JOÃO 12,12-19

JOÃO 12,12-19

PRÉDICA PARA O DOMINGO DE RAMOS | 24 de março de 2024 | JOÃO 12,12-19 | Baldur van Kaick |

BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR
“Graça e paz sejam convosco, da parte de Deus nosso Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo.” Amém

TEXTO DE PRÉDICA:
No dia seguinte, a numerosa multidão que tinha vindo à festa, tendo ouvido que Jesus estava a caminho de Jerusalém, pegou ramos de palmeiras e saiu ao encontro dele, clamando: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!” E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou-o, segundo está escrito: “Não tema, filha de Sião, eis que o seu Rei está vindo, montado num filho de jumenta.” Seus discípulos a princípio não compreenderam isso. Mas, quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que essas coisas estavam escritas a respeito dele e também de que tinham feito isso com ele. A multidão que estava com Jesus quando ele chamou Lázaro do túmulo e o levantou dentre os mortos dava testemunho. Por causa disso, também, a multidão saiu ao encontro de Jesus, pois ouviu que ele tinha feito esse sinal. Então os fariseus disseram entre si: — Vocês podem ver que não estão conseguindo nada! Eis que o mundo vai atrás dele.

Prezada Comunidade.
I
Após visitar Maria, Marta e o amigo Lázaro, em Betânia, Jesus partiu para Jerusalém, localizada apenas 3 km de distância. Ao se aproximar, a multidão de peregrinos reunida na cidade para a festa da Páscoa,  saiu-lhe ao encontro com ramos de palmeiras nas mãos, entoando hosanas e proclamando-o como o Rei de Israel. João adiciona que Jesus encontrou um jumentinho e, montado nele, continuou sua jornada para a cidade.
Este evento é conhecido como a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, narrada nos quatro Evangelhos. João, assim como os outros Evangelhos, destaca que este evento cumpre a profecia de Zacarias: “Não tema, filha de Sião, eis que o seu Rei está vindo, montado num filho de jumenta.” Jesus é proclamado como o Rei de Israel, há tanto tempo esperado.
Curiosamente, João menciona que os discípulos de Jesus não entenderam o significado daquele evento até depois da ressurreição, quando leram as Escrituras onde encontraram a profecia de Zacarias. Outro destaque de João é a preocupação dos fariseus com a popularidade de Jesus. “O mundo está seguindo Jesus”, observam uns aos outros, eles que decidiram eliminar Jesus.
Quem compara os quatro evangelhos, percebe que João omite detalhes. Por outro lado, inclui que entre a multidão estavam muitos que testemunhavam a ressurreição de Lázaro por Jesus, motivo por que “muitos judeus” passaram a crer em Jesus. Assim cada evangelista coloca suas ênfases no texto do evangelho, também para atualizar a mensagem do texto para os leitores a quem escrevem o evangelho.
Qual o significado da entrada de Jesus em Jerusalém para nós, que não pertencemos ao povo judeu? E se Jesus é rei, que espécie de rei ele é, e ele é também nosso rei?
II
A primeira vez no Evangelho de João em que Jesus é chamado de rei de Israel é quando vocaciona os seus primeiros discípulos e se encontra com Natanael. Natanael fica maravilhado quando Jesus, sem que antes um tivesse tido notícias do outro, mostra que o conhece no mais profundo do seu ser. Natanael reage: „Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei de Israel.“ (1,49-50). Jesus não corrige Natanael. Ele lhe promete que, caminhando com ele, Natanael ficará muito mais maravilhado com tudo o que ouvirá e verá.
Mais tarde, é uma multidão que quer fazer de Jesus o seu rei. Jesus alimentou a multidão ao multiplicar cinco pães de cevada e dois peixinhos. E quando todos estavam satisfeitos, Jesus pediu que recolhessem os pedaços que haviam sobrado para que nada se perdesse. Jesus não quer que alimentos sejam desperdiçados. Mas quando Jesus fica sabendo que a multidão quer fazer dele o seu rei, à força, ele se afasta, apressado. Ele não quer ser o rei de Israel, ao menos não o rei que eles querem que ele seja.
Todas as dúvidas sobre o reinado de Jesus se esclarecem quando ele será conduzido preso para o pretório para ser interrogado por Pilatos – como o lembraremos nesta Semana Santa.
O governador romano não consegue ver em Jesus um rei e lhe pergunta: “Você é o rei dos judeus?“ Jesus responde: „Meu Reino não é deste mundoSe o meu Reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu Reino não é daqui.” Pilatos não compreende Jesus. Para ele não existem reinos que não sejam deste mundo e não tenham ministros e guarda-costas para a proteção de seus reis. Assim ele repete a pergunta: “Então você é rei?” Jesus responde: “O senhor está dizendo que sou rei.” E esclarece: Eu **para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. (18,36-38).
III
Jesus é o rei de Israel, mas um rei totalmente diferente de todos os outros reis. Ele dá testemunho de Deus e ninguém vem ao Pai, a não ser por ele.
Jesus não vem ao mundo para apoderar-se do poder secular em Jerusalém e expulsar os romanos e devolver a Israel a glória do tempo de Davi e Salomão. No reino de Jesus não existem ministros nem guarda-costas.
No curto espaço em que Jesus continua com os discípulos até a hora da prisão e crucificação ele ensina o que vale no seu reino. Ele coloca diante dos discípulos uma bacia com água e lava os pés dos discípulos. Ele lhes diz: “Se eu, que sou o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Se entendem isso, serão felizes se o praticarem.” (13,13-14) No reino de Jesus, aprende-se a servir. Não há senhores e escravos e quem é mestre é servo de todos. Saber o valor de servir e praticar o servir traz verdadeira felicidade. O próprio Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pelo mundo.
Em seguida, lhes dá um novo mandamento. “Eu lhes dou um novo mandamento: que vocês amem uns aos outrosAssim como eu os amei, que também vocês amem uns aos outros. Nisto todos conhecerão que vocês são meus discípulosse tiverem amor uns aos outros.”(13,34-34) É pelo amor que existe na comunidade cristã que se reconhece que são discípulos e discípulas de Jesus. O amor do qual Jesus fala tem inúmeras facetas. É cuidar do doente, ouvir quem precisa de um ouvido atento. Ele é solidário com outros em seus problemas. O amor não ama a injustiça, mas a justiça. Ele sabe dizer não quando se trata de dizer não. Ele tem inúmeras formas de se manifestar e é tarefa de ética cristã estudada na comunidade cristã refletir o que significa amar nos conflitos da vida e do mundo. É pelo servir e amar que se reconhece quem é cidadão e cidadã do reino de Jesus.
O reinado de Jesus extrapola o espaço de Israel. Seu reino abrange todos os povos. O reino de Jesus não é deste mundo, é verdade. Contudo, onde Jesus reina, a comunidade cristã e o mundo não continuam os mesmos. Os reis e governantes deste mundo passam. Os religiosos que condenam à morte quem pensa diferente, passam. O reino de Jesus é eterno e poder viver neste reino é motivo de grande alegria.
IV
Durante a Semana Santa, acompanhamos o sofrimento de Jesus Ele se fez em tudo igual a nós, não foi poupado de nenhum sofrimento humano e está ao lado de todos os que sofrem. Na Páscoa, celebraremos a glorificação de Jesus pelo Pai.
Hoje, no Domingo de Ramos, somos convidados/as a ir ao encontro dele com ramos de palmeiras nas mãos, ou simplesmente com gratidão no coração, e reiterar-lhe que queremos viver com ele como cidadãos e cidadãs no seu reino.
Amém

„A paz de Deus, que supera todo o nosso entendimento, guarde o nosso coração e entendimento, em Cristo, o Senhor.“
Amém


Em. Ms. Baldur van Kaick
Curitiba-Paraná/Brasilien
bvankaick@gmail.com

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