
20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES
PRÉDICA PARA O 20º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – 18 de outubro de 2020 | Texto da prédica: 1 Ts 1.1-10 | Paulo Einsfeld |
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós. Amém.
Você ainda lembra quando seu filho ou sua filha começou a falar? Balbuciava “papa”, “mama” e isso era uma festa para vocês! Ou você acompanhou essa fase de um sobrinho ou neto recentemente? Aos poucos aprendia palavras novas. E nos surpreendia com uma palavra nova usada fora do lugar. Era motivo de risadas.
A Primeira Carta aos Tessalonicenses pode ter sido o primeiro livro do Novo Testamento a ser redigido. Estamos por volta do ano 50 da era cristã. Sendo o primeiro documento escrito, temos aqui palavras novas que passaram a impactar as pessoas cristãs para sempre. Que palavras seriam essas? Vamos verificar no texto de hoje.
Na saudação inicial, os três autores, Paulo, Silas e Timóteo, escrevem à Igreja de Tessalônica. “Igreja”, eklesia era uma palavra com novo sentido. Antes significava a reunião do povo em assembleia para decidir as coisas referentes à vida na cidade. Agora significa uma comunidade cristã que se reúne em nome de Jesus Cristo. Um sentido novo, revolucionário, desconhecido do mundo da época.
Outra palavra nova que os tessalonicenses têm no papel é “evangelho”. Até então a palavra significava a notícia de vitória trazida pelos mensageiros dos campos de guerra. Agora, evangelho significa a boa notícia a respeito da salvação em Cristo Jesus.
Eu imagino a alegria desses primeiros leitores ao lerem palavras como “irmãos amados por Deus”. É certo que conheciam o que isso significava. Paulo e demais missionários pregaram o evangelho de Cristo naquela cidade, fundaram a comunidade e ensinaram por um tempo os conceitos básicos da nova fé cristã.
Mas agora é diferente, numa carta, escrita em material caro, eles, uma pequena e frágil comunidade, recebem palavras tão preciosas de elogio e de apoio. É como se ouvissem a própria voz do apóstolo Paulo: “nas nossas orações sempre damos graças a Deus por vocês! ” Como lhes fez bem receber elogios sobre a fé que eles puseram em prática, e como sofreram para amar os outros, e como era firme a esperança na vinda de Cristo. E, além disso, ainda ouvem que foram bom exemplo para outras comunidades!
Prezada Comunidade! Como estão desgastadas palavras e conceitos centrais da fé cristã. Palavras como Igreja, evangelho, irmãos e irmãs, graça e paz, muitas vezes não nos dizem mais muita coisa. Mas elas têm um conteúdo que contagia, que anima quando moram dentro dos corações, e não só nas cabeças. Quando não são apenas conceitos, mas falam de um novo estilo de vida e de um novo modo de se relacionar com os outros.
“Igreja” é comunidade viva! É formada por diferentes membros unidos que formam um corpo, Paulo diria mais tarde aos coríntios. É importante que a gente redescubra hoje que “Evangelho” é a mensagem boa e alegre sobre Jesus Cristo. “Evangelho” vai além de uma prédica como essa. Evangelho é forma como a prédica se aninha em nosso coração e transforma emoções, pensamentos e atitudes.
Temos diante de nós uma comunidade que sofre perseguições do Império Romano porque adora somente Jesus, o Cristo como único Senhor, o kyrios. O governante romano era considerado deus na terra. Quando pessoas cristãs da época se negavam a prestar culto ao Imperador, a Cesar, sofriam retaliações por isso. Paulo reconhece que eles deixaram ídolos para trás e passaram a servir ao Deus vivo e verdadeiro. Essa comunidade pequena, composta por gente pobre, essa comunidade sofrida e perseguida é elogiada por Paulo.
Sabemos nós elogiar as pessoas que colaboram em nossa comunidade? Quantas vezes observações críticas e maldosas saem rapidamente da boca! Quantos comentários e fofocas dividem famílias e comunidades! Mas como faz bem ouvir um “muito obrigado” pelo que você fez. Hoje, eu pregador/ra quero dizer a vocês um “Muito Obrigado!”. “Obrigado pelas palavras de incentivo recebidas nessa pandemia! Muito Obrigado a vocês, presbíteros/as pela dedicação à comunidade! Obrigado ao grupo de louvor! Ao grupo da OASE …. Muito obrigado pelo teu serviço em favor da causa de Deus nessa comunidade! ” Sim, nós na IECLB temos muitos motivos de gratidão pelas pessoas preciosas que estão ao nosso lado. Que estão ao teu lado, meu irmão, minha irmã na fé.
A comunidade dos tessalonicenses foi exemplo e modelo para outras comunidades das regiões vizinhas da Macedônia e da Acaia. A comunidade foi missionária. Será que a minha comunidade de fé pode ser tomada como modelo para outras? Em que nós podemos animar outras pessoas na caminhada de fé, de amor e de esperança?
As comunidades vizinhas ouviam falar três coisas sobre os tessalonicenses. Ouviam falar que eles receberam bem o apóstolo Paulo e seus companheiros. Eram hospitaleiros. Se comportaram como verdadeiros irmãos, como família da fé. Merecem ser chamados de “irmãos amados”. Como anda a hospitalidade entre nós? Ainda abrimos nossas casas para receber visitas? Para acolher um pequeno grupo de estudo bíblico e comunhão? Sabemos acolher bem as pessoas “de fora”, que vêm morar em nossa localidade, em nossa cidade?
E uma segunda coisa que causou boa impressão foi o abandono dos ídolos para se voltarem somente a Deus. As cidades antigas estavam cheias de templos dedicados a deuses diversos. Também o poder político tinha algo de religioso, sendo César considerado um filho de Deus. Aquela comunidade renunciou à idolatria, e passou a servir e adorar somente Jesus Cristo, como Senhor e Deus.
Eu volto a lhes perguntar: que ídolos modernos pedem nossa adoração? Há hoje em dia um supermercado religioso, místico, espiritual para todos os gostos. Como escolher o melhor? Os ídolos podem ter aparências bonitas do sucesso, da riqueza, do lucro fácil. Os ídolos hoje têm a ver com imagens e mensagens de Internet que elogiam a vaidade, o egoísmo, a vantagem, o sucesso. Quantos casais são abalados porque uma terceira pessoa se infiltrou através da Internet! E quanta indecência e imoralidade é aí divulgada!
A terceira informação que chegou aos vizinhos é que essa comunidade vivia na esperança da volta de Cristo para juízo e salvação. É gente que sofre no tempo presente, mas aguarda o futuro de salvação e alívio da dor. A esperança deles não é simplesmente uma fuga dos sofrimentos desse mundo. A esperança cristã é como uma âncora, diz Hebreus 6.19. Âncora que é jogada lá na frente, fora do barco, mas que mantém a tripulação fora do perigo. Que nós também tenhamos essa esperança na salvação completa em Cristo, para vivermos esses dias de pandemia com suas limitações, com paciência, novo ânimo e com criatividade para que o bom e alegre Evangelho chegue a mais gente. Que os bons exemplos desses irmãos e irmãs da primeira hora do cristianismo sejam fonte de inspiração hoje e nos dias que se seguem. Amém.
P. Paulo Sérgio Einsfeld
Nova Petrópolis – Rio Grande do Sul, Brasilien