
Deus tem Expectativas!
PRÉDICA PARA O 18º DOMINGO APÓS PENTECOSTES | 04.10.2020 | Texto da prédica: Isaías 5.1-7 | verfasst von Werner Kiefer |
Introdução
Expectativas! O agricultor ao semear as suas sementes; o empreendedor(a) em relação a sua empresa; pais em relação aos seus filhos; o mundo todo em relação a pós pandemia que possa ser melhor e ter aprendido a lição do covid19. Estas nos fazem sonhar, olhar para frente, caminhar em direção a um futuro melhor diante das inovações e dos avanços da ciência, inclusive. Uma boa expectativa podemos ter se algo está sendo feito, investimento sendo realizado. Mesmo que não haja garantia, arriscamos, investimos e nos mobilizamos para um presente e futuro promissor.
Acolhemos para este domingo a história de um agricultor que tem expectativa em relação a sua vinha que deseja plantar e cultivar.
Ouçamos Isaías 5.1-7
Vejamos: Um agricultor escolheu a melhor terra. Esta ficava na encosta de um morro, onde batia o sol. Caprichou a tal ponto que amontoou pedras ao redor da sua vinha para que animais não destruíssem a sua parreira. Plantou as melhores mudas porque a sua intenção era colher uvas de boa qualidade. O zelo deste agricultor foi tanto que em meio a plantação levantou uma fortificação na qual ficasse um vigia para que ninguém invadisse a sua plantação. Fez até um lagar, isto é, uma instalação com a qual pretendia, no seu devido tempo, espremer a uva e fazer o vinho. Resumindo, este agricultor fez tudo o que estava ao seu alcance. Era uma parreira que seria modelo, a menina dos seus olhos.
Este agricultor tem enormes expectativas, diante daquilo que tem realizado. Chegou a colheita e foi conferir a qualidade de suas uvas. A vinha tinha produzido uvas amargas, mesmo antes de amadurecer já apodreciam no parreiral. Todo o seu amor investido havia sido em vão. Esperava algo diferente e bem diferente. Que decepção, expectativas não realizadas.
Caso você fosse o agricultor, o que faria com este parreiral de uvas? Deixaria de ser um viticultor, derrubaria tudo e começaria com uma outra atividade neste lugar? Esperaria mais um ano? Deixaria o mato tomar conta?
Imaginar esta situação, talvez não seja algo tão anormal porque experienciamos ou sabemos de alguém outro que tenha vivido algo semelhante assim em sua vida. Alguém foi ajudado com tanto amor, socorrido nas dificuldades, recebido os melhores conselhos, oferecido lugar a comunhão de mesa com a família, inclusive. E, certo dia, esta pessoa aprontou tanto, deixando-te profundamente decepcionado. Usando a linguagem da nossa história: plantou uvas boas e colheu uvas azedas. E agora, o que farás daqui adiante? Ainda confiarás nas pessoas? Ainda continuarás a ajudar alguém ou deixarás que cada um se vire, sendo indiferente para com o teu semelhante?
Voltamos a história inicial do nosso agricultor. Bem interessante foi o que ele fez. Chegou a reunir os moradores da vila e pediu a opinião destes. O que vocês acham, o problema está na videira ou fui eu que falhei neste empreendimento?
A decisão do agricultor foi a seguinte: arrancou aquela proteção ao redor da videira e deixou que os animais entrassem nela e fizessem dela um campo de pasto, sendo pisoteada, inclusive. Estava tão decepcionado que pediu aos céus que não enviasse mais chuva sobre sua vinha.
Observação importante: mesmo diante de tamanha decepção o agricultor não colocou fogo e muito menos derrubou, passando a foice na sua vinha. Ele a abandonou, entregando a vinha a sua própria sorte.
O profeta conta esta história e certamente o povo de Israel se identificou nesta parábola. Israel, nós, povo escolhido por Deus, somos a videira. Deus vem cultivar em nossa vida, comunidade para que haja boas frutas em nossas vidas. Deus tem expectativas conosco. Porque somos amados, escolhidos, salvos por Cristo.
Vejam a história: Deus libertou o seu povo da escravidão no Egito. Conduziu esta gente até a terra prometida. Deste punhado de gente fez uma nação forte e numerosa. Deus fez tudo para que este povo produzisse bons frutos diante de tamanha bondade recebida. O que aconteceu foi bem decepcionante. As boas expectativas de Deus se voltaram em atitudes de exploração dos fracos. A situação chegou a tal ponto que começaram a fazer os seus próprios deuses, dando as costas ao Deus criador e libertador. A enorme bondade de Deus demonstrada se transformou em azedume, ações de violência. Por isso, o juízo de Deus está sendo anunciado através do profeta Isaías
Somos o povo escolhido de Deus. Batismo é sinal da aliança de Deus conosco. A bondade de Deus nos compromete. Deus tem expectativas conosco diante da generosidade revelada. Nós somos a videira que Deus planta e cultiva.
A pergunta é inevitável: Que tipo de frutos temos para ofertar diante da tamanha generosidade de Deus? Será que Deus vai continuar a ter paciência com a sua Igreja, nossa vida? Deus terá paciência com a sua vinha, chamada Brasil, das mentiras que estão disseminadas e da própria falta de discernimento que não desejamos fazer?
Recebemos muitos benefícios da mão de Deus. Vejam a nossa natureza tão exuberante, a diversidade de dons, o potencial existente na comunidade, pessoas que estão aí a se preocupar conosco, oram pela gente, inclusive. A indiferença torna azeda a nossa relação com Deus e nosso semelhante. “O receber nos compromete.” Se pessoas nos decepcionaram isto, ainda não é motivo para tornar-se alheio ao que Deus faz pela nossa vida, por todos nós diariamente. Importa prezar pela fidelidade de Deus conosco em meio as decepções e infidelidades experienciadas no mundo.
Diante das expectativas não correspondidas, a partir de Jesus Cristo, somos informados que Deus começa novamente a cultivar a sua vinha. Deus não desiste. Como se estivesse dizendo agora para si mesmo: não posso abandonar esta gente, esta comunidade, esta vinha chamada Brasil, porque pertencem a mim, eu as amo profundamente. Vejam: fidelidade de Deus não se anula diante da nossa infidelidade.
Jesus Cristo é acontecimento no qual o amor de Deus se ratifica diante das boas expectativas em relação a sua criação. Desta vez, Deus vai até as últimas consequências em amor pela vida, entregando-se a morte na Cruz. Isto significa que Deus não desistiu da sua vinha. Porque Deus é fiel e há sinais de que aqui e ali existem uvas boas sendo colhidas. Há comunidades cristãs que olham com amor para o mundo e se solidarizam através da diaconia, dão testemunho da palavra, acolhem com amor todas criaturas de Deus, zelam pelo meio ambiente. Assim, caminhamos na certeza de que a vinha de Deus é bela, floresce e florescerá plenamente, seja primavera e inverno, verão e outono. Esta expectativa nos contagia a somar as nossas forças para que nos deixemos cultivar e assim corresponder com bons frutos para o Reino de Deus. Que Deus nos ajude! Amém
- Werner Kiefer
Porto Alegre RS