando pensamos poder capturá-lo, Ele já está em outro. E este Deus que vira o rosto pra nós e nos mantém na procura, diz Lutero,  se revela sob espécie contrária. Ou seja, Ele provavelmente está onde não esperamos poder encontrá-lo.

E assim, mesmo que eu ou você estejamos passando por um momento difícil,  um momento de provação,  mesmo que nossa realidade esteja marcada pelas dúvidas,  pela dor e sofrimento,  o Reino de Deus pode estar logo ali na sua frente. Na próxima cavada, na próxima semente plantada, na próxima pedra encontrada no caminho, na próxima rede jogada ao mar. A nossa vida pode ser preenchida por um senso de esperança,  porque a riqueza, a profundidade e beleza do Reino pode ser encontrado a qualquer instante.

E ela se apresenta como uma realidade majestosa. Secundariza tudo mais em nossa vida, nos recorda da trivialidade dos nossos valores, de como são fugazes as promessas deste mundo. Este Reino espetacular pode ter uma face contrária ao que esperamos, pode não parecer com a riqueza ou com o ouro deste mundo, pode destoar das percepções de riqueza, de beleza, de normalidade nos tantos fetichismos que alimentamos. Talvez ninguém veja ou perceba o valor que nós percebemos,  mas ele é tão convincente,  tão arrebatador em nossa vida, que nos convence a vendermos tudo que temos, diz Jesus. Abrimos mão de todas as pedras que já temos para garantir aquela pedra especial em nossa vida. Nos empenhamos em cuidar do pequeno grão de mostarda,  que por muitas outras pessoas poderia ser descartado, para regá-lo e cuidá-lo, porque sabemos que ele vai se tornar uma árvore frondosa!

Você já encontrou este Reino? Eu acho que encontrei. E tranquilamente posso abrir mão de todo o resto para viver na riqueza e na alegria deste reino tão singelo, que ainda vai se complementar em algum dia, vai crescendo em minha vida, em nossas vidas. Eu tenho certeza de que você também já o encontrou, e se for sincero consigo mesmo, consigo mesma, vai lembrar que também estará pronta, pronto para abdicar mão de tudo para viver plenamente em sua presença.

Porque diante da trivialidade dos valores do nosso mundo, dos vãos valores da sociedade de consumo, do prazer, da competição,  da exploração do trabalho, da superficialidade das curtidas e das visualizações, o Reino de Deus abscôndito que se revela em nossa vida nos convence de imediato. Nos convence porque em sua vivência encontramos a pérola do amor, a semente da esperança,  os frutos da paz e da justiça,  a promessa da vida digna. E ela está aqui ao nosso lado, do meu lado, do teu lado. Olha com os olhos do teu coração que não será tão difícil encontrá-lo.

Mas lembre-se,  Jesus nos adverte. Pode ser que a gente permita que a superficialidade da vida,  trivialidade das propostas de felicidade deste mundo nos enganem, nos afastem de reconhecer a dádiva de amor e de vida que graciosamente recebemos de Deus em cada esquina, em cada crise, em cada momento feliz, em cada passo da nossa jornada. E daí,  bom, daí nossa vida realmente vai ser uma vida sem valor e sem sentido. E Jesus lembra que uma vida assim perde o seu valor, pode ser jogada ao fogo como palha, porque de nada mais serve para nninguém.

Que neste tempo de Pentecostes o Espírito de Deus nos oportunize vivermos com olhos e corações atentos para encontrar o seu Reino de amor, alegria e paz nas pequenas coisas da nossa vida. E que nós possamos, pelo poder deste Espírito,  dar testemunho desta fé e desta esperança,  enquanto caminhamos em conjunto na espera da plenitude do Reino que Deus nos oferece por bondade e amor.

“Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra,  Senhor, e luz para o meu caminho”. Amém


P. Dr. Felipe Gustavo Koch Buttelli

Goiânia – Goiás (Brasilien)

felipebuttelli@yahoo.com.br

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