Mateus 1.18-25

Mateus 1.18-25

PRÉDICA PARA O 4º DOMINGO DE ADVENTO | 18.12.2022 | Mateus 1.18-25 | Eloir Weber |

 Providências prévias:

Convidar uma mulher para preparar um depoimento real, no máximo 5 minutos, sobre as memórias de sua primeira gravidez. Pode-se montar um pequeno cenário com uma poltrona, onde a pessoa, conforme a sua desenvoltura, pode fazer uma cena de monólogo contando fatos e sentimentos reais ligados com a sua primeira gravidez.

Uma segunda providência prévia é a preparação de palavras cruzadas, conforme a imagem a seguir (uma preenchida e outra em branco). Sugere-se escrever, ao longo da pregação, com pincel atômico em um “flip chart” (ou um quadro branco) a palavra “ADVENTO”, na vertical (insisto na escrita manual e gradativa porque vai criar uma expectativa maior entre as pessoas participantes do culto). E, na sequência da pregação, escrever as palavras na horizontal (em cor diferente da palavra chave) até completar o quadro de palavras cruzadas.

Pregação

 (A reflexão inicia com o monólogo da mulher convidada a dar o seu testemunho da primeira gravidez)

Querida comunidade. Quando acompanhamos um depoimento real, como o que acabamos de ouvir, a gente se identifica. Criamos imagens na nossa mente, fazemos relações com eventos da nossa própria vida. Isso tudo faz surgir emoções e sensações. E, também, faz perceber o amor de Deus que se revela a nós em tantas situações na vida. Isso é graça que gera gratidão.

O tempo de Advento (escrever a palavra ADVENTO no quadro, na vertical, conforme sugestão acima) é especial porque, por um lado, é a preparação para o Natal de Cristo, por outro lado, é a preparação daquilo que esperamos em Cristo: o Reino de Deus. Advento aponta, especialmente, para aquilo que de mais precioso Deus está preparando para a humanidade: o seu Reino virá e, pela sua graça, misericórdia e perdão, há de nos convidar para fazermos parte dele. Por isso é um tempo de gestação – gestar fé, gestar esperança, gestar vida. E neste tempo de gestação, a palavra bíblica nos remete ao tema.

A palavra Bíblica para esse quarto domingo da Advento está escrita no evangelho de Mateus 1.18-25 (aclamar o evangelho cantando “Aleluia”) …( ler o evangelho).

Você que já é mãe ou pai, sabe como são as sensações e as emoções de esperar um filho/uma filha. Quem não passou por essa experiência, certamente já vivenciou a gravidez de alguém da família. A palavra bíblica relata os acontecimentos que envolveram o nascimento de Jesus. Maria (escrever MARIA no espaço de palavras cruzadas do quadro – conforme sugestão acima) ficou grávida do Espírito Santo. Ela era noiva. A gravidez, nestas condições era um risco muito grande para a mulher. Conforme a lei da época, ela poderia até sofrer a pena de morte, por apedrejamento.

A nossa tradição religiosa luterana fala pouco de Maria, a mulher que ganhou o presente de gestar o Salvador, o Messias. No entanto, o Reformador Martim Lutero tinha uma bonita afeição por Maria: pela humildade e submissão à vontade divina, pelo papel dela como mãe do Salvador, por tudo o que ela representou na encarnação divina. Lutero se referiu à Maria como: “doce mãe de Deus”. É bonito olhar para este ser humano, a Maria, com ternura e respeito. Ela teve um papel único e honrado da parte de Deus na história da salvação. Isto não muda em nada a nossa confissão de fé de que o único salvador é o filho de Maria, que é o Filho Unigênito de Deus: Jesus Cristo.

Vamos tentar imaginar e nos colocar no lugar de Maria. Uma jovem mulher. Solteira. Com casamento marcado com José. Virgem. Apareceu grávida (escrever GRAVIDEZ no quadro). Que escândalo! Quanto assunto para os fofoqueiros! Como esta notícia cairia para a sua família, seus vizinhos, seu futuro esposo? A gravidez por si só aflora emoções e sensações. Mas em algumas situações, ela pode trazer angústias muito grandes. Para a jovem Maria, certamente foi um tempo de incertezas, mas de profunda fé e de entrega a Deus.

E é nessa perspectiva de profunda entrega a Deus, como gesto de fé e de confiança, que se percebe bem forte na receptividade da Maria, que a vida encontra o seu desdobramento (escrever VIDA no quadro). O texto bíblico é repleto de vida. É assim que a história do Deus que se encarna em forma humana em Jesus Cristo para interferir na vida que por ele foi criada. Dessa vida nós, humanos, fazemos parte como seres criados a imagem e semelhança de Deus. Logo, advento é tempo de valorizar a vida de todas as pessoas, resgatar a dignidade e perceber que a graça de Deus se manifesta e se vivifica em cada ser humano.

O texto bíblico de hoje fala também de fidelidade (escrever FIDELIDADE no quadro). A fidelidade de Deus é a primeira que recebe destaque na história da encarnação de Cristo. Deus, em sua fidelidade, cumpriu a promessa da vinda do Messias. O Reino já está inaugurado e se tornará pleno por causa da fidelidade de Deus para com a sua aliança com a humanidade. Assim, se percebe a fidelidade de Maria em relação ao seu Deus. Ela se coloca à disposição movida por uma fé profunda que crê e confia. Da mesma forma, José também é testado em sua confiança na sua noiva. A descoberta da gravidez da sua noiva necessitou de José um exercício de profunda confiança na fidelidade de Maria.

A fidelidade de Deus para com a humanidade resultou no nascimento de Jesus Cristo, o Deus encarnado (escrever MENINO no quadro). Sobre o menino Jesus, o evangelista Mateus, no texto de hoje, cita a palavra bíblica do profeta Isaías (7.14). Ao citar o texto do Antigo Testamento, se deseja demonstrar que a promessa é cumprida e a esperança lançada há muito tempo estava sendo concretizada. O nome do menino, conforme orientação do anjo de Deus para José, deveria ser Emanuel, cujo significado é “Deus conosco” (v. 23). O objetivo da encarnação divina fica expresso no v. 21, onde diz que “ele salvará seu povo dos pecados deles.” A salvação, por meio do perdão de pecados, se concretizou na cruz e no túmulo vazio. Assim, Natal e Páscoa se unem no mesmo propósito divino. Não há como dissociar a encarnação no Natal, da vida terrena de Jesus e da sua morte e ressurreição.

O nascimento desse menino nos faz comunidade. E comunidade significa viver em unidade comum: juntos (escrever JUNTOS no quadro). Na unidade do Deus Pai, do Filho e do Espírito Santo somos cobertos pela graça, que nos concede perdão e salvação. E nessa mesma direção caminharam Maria e José. Pela ordem do anjo de Deus, que veio em sonho a José, se fez uma família (v. 24). E para dentro dessa família nasceu o Salvador. Junto com a mãe e o pai, Jesus ensaiou os primeiros passos, experimentou a vida humana como ela é. O Advento e o Natal nos convidam para, juntos, celebrarmos, vivermos e nos fortalecermos. Nessa perspectiva podemos, juntos, como comunidade de fé viver e caminhar porque o Espírito de Deus nos une, nos congrega e nos coloca em movimento.

A última palavra de nosso Palavras Cruzadas é José (escrever JOSÉ no quadro). Quem era esse homem? Conforme o texto, era homem justo que não queria envergonhar Maria (v. 19)  [“difamar” é usado na NTLH – “infamar” é usado por Almeida]. O texto mostra uma pessoa companheira, carinhosa, cuidadosa, respeitosa e acolhedora. Essa é a personalidade de José, que refletia (v. 20) sobre todos esses acontecimentos com fé em Deus.

Estamos iniciando a semana que nos aproxima do Natal de Cristo. Na família construída por Maria, José e Jesus somos lembrados das voltas que a vida dá. Nem sempre tudo é planejado na família, mas tudo está aos cuidados da generosa mão de Deus que guia, fortalece, sustenta e une. E hoje, tanto no depoimento da nossa amiga (monólogo), quanto no relato bíblico e na reflexão que fizemos, sentimos que o Natal tem a ver com a nossa vida concreta, nosso dia a dia está estampado na imagem do presépio. Nossa vida é colocada no centro dos eventos natalinos.

Que a paz e a graça de Jesus Cristo venham e permaneçam com vocês neste tempo de Advento e Natal e também ao longo da vida. Amém.

Eloir Enio Weber

São Leopoldo – Rio grande do Sul (Brasilien)

eloir@sinodal.com.br

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