João 15.9-17

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PRÉDICA PARFA O 6º DOMINGO DE PÁSCOA | 5 de maio de 2024 | João 15.9-17 | Martin Volkmann |

Cara comunidade. Irmãos e irmãs em Cristo!

No calendário litúrgico, no período após a Pascoa rumo a Pentecostes, este domingo se chama Rogate, palavra latina que significa orai, rezai. Assim esse domingo nos lembra especialmente da prática da oração na vida cristã. Orar é fundamental para entrar e permanecer em comunhão com Deus.

O texto de prédica – Jo 15.9-17 – está inserido no grande discurso de despedida de Jesus aos seus discípulos antes de sua paixão e morte (13-17). Como em outras passagens do relato de João (p.ex. 14.21), o tema central dessa unidade é o amor: o amor de Deus para com Jesus, o amor dele para com os discípulos e o desafio para que eles permaneçam nesse amor.

O substantivo ‘agape’/amor e o verbo ‘agapao’/ amar aparecem nove vezes nessa unidade. O verbo ‘agapao’ refere-se:

– ao amor de Deus para com Jesus (v.9);

– ao amor de Jesus para com os discípulos (v.9, 12);

– ao amor mútuo entre os discípulos (v.12, 17).

Já o substantivo ‘agape’ refere-se:

– ao amor de Jesus (v.9, 10);

– ao amor de Deus (v.10);

– ao amor do discípulo que dá a sua vida em favor do próximo (v.13).

Portanto, o tema central dessa unidade é o amor que tem sua origem em Deus e que se manifesta em Jesus e que, a partir dessa manifestação divina do amor, determina a relação amorosa entre os discípulos.

Amor e amar são uma realidade bem presente no convívio humano. Pais amam seus filhos e filhas e expressam esse amor de múltiplas formas: zelando pelo seu bem-estar, orientando para uma vida correta e responsável, acolhendo-os/as em seus braços nos momentos de dor e sofrimentos. Por sua vez, filhos e filhas amam seus pais por essas manifestações de cuidado e afeto e o expressam esse seu amor com manifestações de carinho, de respeito, de solidariedade. Seguidamente se ouve de pais para filhos e filhas e vice-versa: “eu te amo”.

Algo semelhante podemos ver na relação entre casais de namorados e de pessoas casadas. O amor é a base dessa relação. Foi a chama do amor que levou essas duas pessoas a se relacionarem mais profundamente e a optarem em conviver juntamente numa vida matrimonial. E seguidamente ela diz para ele e ele para ela: “eu te amo”.

Mas uma relação marcada pelo amor também existe entre pessoas amigas. Elas têm interesses comuns, elas se ajudam mutuamente, elas se visitam e promovem diversos eventos em conjunto.

Em suma, a vida humana nas diferentes formas de convívio e de relacionamento só é possível na base do amor.

Mas também tem o reverso da moeda. Mesmo na relação entre pais e filhos/as, entre casais de namorados, entre marido e mulher o amor pode se tornar mera fachada. Não é mais autêntico, só serve para interesses próprios e não contribui para edificação mútua e de cada qual. Nessas situações o “eu te amo” é mera formalidade que não expressa mais o valor da relação mútua. Mesmo que não chegue ao extremo do ódio, em última análise é expressão de desamor.

Mas assim como o amor é uma realidade marcante do convívio humano, também a falta de amor, o desprezo e o ódio marcam a realidade humana. Quanta desgraça pessoal, quanta destruição da autoestima, quanta morte o desamor em relação à outra pessoa causa!

O que esse testemunho do amor de Deus e de Jesus pode significar para essa realidade de amor/desamor entre as pessoas? De que maneira o amor mútuo dos discípulos pode ser marcante para o amor entre as pessoas?

Olhemos para a maneira de ser de Jesus! Os diversos relatos sobre o encontro de Jesus com as mais diferentes pessoas evidenciam essa realidade: através de palavras e de gestos, Jesus transforma a situação das pessoas. Ao cego na beira do caminho ele restabelece a visão (Mc 10.46-52, cf. também Mt 9.27-31; Mc 8.22-26); doentes são curados (Mt 8.1-3; 12.9-13; 15.21-28); são curados e são-lhes perdoados os pecados (Mt 9.1-8). Também de pessoas não com enfermidades Jesus transforma sua realidade com o convite para o seguimento: pescadores são convidados a segui-lo e transformados em “pescadores de homens” (Mt 4.18-22); diante do convite de Jesus, o coletor de impostos deixa o seu posto e o segue (Mc 2.13-14); a mulher samaritana, que no encontro com Jesus e no diálogo sobre a água, aceita a oferta de água viva e vai convidar todo o povoado para conhecer o Cristo (Jo 4). Todos esses exemplos mostram a maneira de ser e de agir de Jesus motivada e marcada pelo amor. Em toda a maneira de ser de Jesus se revela o amor de Deus em relação às pessoas. E quem percebe/recebe esse amor sente a transformação que ele causa. Portanto, no encontro com Jesus em que recebemos e sentimos o amor de Deus por nós, nossa vida ganha novo rumo e sentido. Mesmo a partir do que dizíamos sobre a presença de amor na realidade humana, a experiência de receber o amor de Deus muda todo o nosso ser e passa a determinar o relacionamento, o amor entre as pessoas.

O que isso significa para o amor dos discípulos de Jesus em relação à pessoa que recebe esse amor? Sem dúvida alguma, o amor cristão é expressão de afeto, de simpatia, de boa relação com a outra pessoa. Mas a partir do exemplo de Jesus, o amor do cristão em relação ao próximo é mais profundo. Ele gera transformação. Ele causa mudança na pessoa que ama e na que recebe o amor.

E ainda mais um aspecto. Essa atitude amorosa do discípulo de Jesus é expressão da obediência, do seguimento ao Mestre. E nessa postura de vinculação íntima com o Senhor a pessoa pode pedir a Deus por orientação e ajuda. Também essa postura de busca de apoio por parte de Deus evidencia que nosso amor precisa sempre de novo de orientação, de correção e de motivação.

Ouçamos, pois, o desafio, o convite de Jesus a seus discípulos e a nós hoje: “Permaneçam no meu amor”. Esse convite tem essa dupla dimensão. Em primeiro lugar, de nos lembrarmos sempre novo do amor que recebemos de Deus e que sustenta a nossa vida. Do amor de Deus que nos perdoa e nos acolhe apesar de nossos pecados. Por outro lado, por vivermos totalmente desse amor de Deus por nós, sigamos o exemplo de Jesus e amemos o nosso próximo. Do amor de Deus recebido nasce a força e a orientação para viver o amor ao próximo.

Que esse pedido e desafio de Jesus nos acompanhe e nos oriente na nossa caminhada de fé hoje e sempre. Amém.

P. Me. Martin Volkmann

São Leopoldo – Rio Grande do Sul (Brasilien)

Martinvolkmann44@gmail.com