3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES

· by predigten · in 02) Markus / Mark, Beitragende, Current (int.), Kapitel 04 / Chapter 04, Neues Testament, Paulo Sérgio Einsfeld, Português, Predigten / Sermons

PRÉDICA PARA O 3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – 13 DE JUNHO DE 2021. | Texto bíblico: Marcos 4. 26-34 | Paulo Sérgio Einsfeld |

Que a graça de nosso Senhor  Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Esp. Santo estejam com todos nós. Amém.

É possível que você tenha ouvido e visto manchetes como essas nos últimos dias:

– Cresce o número de pessoas vacinadas;

– cresce o número de infectados pela COVID;

– crescem os índices de desemprego;

– aumenta o número de pessoas com ansiedade e depressão na pandemia.

Eu fico me perguntando: O que está crescendo dentro de mim? Olho ao redor e pergunto: O que está crescendo no mundo?

As duas parábolas de Jesus indicadas para hoje falam de crescimento. Vamos conferir ouvindo o texto de Marcos 4.26-34.

As duas parábolas têm coisas em comum. Falam de pequenas sementes que germinam, crescem e amadurecem. No início era algo bem pequeno, quase insignificante; depois virou  algo grande e belo: um pé de trigo e uma árvore, a mostarda. Em ambos os casos, o agricultor fez pouca coisa, quase nada, apenas semeou a semente na terra, e essa deu conta de fazer as plantas crescerem. Nas duas parábolas, Jesus fala sobre o reino de Deus, seu reinado ou domínio de Deus, que começa pequeno, e se torna grande.

Também há diferenças entre as duas. Vamos observá-las mais de perto. Um homem ou uma mulher jogam uma semente na terra,  ou várias sementes, provavelmente de trigo. Cobrem com um pouquinho de terra fofa. E depois esquecem o que fizeram. Passam dias e noites e quem semeou se ocupa com outras coisas. Num dia desses vai olhar sua plantação. Que surpresa! Tudo germinou e está crescendo muito bem! Agora é só esperar amadurecer e cortar os pés com a foice.

O que chama a atenção é que nosso agricultor fez muito pouco. A terra boa se encarregou de fazer tudo. Sol e chuva vieram na medida certa. Ele pôde descansar, passear e fazer outras coisas no tempo em que a planta cresceu.

Nessa parábola Jesus diz que o Reino de Deus cresce sem nosso esforço.  Ou o Senhorio de Deus acontece sem nossa ação. O que temos a fazer é semear a Palavra de Deus. Deus vai fazê-la crescer. Um dia chegará a colheita. A colheita na Bíblia significa o dia que Deus vai julgar as pessoas. A volta de Jesus vai ser como a colheita: o trigo vai ser separado do joio, como diz outra parábola.  Será um tempo de muita alegria, o ponto alto de toda a semeadura feita pelas pessoas cristãs. Também será tempo de juízo e de condenação para quem se negou a semear as sementes do reino de Deus.

A parábola do grão de mostarda fala de um início pequenino. Podemos pensar no pequeno grupo de discípulos com Jesus. Depois o número de seguidores cresceu. Os cristãos passaram para milhares e milhões de pessoas.  A árvore da fé cristã cresceu e há mais lugar pra mais gente nos seus galhos. Ou dito de outra forma, no início era apenas a pregação de Jesus. Um dia o domínio de Cristo acontecerá por sobre todos os povos e nações. O Apocalipse fala dessa esperança. Nós nos dirigimos a ela.

Também aqui o crescimento da planta que se torna árvore não depende do esforço do semeador, da semeadora. Essa verdade nos convida a confiar mais em Deus, que faz os frutos do evangelho crescer entre nós.  Nos convida a descansar no Senhor. Nós pregadores e presbíteros, é verdade, estamos preocupados com o que vai ser da nossa Comunidade, da nossa Igreja depois da pandemia. Quantos vão voltar? Teremos condições de sustentar nossas Paróquias?

O que temos a fazer não são cálculos. O que temos que deixar crescer em nós não são preocupações, ansiedade, medos. O que temos a fazer é continuar semeando a Palavra, convidar pessoas a se unir e reunir conosco, na medida do que é hoje possível.   O que importa é deixar crescer em nós a fé, a esperança e o amor, a tríade de Paulo em 1 Coríntios 13.  Eu não disse fazer crescer, ser ativista, fazer acontecer, mas deixar crescer em nós.  É um abrir-se para a ação de Deus pelo Espírito Santo. É uma sadia passividade. É um jeito de confiar que Deus continua fazendo sua obra em nós.  Paulo escreveu aos coríntios: Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus! (1 Co 3.6)

Eu perguntei no início dessa prédica: O que está crescendo dentro de nós? E lembrei da canção infantil: “Convém que Jesus cresça… convém que Jesus cresça mais e mais. E que diminua eu… e que diminua eu mais e mais.”  São palavras do João Batista diante de Jesus.  João não pediu que sua influência crescesse mais entre o povo. Não pediu que sua auto- estimação aumentasse, que seu valor próprio estivesse num alto patamar. São coisas ditas hoje em palestras de motivação. E têm seu lugar. Mas diante de Cristo, o melhor que João pode desejar é que a influência de Jesus crescesse. E ele, João, como seta que indicava o caminho, já tinha cumprido sua missão. Se João pediu para diminuir, isso não significa que se anulou. Mas se colocou como servo em humilde obediência. Esperou honra do próprio Deus e creio que a recebeu.

Assim como a semente age dentro da terra, escondida, no escuro, assim o Evangelho quer ‘crescer’  dentro de nós.   Uso com cuidado o verbo crescer ao me referir à espiritualidade. Porque se pode cair no erro de achar que alguém cresce mais na fé que o outro,  é mais espiritual que o outro. Aí podem surgir julgamentos e formação de grupos dos mais e dos menos espirituais da comunidade.  Precisamos  crescer, não nas rivalidades e comparações, mas unicamente na graça e no conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo, de acordo com 2 Pedro 3.18

Em mim, em você vai crescer aquilo para o qual damos espaço e atenção e investimos criatividade. Na nossa interioridade pode e deve haver espaço para Cristo crescer mais e mais.  Assim seu reinado, seu senhorio se fortalece sobre nossa vida.

Eu também perguntei no início: O que anda crescendo em nosso mundo? Olhando ao nosso redor vemos crescer indiferença e egoísmo, violência e fome, brigas e polarizações. Mas também vemos surgir muitos sinais de solidariedade, de campanhas de ajuda aos necessitados. Sim, sinais do reino de Deus  continuam sendo colocados. É hora de fazer crescer esses gestos, essa postura de amor, de cuidado, de diaconia.  E que nosso bom Deus nos dê a tranquilidade de nele confiar em todos os tempos. Como diz o hino: “Há sinais de paz e de graça, nesse mundo que ainda é de Deus. ” (LCI 582) Amém.

Pastor Paulo Sérgio Einfeld

Nova Petrópolis – Rio Grande do Sul (Brasilien)

peinsfeld76@gmail.com