João 6.56-69 / 13ºDom.ap.Pent.

· by predigten · in 04) Johannes / John, Beitragende, Current (int.), Kapitel 06 / Chapter 06, Neues Testament, Português, Predigten / Sermons, Werner Kiefer

PRÉDICA PARA O 13º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – 22.08.2021 | Texto bíblico: João 6.56-69 | Werner Kiefer |

Vivemos num tempo onde acolhemos muitas novidades, como inúmeras tecnologias, novos formatos de formação, grupos que se identificam com as nossas opiniões, inclusive. Ao mesmo tempo, descartamos muitas coisas: não só objetos, mas também vínculos com grupos, pessoas que sempre fizeram parte da nossa convivência. Afinal, o que temos integrado e abandonado em nossas vidas?

Pessoas têm abandonado as suas comunidades ou optado por outras. Mas há aquelas que também desistiram da própria fé cristã. Cada pessoa tem a sua razão para tanto. Abandonar a fé em Jesus Cristo em razão de frustrações, incompreensões e de compromissos.

O Evangelho deste domingo revela esta possibilidade de abandonar o seguimento a Jesus Cristo. Estranho, não é mesmo?

– Jesus, aquilo que tu ensinas, é muito difícil.

Eu sou o pão da vida. Como entender o que dizes?

Ouvimos que no passado o maná que desceu do céu  alimentou os nossos antepassados no deserto. Afinal, agora tu dizes ser o pão que veio do céu! Como assim? Vimos e foi muito especial ver o pão sendo repartido a partir de 5 pães e dois peixinhos para uma multidão. Isto foi fantástico. Precisamos de alguém assim em nosso mundo, o rei do pão.  O povo tem fome.  Mas há uma resistência quanto a nossa compreensão de Jesus ser o pão da vida!

Confiamos naquilo que faz parte da nossa lógica de compreender as coisas. Esta se baseia nas nossas necessidades imediatas, sejam estas econômicas, emocionais, espirituais. Estávamos com fome e o pão foi multiplicado e saciou a nossa fome. Agora a questão colocada por Jesus é crer naquilo que vai além das nossas necessidades imediatas, mas que dá sentido e nos acompanha em todos os momentos e situações. Queremos este pão?

Jesus aponta também para o pão que nos sustenta na crise, na dor e sofrimento, que dá sentido inclusive na hora da nossa morte. O nosso imediatismo pode ofuscar o verdadeiro sentido do pão da vida, Jesus Cristo. Porque envolver-se com o pão da vida a que Jesus se refere pressupõe comprometimento onde as frustrações também fazem parte. Para tanto, Jesus deixa as portas e as janelas abertas, não força a crer.  Querem vocês também me abandonar? Ouvir esta pergunta de Jesus sendo feita a nós é muito significativa, poderá ser um bom exercício para uma avaliação da nossa relação com Jesus. Questão desafiadora porque nos faz pensar em nossa decisão diante daquilo que Jesus oferece, salvação e vida abundante.

Queres somente ter uma experiência com um pão mais macio, simplesmente adequado às tuas verdades? Até o encontrarás aos montes, mas realmente saciará a fome por uma vida cheia de sentido?

Este diálogo de Jesus com os discípulos é muito impactante. Agora é tudo ou nada. Refere-se não somente à questão de abandonar a fé cristã, mas em que medida desejamos nos envolver com o pão da vida, Jesus Cristo. O mestre nos chama para que venhamos a participar da partilha do pão, aquilo que João fala nas suas cartas. Ora, quem ama a Deus e odeia o seu irmão é um mentiroso, na verdade este não ama a Deus. Isto significa que aceitar Jesus sendo o pão que dá vida a nossa existência, é demonstrar em atitudes o amor de Jesus pelas pessoas, ter um coração solidário e misericordioso. Para tanto Jesus tem o pão que nos alimenta para tal ação de cuidado com a vida.

A Palavra nos desafia com esta pergunta de Jesus: Vocês querem me abandonar por causa disso? “Muitos seguidores de Jesus o abandonaram e não o acompanharam mais”. Há outras propostas. O mundo está cheio de outras ofertas, ou seja, há muitos deuses, muitas verdades que se autodenominam como tais. A pergunta é se aquilo que é oferecido poderá sustentar-nos na dor e sofrimento, inclusive. Estes conseguem cumprir o que prometem aos seus adeptos? O dinheiro, o fanatismo político, os poderes deste mundo poderão nos sustentar e dar vida eterna? Promoverão paz em nossos corações e uns com os outros? Sim, é possível viver sem Jesus Cristo. Tem outros pães por aí. Posso me amarrar num deus substituto. A questão é se este manterá a sua palavra nos momentos bons e difíceis da vida. Por isso, creio que a questão central não é se creio em Deus ou não, mas quem é o meu deus, em que de fato creio. Citando Lutero: onde você prende o seu coração, com que você conta de fato em todos os momentos de tua vida, este é o seu Deus.

Diante de tudo aquilo que ouvimos, sejamos como Pedro que pergunta a si e aos outros que estavam junto dele: a quem vamos seguir? Torna a fé numa resposta consciente em sua vida. Se não é a Cristo que vamos seguir, afinal a quem seguiremos? Não dá para ser camaleão na companhia de Jesus. Há uma identidade que nos é dada pelo batismo e que Jesus espera que nos identifiquemos no mundo como filhos e filhas de Deus.

Admirável esta atitude de Pedro, ser porta voz do grupo com todas as fraquezas presentes em sua vida. Diante das perguntas que faz, consegue pensar e responder com uma fé muito genuína: Quem é que nós vamos seguir? Diante de todas as incompreensões, dificuldades que encontras pela vida, não fuja desta pergunta quando ela te aparecer. Pense sobre ela. Que diante de Jesus possas também confessar: O Senhor tem as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que o Senhor é santo que Deus enviou.

Ventos de outono provocam mudanças, as folhas das árvores caem e a natureza se transforma. Ventos passam e criam mudanças. O Espírito de Deus quando sopra cria mudanças, transforma as nossas mentes, cria perguntas inquietantes: quereis me abandonar, bem como respostas contundentes e afirmativas que jamais imaginaríamos propor: Jesus, tu tens as palavras que dão sentido à vida. E aí a primavera ressurge em nossas vidas, galhos que pareciam mortos lançam brotos, folhas, flores e encantamento. O vento do Espírito de Deus transforma. Deus faz cair as folhas de outono em nossas vidas e faz brotar com o seu Espírito folhas da primavera. Que o outono seja de perguntas desafiadoras e a primavera logo adiante seja resultado de decisões pensadas em pleno inverno na companhia de Jesus:  a quem seguiremos? Jesus é o caminho, nele encontramos   encaminhamentos para uma vida que faz valer a nossa existência como passagem por este mundo. Saciemo-nos do pão que também dá sentido à vida em todas as estações da nossa existência: Jesus Cristo.  Amém

P. Werner Kiefer

Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Brasilien)

pwkiefer@hotmail.com