DOMINGO DE PÁSCOA 2021

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DOMINGO DE PÁSCOA 2021

 PRÉDICA PARA O DOMINGO DE PÁSCOA 2021 – 4 de abril de 2021 | Texto bíblico: MARCOS 16.1-8 | Romeu Otto Hoepfner |

Estimada Comunidade!

Há quem diga: Natal é a festa cristã mais conhecida, mas a Páscoa a mais importante. No entanto, todas as festas e comemorações cristãs enfatizam algum fato importante e fundamental para a fé dos cristãos e das cristãs do mundo todo. São as igrejas, chamadas históricas, que preservam e acentuam estas tradições, lembrando também o tempo de advento, as semanas da quaresma, a ascensão de nosso Senhor e o dia de pentecostes.

A Páscoa, que hoje celebramos, não cai sempre na mesma data, mas se orienta no calendário judaico, e se situa no domingo após a primeira lua cheia da primavera.

Muitos costumes e tradições rondam a festa pascal. As comunidades de confissão luterana, e outras igrejas históricas, são muito criativas quanto ao preparo de suas celebrações. Aqui lembramos que, antes da pandemia, havia vigílias pascais com liturgias específicas que aconteciam até o amanhecer do domingo festivo. Recordo de romarias chamadas de „Caminhada da Vitória“ e que aconteciam antes do amanhecer da Páscoa. Caminhava-se até diante dos templos, quando, então, era aceso o fogo santo. A vela do batismo é acesa neste fogo. Ela brilhará junto ao altar, principalmente quando acontecem os atos batismais.

Ainda, ao amanhecer do domingo da Páscoa, a comunidade adentra o templo e o altar, desnudo, é redecorado. Os objetos retirados do mesmo, dias atrás, na quinta-feira santa, início do tríduo pascal, voltam a ocupar o seu lugar. As velas são acesas. As flores novamente ornam o lugar sagrado e a comunidade volta a cantar o aleluia, após as semanas do silêncio quaresmal.

Como é rica a tradição litúrgica. Tem uma linda e significativa história, que não sinaliza um mero costume, desprovido de qualquer sentido, mas quer lembrar as dádivas divinas, e ajuda o povo de Deus em sua jornada aqui na terra.

Também convém frisar que, a partir da Sexta-Feira  Santa e da Páscoa, assim cremos, o Espírito de Deus promove a evangelização do mundo, tanto no passado, como na atualidade.

Prezada Comunidade!

Mas, poderíamos indagar, até com certo descaso, dizendo: „Esta Páscoa acontecia no passado. Os tempos mudaram. Já não temos uma festa como acontecia no passado. Hoje temos o chamado „Novo-Normal“. Não há cultos presenciais, ou poucos.  Devemos manter o distanciamento social, choramos a perda de amigos, entes queridos e milhões de mortos mundo afora. Vivemos num clima de medo, desespero e sempre na expectativa que tudo possa mudar com a chegada das vacinas. Ademais, vivemos o dia a dia, numa espécie de „cada um por si e Deus por todos“.

A morte, sim, ela, parece que tem a última e derradeira palavra. A escuridão e o medo diante do amanhã predominam e roubam o lugar da luz de Cristo!

Não é esta a nossa realidade? O que vos parece?

Recentemente, quando no Brasil lembrávamos e lamentávamos um ano de pandemia, a presidência da IECLB, em carta pastoral, escreveu: „Estamos num momento muito crítico e teremos meses difíceis pela frente“.

Nesta situação acontece a páscoa 2021. Com muitas perguntas e poucas respostas! Muita ansiedade e, quiçá, pouca esperança!

Estimados e Estimadas!

Aqui chega a hora de deixar que o Evangelho da Páscoa, texto previsto para este domingo, nos fale e nos exorte para o exercício da fé:

O Evangelista Marcos, em seu testemunho pascal, escreve que as mulheres, muito cedo, saíram para embalsamar o corpo de Jesus. É a última coisa que poderia ser feita. Tudo estava terminado. O Senhor estava morto. Restavam as lágrimas e o luto e a visita ao túmulo para este último serviço fúnebre.

Mas, que surpresa: O túmulo estava vazio! A enorme pedra, que vedava a entrada do mesmo, estava revolvida.

As mulheres apenas veem o anjo (o moço) que lhes anuncia: „Não se assustem. Sei que vocês estão procurando Jesus de Nazaré, que foi crucificado; mas ele não está aqui, foi ressuscitado. Agora vão e deem este recado… ele vai adiante de vocês…“

E elas? As mulheres, como ficaram? Certamente acreditaram numa „fake news“: Só pode! Não é possível acontecer tal coisa! Enfim, mortos não ressuscitam!

Cara Comunidade! Como ficaríamos nós? Ou melhor, como ficamos quando, em meio à pandemia e aos sofrimentos deste tempo, somos convidados, talvez pelos cultos e meditações on-line, a celebrar a Páscoa? Tem sentido?

Vejamos: Após a Páscoa e o evento de pentecostes acontece o milagre de Deus: Forma-se a maior corrente de testemunhas de todos os tempos. Os apóstolos, discípulos e discípulas, seguidores e seguidoras do Cristo ressurreto falam e pregam. Enfrentam problemas, perigos, sofrimentos, perseguições e a própria morte. Comunidades se unem, acontece igreja.

A história nos ensina que cristãos e cristãs, por séculos a fio, enfrentam os obstáculos, as pedras nos caminhos da vida, e vão adiante. A luta pela vida plena não parou, não para.

A motivação? Foi e será sempre o Cristo crucificado e ressurreto. Seu Espírito reúne, congrega e envia.

Estimada Comunidade!

Neste momento, de nosso meditar, retorno à carta pastoral da presidência da IECLB por ocasião da lembrança de um ano de pandemia em solo brasileiro. Lemos, já no final da carta, a palavra de estímulo para que as comunidades exercitem a esperança: Passo a ler: „A fé no trino Deus nos compromete com a vida e o bem-estar das outras pessoas. A fé nos estimula a praticar diaconia e a exercer a solidariedade. Pela fé, alimentamos a esperança“.

Amadas e Amados! Não é esta a Páscoa 2021? Não está aí o milagre de Deus? Não está aí a fé no ressuscitado? Fé esta que irrompe decisivamente em nossa história? Não é este o sinal de que cremos no Deus vivo, presente, que compartilha conosco as dores deste mundo e nos envia, unidos em comunidade, para o testemunho? É o Cristo ressurreto que denuncia o pecado e anuncia a salvação e a esperança para os povos sofridos e marcados pelos agentes destruidores da morte.

Festejar a Páscoa, neste tempo singular, então, é e será procurar e vislumbrar os milagres de Deus e sua ação libertadora, quando seu Espírito fortalece os e as agentes de saúde, promotores e promotoras do bem-estar e do abraço amigo; quando a ciência, com muito esforço e pesquisa, consegue oferecer uma luz no final do túnel; quando, em meio aos colapsos dos sistemas de saúde, surgem novas ideias, novas ações que não permitem que a vida se extingue!

Tudo isto, e muito mais, é sinal da presença do Cristo ressurreto! Por isso, a fé não é qual anestésico ou droga sedativa que momentaneamente alivia as dores, mas ela é firme fundamento que não deixa o barco da vida afundar.

Prezada Comunidade! Assim, mesmo que não possamos participar de cultos presenciais, a mensagem da páscoa continua a mesma: Não como mesmice, mas como Boa Nova, Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, pregado como mensagem que assusta, como no tempo das mulheres na manhã da páscoa, mas, assusta porque rompe os grilhões da morte, oferece o sabor da vida e abre as portas da esperança.

Feliz e abençoada Páscoa!  Amém.

P.em. Romeu Otto Hoepfner

Curitiba – Paraná, Brasilien

romeuottohoepfner@gmail.com

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