1º DOMINGO DE ADVENTO

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1º DOMINGO DE ADVENTO

PRÉDICA PARA O 1º DOMINGO DE ADVENTO – 29 de novembro de 2020 | Gottfried Brakemeier |

Texto da Prédica:  Marcos 13.24 – 37

Prezada comunidade!                                                                             

Vivemos em tempos de catástrofes. Não é de outra coisa que os noticiários estão falando. O nível do mar vai subir e engolir enormes áreas de terras. Os oceanos estão sendo poluídos com lixo plástico, a desertificação do solo agricultável está avançando, no Pantanal e na Amazônia a natureza está sendo devorada pelo fogo ateado pelo próprio ser humano. Multiplicam-se em muitas partes do mundo devastadores enchentes de um lado e terríveis secas de outro. Associam-se a isto perspectivas sombrias quanto à economia mundial, com consequências fatais em especial para a população pobre. São catástrofes em toda parte, às quais acaba de se associar o flagelo do coronavírus que mantém o povo em isolamento social. Eu vou parar por aí. Chega de calamidades. Será que este mundo ainda tem futuro?

Pois é, e então ouvimos hoje, no 1º domingo de Avento, um texto como este. Ele fala de uma catástrofe cósmica. Prevê um momento em que o sol escurecerá, em que a lua não dará a sua claridade, em que as estrelas vão cair do firmamento. É assim que no passado se imaginava o fim do mundo. Que horror! Hoje as pessoas têm outras ideias sobre o fenômeno. Mas o resultado é o mesmo. O futuro da humanidade parece estar bloqueado, inspira temores. Tudo vai acabar um dia. O que distingue os prognósticos da Bíblia é que ela vincula a profecia do fim com a chegada do Filho do homem. Jesus Cristo virá para promover o juízo final e acolher a sua comunidade. Será este o Advento definitivo. Eis porque este texto está sendo proposto para a leitura e reflexão neste dia.

Jesus Cristo virá. Quando? Ora, no fim dos tempos. “De onde virá para julgar os vivos e os mortos”. Assim diz o “credo apostólico” que integra a liturgia de nossos cultos. A volta de Jesus Cristo, pois, pertence inseparavelmente ao testemunho cristão. Jesus não vai deixar órfã a sua comunidade. Ele prometeu que voltaria para conduzir os fiéis a seu destino (Jo 14.3; etc). Foi esta a convicção dos primeiros cristãos, e ela está sendo repetida até os dias atuais (At 1.11;1 Ts 4.13s; etc). Será verdade? No mundo de hoje tornou-se comum a dúvida com relação a eventos sobrenaturais. Por isto mesmo também a afirmação da volta gloriosa de Cristo encontra dificuldades. Como devemos imaginá-la? Quem garante que não seja mera fantasia? E, com efeito! Essa promessa deu motivo para inúmeras especulações. A virada do século, no ano de 2000, por exemplo, foi um dos marcos, com os quais se vinculou a expectativa do fim do mundo. Foi um alarme falso, pertencente aos “fake news” como se diz em nossos dias. O mundo continua como está. Jesus Cristo não veio. E os milagres, dos quais o evento se faria acompanhar, também não aconteceram. Então, tudo uma grande mentira?

Ora, os indícios não permitem tal conclusão. Nosso mundo terá um fim, sim. Pode ser diferente da maneira como a Bíblia o descreve. Mas na criação de Deus nada é eterno. Céus e terra passarão. O mesmo vale para a vida humana. Nós somos seres mortais com data limite já marcada. Então, quanto a isto não há dúvidas. O texto da prédica de hoje lembra uma grande verdade. Ela pode ser incômoda, mas é incontestável. Ele alerta, isto sim, ser inútil identificar prazos e fazer cálculos quanto à data dos acontecimentos futuros. Reside aí uma tentação. Eis por que muitas pessoas consultam cartomantes, adivinhos e outros profissionais do ramo. Querem conhecer as coisas que nos aguardam.  O texto para a prédica de hoje não só desrecomenda tais tentativas, como prevê o seu fracasso. Ninguém conhece o dia e a hora, exceto Deus mesmo. E é bom que assim seja.  Pois se conhecêssemos o momento do fim do mundo, respectivamente a hora da nossa morte, ficaríamos presos a esta expectativa, fixados por este prognóstico sombrio. Não! Deixemos a Deus o que somente ele sabe. Enquanto isto,  desfrutemos a vida que ele nos dá e agradeçamos por cada dia que ele acrescentar à nossa biografia.

Mais importante do que as circunstâncias dramáticas que acompanham o fim das coisas é o “advento” anunciado por esse texto. A esperança cristã sabe de um desfecho feliz da história. Não seremos tragados pelo nada, não vamos cair num buraco negro, a morte não vai triunfar sobre a vida. Muito pelo contrário, o triunfo será do “Filho do Homem”, ou seja,  de Jesus Cristo. “Então verão o Filho do homem vindo nas nuvens, com grande poder e glória…” Novamente é difícil imaginar como isto vai acontecer. É melhor desistir de vez de tal tentativa. Não há como descrever o fenômeno, razão pela qual convém deixar de lado ideias mirabolantes a esse respeito e concentrar-se no essencial. Para definir este ‘essencial’, ou seja, a mensagem central, o “evangelho” eu diria: A esperança pela volta de Cristo ratifica a validade da doutrina cristã. No final da história ficará definitivamente confirmado o que Jesus Cristo em tempos de sua vida terrestre disse, fez e sofreu. Em outros termos: O Filho do Homem vai revelar a verdade da missão de Jesus de Nazaré. Nada mais e nada menos. Simultaneamente será este o critério de acordo com o qual ele vai julgar a humanidade.

Prezada comunidade! É praxe entre nós acender uma vela neste primeiro domingo de Advento. No próximo domingo vamos acender mais uma, e então mais outra até termos atingido o Natal. A luz é símbolo de Jesus Cristo. Assim ele mesmo falou de si ao dizer: Eu sou a luz do mundo. E, com efeito, Jesus veio para iluminar o mundo que às vezes é terrivelmente escuro. Nós celebramos hoje a chegada de Jesus Cristo a este mundo que se deu no Natal, em Belém da Judeia, há cerca dois mil anos atrás. Este é o primeiro Advento. O segundo Advento, ou seja,  a revelação do Filho do homem no fim dos tempos, não vai trazer nada de novo. Vai tão somente fazer público o que já vale agora. Então, para celebrar condignamente a data de hoje, importa auscultar atentamente o que Jesus tem a dizer. O primeiro Advento explica o segundo. Portanto, vamos estudar a chegada de Jesus a este mundo, o seu nascimento, sua paixão e ressurreição para ver a herança que Jesus de Nazaré nos deixou.

É o que o texto da prédica entende sob o termo “vigiar”. Reside nisto uma de suas importantes tônicas. Ele termina com uma parábola que tem exatamente esta finalidade. Assim como cabe a um vigia cuidar da volta de seu senhor, assim cabe aos cristãos a atenção ao que está acontecendo. Quem dorme não tem percepção das coisas. Passa sonâmbulo pela vida. Não é isto o que Jesus Cristo quer. Ele quer seguidores conscientes, “acordados”, que sabem o que e por que creem. Isto significa, em primeiro lugar que estejamos conscientes das bases de nossa fé. Por que somos cristãos? Por que celebramos o Advento? Fé cristã não se esgota em simples emoção. Exige o argumento, um decidido posicionamento, uma clara confissão.

Simultaneamente Jesus espera de nós que demos atenção ao que passa ao nosso redor. Também neste sentido importa “vigiar”. Para onde vai a sociedade, quais os desafios da atualidade, quais os perigos que este mundo enfrenta? Somos encorajados a monitorar o curso da história, a sermos cidadãos e cidadãs críticos, com olhos e ouvidos abertos. Já não se aceita a desculpa, dizendo que a gente não sabia. Jesus quer “crentes” capazes de julgar as coisas. Fé deve pensar e quem pensa não deve dispensar o auxílio da fé. É desse tipo de pessoas que esse mundo tão profundamente imerso em gravíssimos problemas necessita. Acabamos de eleger as autoridades em nossos municípios, prefeitos e vereadores. Tenhamos a coragem de lhes cobrar responsabilidade e eficiência. Também isto faz parte da tarefa de “vigiar”. Talvez diminuam dessa forma as catástrofes que tanto nos assustam.

Advento é tempo de preparação, tanto do Natal quanto da revelação do Filho do homem no fim dos tempos. É tempo de arrumar nossa casa, de corrigir o que está errado e de eliminar o que desagrada a Deus, nosso Senhor. Queira Deus que aproveitemos devidamente esta chance e possamos dar as boas-vindas a Jesus Cristo de sã consciência e com grande alegria.

Amém

P. Dr. Gottfried Brakemeier

Nova Petrópolis, – Rio Grande do Sul, Brasilien

brakemeier@terra.com.br

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