Lucas 23.33.4

Lucas 23.33.4

PRÉDICA PARA O DOMINGO CRISTO  REI |  20 novembro de 2022 | Lucas 23.33.43 | Valdemar Lückemeyer |

Prezadas irmãs, prezados irmãos!

Não acham estranho termos este texto bíblico que acabamos de ouvir, que relata a crucificação e a morte de Jesus,  como texto base para a pregação deste domingo?  A data  mais apropriada para a pregação deste texto  é sexta-feira santa, afinal, é neste dia que é lembrada, de forma especial,  a crucificação e morte de Jesus!

Hoje, 20 de novembro, estamos longe da semana santa, estamos até bem perto do fim do ano eclesiástico. Portanto, em poucos dias estaremos celebrando Advento!  E mesmo assim, o texto base da prédica para hoje é Lucas 23 – o texto que ouvimos e ele é ao mesmo tempo o Evangelho deste  domingo.   No calendário litúrgico da Igreja Cristã este domingo recebe o nome de DOMINGO CRISTO REI. É a data reservada no calendário para destacar, de forma bem clara e forte, que Jesus, filho de José e Maria, nascido lá na distante e pequena Belém, é realmente e verdadeiramente o Filho de Deus, o Messias prometido e esperado, o Rei aclamado pela multidão, quando entrou em Jerusalém: “Que Deus abençoe o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória a Deus”  (Lucas 19.38).   Celebramos,  pois,  hoje o Domingo Cristo Rei. Que a Palavra de Deus  deste domingo nos anime e  encoraje mais e mais para sermos “súditos”,    seguidores fieis e decididos deste Rei!

Os conterrâneos de Jesus estavam esperando já há muito tempo o cumprimento das promessas de Deus anunciadas por vários profetas. Isaías, por exemplo, anunciou: “Ele será descendente do rei Davi; o seu poder como rei crescerá, e haverá paz em todo o seu reino. As bases do seu governo serão a justiça  e o direito, desde o começo e para sempre. No seu grande amor o Senhor, o Todo-Poderoso, fará que tudo isso aconteça”  (Is. 9.6ss).

Esperança frustrada? A expectativa e a ansiedade eram grandes. Quando Deus cumpriria as suas promessas de enviar o Messias?  Será que é ele, o agora crucificado, acusado de revolucionário, de blasfêmia contra Deus?  Este aí é para ser o enviado de Deus, o Salvador?

As autoridades romanas ridicularizaram ele identificando-o como “rei dos judeus”. Os soldados zombavam dele,  provocando-o para mostrar seu poder e força salvando-se a si mesmo, se pudesse!  Também para o povo judeu sobrou zombaria por parte das autoridades romanas, quando estas o enquadravam como o rei deles, “Jesus de Nazaré, o rei dos judeus”  – um rei assim, crucificado entre ladrões e criminosos!! Um rei fraco, estranho, um revolucionário que acabou  condenado na cruz entre desordeiros! Ele, o enviado de Deus?  “Ele salvou outros. Que salve a si mesmo,  se é de fato o Messias que Deus escolheu” (V.35).   Mas não foram apenas as autoridades que duvidaram dele como o enviado de Deus. Inclusive os discípulos esperavam o Salvador bem diferente, muito diferente! Eles também aguardavam um rei forte, poderoso, majestoso . “Prometa que estes  meus  dois filhos sentarão à sua direita e à sua esquerda, quando o Senhor se tornar rei”  (Mt 20.21) foi o pedido da mãe de dois discípulos!

Há poucos meses vimos na TV longas reportagens mostrando o velório e a pompa do sepultamento da rainha Elizabeth II da Inglaterra. Quanta pompa, quanta ostentação, quanta guarda real e civil,  quanta segurança dentro e fora do palácio, dos castelos…. e tudo isto para uma rainha, conforme a imprensa, modesta  e sóbria!!!  Quantos súditos e empregados tinha ao seu redor? Quantas residências  e quanta terra  faziam parte dos seus bens materiais?  Em breve teremos outro amostragem desta pompa  que acompanha  reis, quando o rei Charles será entronizado!

“Entre vocês não pode ser assim” , diz Jesus para os seus seguidores (Mt 20.26). Ele mostrou, ensinou e vivenciou isso: um Rei absolutamente diferente, sem coroa de ouro e brilhantes, mas sim de espinhos,  sem manto real, mas com roupa simples, que inclusive  foi sorteada entre os guardas.  Por isso tem lugar a pergunta: onde está a realeza dele, onde está o poder deste homem de Nazaré?  Ele decididamente  não se enquadra nos valores humanos e “mundanos” para ser rei, e muito menos nos moldes das realezas “deste século”, deste mundo. O seu Reino não é deste mundo!

Prezada comunidade, Deus inverte totalmente tudo o que nós julgamos como valioso, importante, grande!  Ele vem ao nosso encontro, vem a nós, na criança que nasceu na periferia, lá no interior e não na capital, vem simples e humilde,  na pessoa de Jesus, que não tinha nenhuma posse ou bens, nem mesmo  “onde reclinar sua cabeça”!  A sua alteza, a sua grandeza está no SERVIR! Ele é um rei que serve, que veio para servir e  não para ser servido, que ensinou que grande e importante é aquele que serve. E ele ensinou e convidou  os seus ouvintes e seguidores para  se tornarem cidadãos e cidadãs de um Novo Reino, um reino onde o amor é a base de todo o relacionamento, de toda a vida.  Este reino não tem limites geográficos, tampouco pode ser visto, mas está  dentro das pessoas que amam a Deus e ao próximo como a si mesmos (Lc 17.21); este reino pode ser buscado (Lc 21.31) e recebido (Lc 18.17).

Dimas, um dos criminosos/ladrões, percebeu que ali, ao seu lado, na cruz, estava aquele que não tinha culpa nenhuma e que era o anunciado pelos profetas. Por isso ele pediu para Jesus: “Lembre-se de mim quando o senhor vier como Rei” (23.42). O outro criminoso/ladrão zombou de Jesus! Um rei assim? Não!

A aceitação por um lado e a rejeição por outro lado deste crucificado continuam  atuais, assim como outrora o foram. Uns o aceitam, outros o rejeitam. Uns o tem como seu Senhor, como seu Mestre e Salvador; outros o veem apenas como um grande líder, ou talvez nem isso!

Irmãos, irmãs! Pelo batismo Deus nos integrou na Sua grande família. Somos cidadãos e cidadãs do Seu Reino. Também por isso estamos aqui celebrando em culto este Domingo Cristo Rei. Vamos testemunhá-lo como nosso Rei. Vamos viver como cidadãos e cidadãs que se identificam em palavras, atitudes e pensamentos com as propostas do Seu Reino. Vez e outra temos dúvidas, se ele realmente é Rei?  Que a Sua Palavra então nos repreenda, assim como ele fez com Tomé: “Pare de duvidar e creia”! “Meu Senhor e meu  Deus! Exclamou Tomé.

Ele é nosso Senhor e nosso Deus! Ele é nosso Rei. Ele nos serviu e, por isso, nós também queremos servir!

Sabemos que ele não ficou na cruz, mas  vive e vai adiante de nós chamando-nos para sermos seus seguidores  buscando nele o exemplo para viver com Deus e com nosso próximo.

 Jesus, tu és diferente.

Tu te colocaste ao lado da mulher adúltera, quando todos dela se distanciaram.

Tu visitaste o cobrador de impostos, quando todos se exaltaram contra ele.

Tu chamaste as crianças para ti, quando todos as queriam mandar embora.

Tu perdoaste Pedro, quando ele mesmo se condenou.

Tu afugentaste o diabo, quando todos outros teriam caído diante dele.

Tu prometeste o reino do céu para o ladrão, quando todos desejavam o inferno para ele.

Tu chamaste Paulo para o discipulado, quando todos o temiam como perseguidor.

Tu fugiste da glória, quando todos queriam te fazer rei.

Tu curaste doentes, quando eles foram abandonados por outros.

Tu calaste, quando todos te acusaram, zombaram e surraram.

Tu morreste na cruz, quando todos festejavam seu Passah.

Tu tomaste a culpa para ti, quando todos lavavam suas mãos na inocência.

Tu ressuscitaste da morte, quando todos pensavam, estava no fim.

Jesus, eu te agradeço, que tu és diferente.

  1. Valdemar Lückemeyer

Carazinho – Rio Grande do Sul (Brasilien)

pvluckemeyer@gmail.com

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