Marcos 11.1-11

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Marcos 11.1-11

Domingo de ramos | 10 de abril de 2022 | Texto bíblico: Marcos 11.1-11 | Adélcio Kronbauer |

Você já teve uma frustração, uma decepção?  Pense um pouco nela. Qual foi o sentimento? Como você lidou com a situação? 

Tudo parecia estar indo bem,  conforme o esperado. A hora havia chegado. O grande momento da história estava diante de seus olhos. A geração privilegiada, escolhida para presenciar tudo. A esperança que os movia por décadas estava se realizando. “Hosana nas alturas, bendito o que vem em nome do Senhor” , “Bendito o reino que vem”, gritavam eles(as). Aquele dia foi especial. Um dia de festa, de proclamação, de euforia e de alegria dificilmente experimentada antes. 

O problema foi “os pós festa”, o que veio depois. Não, não foi ressaca. Foi decepção mesmo. Foi frustração. As reações foram as mais diversas. Houve conflitos no templo, houve pessoas gritando crucifica-o, houve pessoas fugindo com medo…No fim, prisão, julgamento e morte, morte de cruz. A esperança falhara. A esperança estava morta. 

Tens atualmente expectativas em relação ao seu viver? Quais são as suas esperanças? Qual esperança sustenta o seu viver, levando em conta a finitude, as fragilidades e precariedades da vida? Qual a razão da sua vida? 

Ao aclamar Jesus como rei, em sua entrada triunfal em Jerusalém, fato que celebramos hoje neste domingo de Ramos, as pessoas esperavam a instauração de um governo, de um reinado que governasse  através do poder divino – um governo terreno, porém com características divinas – um governo cujo poder seria inquestionável, não sujeito a críticas, impossível de ser destituído; a justiça de Deus finalmente seria instaurada na terra. Os inimigos seriam destruídos e seus pecados duramente castigados. Através de um passe de mágica, de ações milagrosas as “coisas” seriam diferentes. Porém, como sabemos, não aconteceu assim. O rei foi morto e tudo indicava que a história continuaria sem grandes mudanças.  Aquela festa foi pura perda de tempo, de fato frustrante, deixou um sentimento nas pessoas de que foram enganadas. 

Há muitas surpresas nesta história. Para  acessar o conteúdo desta história é preciso usar uma senha. Com a senha em mãos nos será revelada a verdadeira substância que há em seu interior. A senha tem somente duas letras: fé. O primeiro a desvendar a senha foi o centurião, quando disse: ‘Verdadeiramente, este homem era o filho de Deus” (Marcos 15.39). o momento da festa o povo estava eufórico e centrado em si mesmo com a expectativa de resolver um problema pontual e temporal do seu povo, o que é totalmente compreensível e justo, pois todos nós também almejamos solucionar problemas do nosso tempo de vida. A partir da Senha da fé, porém, vamos muito além. 

A partir da fé nos é revelado quem é o rei que aclamamos, a quem louvamos dizendo “Hozana, bendito é o que vem em nome do Senhor”.  Primeiro: ele não é do tipo de rei que irá governar um país específico e colocar tudo em ordem de acordo com as nossas vontades, desejos ou preferências, o que significa na prática dizer que ninguém pode governar em seu nome. A partir da fé neste rei está descartada a possibilidade de governar em nome de Deus, ou seja, instituir o que denominamos de teocracia. Foi exatamente isto que deixou o povo frustrado, pois esperavam a instituição de uma teocracia. Lembremos que está escrito: “Meu reino não é deste mundo”.  Segundo: o rei proclama um reino eterno. A senha da fé faz com que olhemos para os acontecimentos de trás para frente, pois no fim o rei tem a sua glória garantida, pois vence a morte e nos revela a vitória final e definitiva. O rei nos apresenta um reino eterno, o reino de Deus.

A festa não foi em vão – não é em vão – basta ver com os olhos da fé. A fé nos desperta para um a esperança definitiva. Tem ainda uma pergunta: Em que medida o reino eterno de Deus, do qual faremos parte em plenitude por meio da Ressurreição, inspira o nosso modo de vida. O próprio texto da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém nos dá uma pista preciosa. Ao escolher o tipo de animal sobre o qual monta nos ensina que um dos princípios do reino de Deus é o serviço, o servir. O serviço não pode se tornar algo abstrato, pois precisamos pensar em como será este serviço. Pensando no todo da pregação de Jesus e na experiência das primeiras comunidades cristãs revelada nas escrituras fica muito claro que pode ser resumido com duas palavras: justiça e paz.  A pessoa que professa a fé no Rei aclamado hoje no Domingo de Ramos se preocupa em produzir Justiça e Paz como sinais e testemunho do reino eterno de Deus. A pessoa cristã se preocupa de forma fundamental com estes princípios e procura alimentar a sua fé como se ela fosse uma árvore em terra fértil, cujos frutos serão abundantes; lembrando que é da natureza da fé produzir frutos de amor. 

Podemos bendizer aquele que vem em nome do Senhor, pois Ele é de fato o nosso rei, o filho de Deus que deveria vir ao mundo. Ele nos redimiu e nos salvou, nos libertou para uma liberdade que vivemos em serviço através do amor uns pelos outros e desta forma melhoramos as condições de vida e cuidamos bem da criação. Nossa missão: testemunhar os princípios do Reino no mundo.  Que o Espírito Santo de Deus derrame em nós os dons necessários para ser eficazes nesta missão. Amém.


Pastor Adélcio Kronbauer – 

 Passo Fundo –  Rio Grande do Sul (Brasilien)

adelciokron@gmail.com

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