
Lucas 11, 1-13
Pedem os discípulos:
SENHOR, ENSINA-NOS A ORAR!
Responde-lhes Jesus:
QUANDO ORARDES, DIZEI: PAI, SANTIFICADO SEJA O TEU NOME…
Orar é estar em comunhão com Deus. Disto o Senhor Jesus
é o exemplo perfeito. Orar. Sempre, em toda parte. Isso Lhe era
atividade comum durante o Seu estado de humilhação. E
continua sendo, após Ele, Deus e Homem, ter assumido todo o poder
nos céus e na terra.
Os discípulos desejam aprender a orar. Não se fiam em
seu saber e discernimento para distinguir necessário e benéfico
de inútil e prejudicial. Não, porque percebem que Jesus
tem contato direto com Deus, que as Suas orações são
atendidas. Confiam Nele e pedem o ensinamento. Com isto, já estão
orando – a Ele! – sem perceberem, ao que parece, o alcance
do seu pedido. Com o pedido, obedecem de forma positiva ao mandamento
que diz:
“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão,
porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu
nome em vão”. Isto quer dizer que “devemos temer
e amar a Deus e, portanto, em seu nome não amaldiçoar,
jurar, praticar a feitiçaria, mentir ou enganar; mas devemos
invocá-lo em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer”.
Para os discípulos Jesus era a Bíblia aberta, o ensinamento
vivo, imprescindível a todos os que desejam comunicar-se com
o Deus eterno.
A nossa oração agrada a Deus e chega ao Seu coração
e trono – se confiamos Nele, a fim de que Ele nos atenda e corrija,
conduza nosso louvor, nossa gratidão e nossas petições.
Do contrário, faríamos pedidos imprestáveis, egoístas,
de auto-satisfação, da nossa inclinação
perversa. (Lc 18.9-14). Orar, de maneira agradável a Deus, para
a honra Dele e para o bem físico e espiritual nosso e do nosso
próximo – isto aprendemos de Jesus!
Hoje, aprende-se a orar do Manual de Deus para a humanidade, a Escritura
Sagrada. Nela e por meio dela Jesus se manifesta, Deus nos fala. É
Livro completo em relação ao que nos é necessário
para a nossa fé, vida cristã e salvação
eterna.
A nossa oração seria imperfeita. Mas perfeito é
Jesus, em nome do qual oramos ao Pai. Pois não somos justos e
santos por dignidade e mérito próprios, mas devido à
dignidade e ao mérito de Jesus. Podemos observar que desde que
Deus nos converteu à fé em Jesus, há em nós,
por assim dizer, duas naturezas conflitantes: a velha natureza corrupta,
do nosso pecado, e a nova natureza da justiça e santidade de
Cristo. Somos simultaneamente justos e pecadores durante a vida neste
mundo físico. Por isso sempre precisamos considerar:
Jesus, no qual confiamos e ao qual confiantes obedecemos, justifica,
santifica e valida assim a nossa oração. Pois Ele é
o nosso Mediador, Representante, Advogado perante o Pai. Se, ao orarmos,
confiamos no Cristo de Deus, o Pai ouve e atende. O Pai não vê
a nossa culpa, mas vê entre Ele e nós o Seu Filho com Sua
Justiça e Santidade – e aceita nossa petição!
Agora podemos e devemos orar em nome de Jesus, para que não
recaiamos às coisas antigas apegando-nos ao que é perecível
e condenável, mas permaneçamos firmes no Cristo e vivamos
a nova vida valiosa e eterna, na bênção e proteção
de Deus.
A necessidade da oração se encontra em nós, e
a sua eficácia encontra-se em Jesus.
Não o egoísmo, mas o desejo, criado pelo Santo Espírito
em nós, de vivermos segundo a boa vontade de Deus induz-nos a
orar.
Nós e o nosso próximo necessitamos de ajuda.O Pai quer
que oremos e promete atender-nos – e nos atende!
A primeira lição deste nosso aprendizado com Jesus começa
pela indicação:
“Quando vocês orarem, digam: Pai!”
Isto porque Ele veio do Pai, tornou-se nosso irmão e nos representa
perante o Pai. Por nós próprios jamais nossas palavras
seriam atendidas pelo Pai. Ele nos mostra que o Pai nos ama e que agora
podemos dirigir-nos a Ele “sem temor e com toda a confiança,
assim como os filhos amados ao seu pai amado”.
Pai nosso! Ao intercedermos, em nome de Jesus, uns pelos outros e pelos
que ainda estão alheios à Promessa, o Pai celestial nos
atende por causa do auto-sacrifício perfeito de Seu amado Filho
por nós e toda a humanidade.
Aprendemos de Jesus a desejar e pedir que o nome do Pai seja santificado.
O nome de Deus, santo em e por si mesmo, é santificado entre
nós:
-
quando a Palavra de Deus é ensinada clara e
puramente; -
quando nós, como filhos de Deus, vivemos uma
vida santa, isto é, em conformidade com esta Palavra.
É o que desejamos e pedimos como amados filhos de Deus.
Mas o nome de Deus é profanado, desrespeitado, desprezado e
até odiado abertamente:
-
quando alguém ensina de modo diverso do que
a Palavra de Deus diz e -
quando alguém vive de modo diverso do que a
Palavra de Deus ensina.
Nós não podemos tornar santo o nome de Deus. Mas, ensinando
a Palavra de Deus em pureza, sem acréscimos nem subtrações
ou alterações, bem como vivendo uma vida santa, o nome
de Deus é santificado entre nós e os outros. Glorificamos
assim o Seu santo nome.
Aprendemos de Jesus a desejar e pedir que venha o Reino do Pai.
Suplicamos que o Reino da graça de Deus venha a nós e
se expanda a todo o mundo e que venha em breve o Reino da Sua glória.
Pedimos, pois, que o nosso Pai celestial nos dê o Seu Espírito
Santo, para crermos, por Sua graça, em Sua santa Palavra, e vivermos
uma vida santa neste mundo e na eternidade.
Aprendemos de Jesus a desejar e pedir de Deus o pão nosso de
dia em dia.
O próprio Jesus, nosso Mestre de oração, diz (Mt
6.33): “Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua Justiça,
e todas estas coisas” (alimentação e saúde,
vestuário e moradia, emprego e profissão etc.) “vos
serão acrescentadas”. Restritos os bens físicos
à duração da nossa vida terrena, ficam subordinados
ao bem eterno e, por isso, condicionados a que agradem a Deus como úteis
para a nossa permanência na fé em Jesus o Salvador.
Não haveria proveito em ficarmos ansiosos, prejudicaríamos
assim a nós mesmos e outras pessoas, por não confiarmos
no Senhor, Doador e Mantenedor da vida. Não sede de riqueza,
poder e fama, mas confiança na providência divina cotidiana
de dia em dia com todo o necessário, eis o que é virtude
cristã. Basta termos para viver e ajudar a quem não tem,
tornando-se assim conhecido o amor de Deus por meio daqueles que crêem
em Cristo.
Não podemos esperar que outros ajudem, que o governo assuma.
A nossa oração ao Pai nosso pedindo o Pão nosso
aponta para as diversas necessidades entre as pessoas com as quais convivemos
e pressupõe a nossa solidariedade com elas, a nossa prontidão
a “dar o anzol e ensinar a pescar”, envolvendo o auxílio
à saúde e ao aprendizado das pessoas carentes, doação
direta de gêneros alimentícios, especialmente aconselhamento
espiritual e psicológico, dedicação de tempo, tudo
para conduzir o nosso próximo a ver-se como criatura de Deus,
amada, destinatária da mensagem da salvação eterna.
Aprendemos de Jesus a pedir perdão a Deus e a perdoar ao nosso
próximo.
Somos diferentes de Jesus: Ele jamais precisou pedir, para si, perdão
a Deus ou a qualquer pessoa, porque Ele é perfeito, justo e santo.
Mas Deus o puniu por nossa causa: “Aquele que não conheceu
pecado, Ele o fez pecado por nós; para que Nele fôssemos
feitos Justiça de Deus” (2Co 5.21).
Se nós recebemos o por nós imerecido amor de Deus, este
fato nos renova e torna diferente todo o nosso relacionamento com Deus
e com as pessoas. Nós amamos a Deus e ao nosso próximo
porque Deus nos amou primeiro. Perdoamos ao nosso próximo porque
Deus nos perdoou primeiro.
Todavia, quem foi libertado do castigo eterno, e não quer perdoar
uma culpa ao seu próximo, chama sobre si a ira de Deus, recai
à desobediência e incredulidade. Se vivemos na graça
de Deus, faz parte desta nova vida estarmos também sempre prontos
a perdoar.
Na leitura bíblica do AT para este domingo há o exemplo
de Abraão, que intercedeu pelo povo das cidades de Sodoma e Gomorra,
rogou insistentemente que Deus não as destruísse, por
amor aos poucos fiéis que nelas houvesse (Gn 18.20-32). O apóstolo
Paulo, especialmente, intercedeu por Israel, a fim de que Deus fizesse
esse povo reconhecer que Jesus é o Cristo.
Temos incontáveis motivos para suplicar a Deus por pessoas,
países e todo o mundo. Ante tanta perversidade, agressão
brutal, vingança ainda mais violenta entre várias nações
e, dentro dos países, guerras civis, facilmente aderimos ao coro
geral, inclinados a seguir nossas emoções e nossos critérios
humanos de justiça, desejando o extermínio dos maus. É
parte indispensável das nossas orações suplicarmos
a Deus pela salvação também dos poderosos deste
mundo, que são miseráveis diante Dele como nós
e qualquer um.
Enganamo-nos classificando pecados dos outros como mais terríveis
do que os nossos. Os discípulos de Jesus também caíram
nessa cilada do maligno. Mas Jesus os educou a se reconhecerem bem e
desejarem a mesma salvação aos outros, preparada para
eles e todos.
De Jesus aprendemos a desejar e pedir que o Pai não nos deixe
cair em tentação.
Jesus sabe o que é ser tentado, até as profundezas, pelo
maligno. E Ele sabe como resistir e ser vitorioso. A base de resistência
é a firmeza da confiança na Palavra de Deus. Hb 4.14-16.
Por vezes, Deus permite que os Seus filhos passem por provações.
Seu propósito é fortalecer a nossa fé. Podemos
dizer que esta é uma tentação para o bem.
Mas existe a tentação para o mal. Esta consiste em que
o diabo, o mundo sem Deus e a nossa própria natureza corrupta
nos enganam e seduzem a crenças falsas, a desespero, a grande
vergonha e vícios e tantos outros tipos de pecados, que reconhecemos
à luz da Lei de Deus.
Suplicamos, pois, ao Pai que nos guarde, para que a tentação
não nos assalte, e se Ele quiser que venha, nos fortaleça
e nos guarde, para que vençamos afinal e retenhamos a vitória.
O Pai atende as orações dos que lhe pedem em nome do
Filho. Ele pode e quer dar aos Seus filhos a dádiva por excelência:
o Espírito Santo.
Jesus elucida esta realidade por meio da parábola do amigo importuno.
Após a gloriosa ressurreição e ascensão
de Jesus aos céus, o Espírito Santo, prometido por Jesus
capacitou os discípulos: Eles assumiram o serviço intensivo
de proclamar a mensagem da salvação, acompanhado sempre
pela oração, em nome de Jesus, certos de que o Pai atende
incondicionalmente os pedidos por bênçãos espirituais,
mas os pedidos por bênçãos materiais, corporais,
físicas sob a condição de serem proveitosas para
a vida cristã bem como para ainda incrédulos verem as
boas obras e glorificarem o Pai que está nos céus.
o Evitemos pedir coisas vãs ou nocivas.
o Estejamos atentos para perceber se Deus quer que tenhamos certo bem
ou não.
o Não podemos prescrever a Deus tempo nem maneira de Ele nos
ajudar.
o Sejamos pacientes em esperança quando não percebemos
logo o auxílio de Deus.
Como na presente vida ainda não dispomos de perfeição,
consolemo-nos com esta palavra:
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste
em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém,
mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com
gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).
“Ora, Àquele que é poderoso para fazer infinitamente
mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que
opera em nós, a Ele seja a glória, na Igreja e em Cristo
Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.”
Ef 3.20s.
Adolpho Schimidt
Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)
Brasília, Distrito Federal, Brasil
adolphoschimidt@hotmail.com