12º DOMNGO APÓS PENT.

Home / Bibel / Neues Testament / 10) Epheser / Ephesians / 12º DOMNGO APÓS PENT.
12º DOMNGO APÓS PENT.

PRÉDICA PARA O 12º DOMNGO APÓS PENTECOSTES  – 15.08.2021 | Texto bíblico : Efésios 5.15-20 | Geraldo Graf |

A graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo sejam com todos vocês.

Irmãos e irmãs em Cristo!

A palavra de Efésios 5.15-20 nos é anunciada justamente numa época de polarizações e extremismos, quando pessoas se agridem mutuamente, sobretudo, nas redes sociais. Essa agressividade acaba se manifestando também na vida comunitária, o que causa sofrimento, abre feridas e compromete nossa credibilidade cristã. As pessoas costumam reagir a tudo isso de várias formas. Dentre elas, destacam-se: a forma ruidosa, quando pessoas “compram a briga” e defendem fortemente suas convicções; ou a forma silenciosa, quando pessoas sofrem caladas e se afastam gradativamente da vida comunitária, por descontentamento ou pressão.

O texto bíblico nos lança um desafio e nos faz avaliar o nosso comportamento e as nossas atitudes. Afinal, somos cristãos, pertencemos a uma comunidade e se espera de nós que tenhamos um jeito bem característico de ser e de agir: O jeito de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Para tanto, Efésios 5.15-20 nos propõe alguns passos a serem seguidos, os quais nos ajudarão a enfrentar com firmeza e forte testemunho estes tempos difíceis que estamos atravessando.

Somos convidados a não julgar precipitadamente o nosso próximo, a não condenar preconceituosamente quem pensa e age diferente, mas, pelo contrário, devemos olhar para dentro de nós mesmos, fazer uma autoanálise, uma espécie de retiro espiritual, e examinar nosso jeito de ser e de (re)agir, e descobrir se ele corresponde ou não ao que Jesus Cristo espera de nós.  Esta autoanálise é necessária para identificarmos nossas fraquezas e nossos pecados e, consequentemente, pedirmos perdão a Deus e transformarmos nossa vida. Não podemos querer avaliar a vida das outras pessoas e não consertar a nossa própria vida (Mateus 7.3).

O texto bíblico afirma: “Cuidem da maneira como vocês vivem. Não sejam tolos, mas sábios”. A nossa maneira de viver deve refletir a nossa fé e a nossa pertença a Jesus Cristo. Certa vez, alguém disse que o nosso jeito de ser, muito mais do que nossas palavras, é o primeiro e muitas vezes o único evangelho que as pessoas leem. Se houver contradição e descompasso entre nossas palavras e a maneira como nós nos comportamos, certamente nosso testemunho será em vão. Conforme Provérbios 1.7, “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Ser uma pessoa sábia é perguntar e se orientar primeiro pela vontade de Deus. Esse olhar para dentro de si mesmo/a é o primeiro passo importante, que norteia o jeito cristão de ser, de falar e de agir.

Essa necessidade de autoanálise faz lembrar-nos da história daquela mulher, que diariamente fazia comentários negativos sobre a roupa suja pendurada no varal da vizinha. Certo dia, ela comentou com o marido: “Hoje finalmente a roupa da vizinha está limpa no varal”. Ao que o marido respondeu: “É que hoje eu lavei os vidros da janela de nossa casa”. Este conselho bíblico é fundamental, pois nós vivemos numa época em que as informações vêm muito rápido e nos atropelam, o que dificulta passarmos as mesmas pelo crivo do evangelho – lembramos aqui das três peneiras de Sócrates: Verdade, bondade e necessidade. Sem esses critérios, reproduzimos e compartilhamos informações, que nem sempre são verdadeiras e cujo único objetivo é confundir e espalhar o mal. Se não tomarmos cuidado, acabamos nos tornando instrumentos da disseminação de mentiras e ódio, o que contradiz nossa vida cristã. Por isso, é tão importante examinar e cuidar da nossa maneira de viver. Descobriremos que o problema nem sempre está no varal dos outros, mas que é necessário primeiro lavar nossas própria vidraça, que é preciso rever nossos conceitos e eliminar nossos preconceitos. Descobriremos que todos nós somos igualmente dependentes da misericórdia e do perdão de Deus. Nosso critério de sermos “pessoas de bem” não devem ser os defeitos das outras pessoas, mas o evangelho de Jesus Cristo.

Outro conselho que o texto bíblico nos dá é sabermos aproveitar bem o tempo, sobretudo nesses dias maus e difíceis. Tem muita gente que pensa que “aproveitar o tempo” é correr contra o relógio, aproveitar o máximo possível para ganhar dinheiro, para produzir mais ou para se divertir muito. É o famoso ditado latino “carpe diem”. Esse tipo de pensamento e de atitude facilmente nos tornam egoístas, porque pensar nos outros e se preocupar por eles seria prejuízo e perda de tempo. Em seu original grego, o texto de Efésios 5.15-20 usa o termo KAIRÓS para a palavra tempo. Kairós é o tempo de Deus e não é ligado ao tempo cronológico (o correr contra o relógio). Kairós é a oportunidade, o tempo exato, que Deus nos oferece para praticarmos a sua vontade. Também os dias maus, os tempos difíceis, são Kairós – oportunidades – para testemunharmos e vivenciarmos o amor de Deus. Ao invés de reclamarmos sobre as dificuldades, de reagirmos negativamente, de desanimarmos e nos resignarmos diante do mal que nos rodeia, especialmente neste tempo de pandemia, nós somos chamados a agir, aproveitar o tempo, as oportunidades que Deus nos oferece para colocar o seu amor em prática.

Efésios 5.15-20 também nos diz que não devemos deixar que o vinho nos domine, mas permitir que o Espírito Santo tome conta de nós (Atos 2.13: O Espírito Santo nos “embriaga” com o poder de Deus). Nós sabemos que a dependência de bebida alcoólica turba nossos pensamentos, trava nossas decisões e nos faz cair cada vez mais fundo. Tal qual a bebida alcoólica, existem muitas outras coisas que também nos viciam, dominam, confundem e provocam nossa perdição: Entre outras, o extremismo e o fanatismo impedem que enxerguemos direito; o egoísmo nos vicia; os preconceitos turbam nosso coração. Tornamo-nos pessoas más, rancorosas e amarguradas. A referência aos efeitos da bebida alcoólica é um comparativo para tudo isso. Se é para ser dominado por algo, que seja pelo Espírito Santo, diz o texto bíblico. O Espírito Santo nos enche de coragem para o testemunho, ele nos faz viver em comunidade, ele nos aproxima do evangelho, ele desperta a nossa fé (explicação do 3º Artigo do Credo Apostólico – Lutero) e nos anima para praticarmos o amor de Deus. O Espírito Santo nos faz enxergar a verdade. Em João 15.26, 16.13, Jesus Cristo diz: “Quando vier o Consolador, o Espírito da verdade, ele dará testemunho de mim… ele os guiará em toda a verdade…”. Nós não estamos sozinhos, abandonados. O Espírito de Deus nos arranca da imobilidade, do torpor, do vício, do medo, do erro e do preconceito e nos encoraja para a vivência compartilhada da fé.

Nós também somos convidados a animar uns aos outros com salmos, hinos e louvor a Deus. O cântico é uma forma de alimentar nossa espiritualidade. Abre-se assim o coração para que Deus opere o milagre da fé em nossa vida. Muitas famílias cristãs cantam enquanto realizam seu trabalho. O canto contagia as pessoas e é uma ótima oportunidade de evangelização. Com o cântico, nós expressamos a nossa gratidão a Deus, reconhecendo o seu amor por meio de Jesus Cristo. Atribui-se a Martim Lutero a famosa frase: “Onde se canta, ali te assenta, pois não há espaço para o mal”. Com a repetição de versículos bíblicos, sobretudo de salmos conhecidos, internalizamos a palavra de Deus e preparamos nosso coração para perceber o agir de Deus em nossa vida. Deus faz chegar a nós a sua palavra e desperta a nossa fé através do Espírito Santo. Ele prepara a nossa mente e o nosso coração para que neles habite somente a sua vontade e saibamos discernir entre aquilo que promove a Cristo e aquilo que confunde, atrapalha e compromete a comunhão e o testemunho da comunidade.

Portanto: Cuidemos da maneira como vivemos, busquemos a sabedoria que vem do alto, libertando-nos de tudo que atrapalha nosso testemunho e nossa vivência comunitária.

Saibamos abraçar as oportunidades que Deus coloca diante de nós para vivenciarmos a fé de forma amorosa e compartilhada.

Permitamos que o Espírito Santo aponte qual deve ser o nosso Norte e nos conduza numa vida equilibrada e coerente com o evangelho de Cristo.

E que os cânticos e hinos de louvor, que reproduzem de forma cantada a palavra de Deus, possam ser também uma forma de edificação de nossa vida de fé e comunitária.  – E que a boca fale do louvor que preenche o nosso coração.

Amém

Pastor em. Geraldo Graf

g.graf@uol.com.br

São José do Rio Preto/SP

de_DEDeutsch