Hebreus 11. 1-3, 8 – 16

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Hebreus 11. 1-3, 8 – 16

PPRÉDICA PAR O 8º DOMINGO APÓS PENTECOSTES | 7 de agosto de 2022 | Texto bíblico: Hebreus 11. 1-3, 8 – 16 | Harald Malschitzky |

Irmãs e irmãos em  Cristo.

A designação hebreus não se refere a uma comunidade só, com local e endereço fixo. Sabe-se que se trata de judeus que se converteram à fé cristã e que estavam dispersos por diversos lugares. Isso ajuda a entender melhor a situação de desânimo que vinha se instalando. Sabe lá o que eles esperavam quando aceitaram o convite de participar da igreja cristã. Transparece que eles queriam efeitos e sinais imediatos da presença e do poder de Deus. A realidade, porém,  era outra: As comunidades eram fracas, em alguns lugares havia perseguições, se  sabia que apóstolos e missionários tinham sido presos e até mortos. Este o pano de fundo da carta aos Hebreus que, a rigor não é carta, mas uma longa prédica que pretende ajudar as pessoas que perdem o ânimo e a fé. Ouçamos a passagem prevista para nossa reflexão de hoje.

                            Leitura de Hebreus 11. 1-3, 8-16.

Abraão ocupa um lugar de destaque. Ele é considerado o patriarca do povo, um personagem do qual a gente pode se orgulhar, quer por sua vida, quer por sua fé, de onde brotou a sua vida. Jesus, em dado momento, critica uma falsa segurança que existia em relação à filiação de Abraão. Muita gente achava que o simples fato de poder ser designado como descendente de Abraão já era o suficiente na relação com Deus. Ledo engano! Aliás, vale lembrar aqui que Abrão é também – até os nossos dias – o patriarca de judeus e muçulmanos! E temos visíveis dificuldades de, juntos, olharmos sua vida de fé e nos darmos as mãos. Preferimos que ele seja apenas um estandarte.

O autor (desconhecido) da carta começa com uma afirmação bíblica simples: Pela fé sabemos que tudo – também nós – foi criado por Deus. Isso lembra o primeiro artigo do credo que estudamos no catecismo de Lutero. Não fui eu, não foram os outros, não foram os poderosos de qualquer espécie que criaram céus e terra. Deus criou tudo e tudo nos concedeu em confiança!  O Salmo 8 o canta de forma magistral! Por isso eu não posso dizer que determinada porção de terra ou de vida são minha propriedade eternamente. Mas isso também liberta… Por crer nisso, Abraão aceitou o chamado de sair de sua terra e ir para onde Deus o guiaria. A única esperança era que, lá no horizonte da vida e do mundo, Deus esperava com um novo mundo, mas o caminho até lá oferecia muitos perigos e exigia sacrifícios. Fé e aceitar o chamado de Deus e se colocar a caminho… Outro exemplo de fé citado é Sara, que aceitou tardiamente ser mãe. Verdade que a princípio ela até debochou da ideia! Mas aqui o autor do texto quer destacar a fé que coloca e faz aceitar desafios. Em outra passagem o autor fala de toda uma nuvem de testemunhas que deseja animar a comunidade e que está preocupada com a fragilidade de fé daqueles cristãos. Fé é aceitar o chamado de Deus e desafios. Muitas vezes é preciso desinstalar-se, quem sabe até com “perdas”  materiais. Esse apelo de Jesus, por exemplo, irritava muita gente, principalmente quem apostava em riqueza e poder. Esse chamado e essa vida de Jesus não o levaram a palácios, mas à cruz, tanto que o apóstolo Paulo, mais tarde, pode escrever que a cruz é loucura e escândalo. Isso só se pode aceitar em fé que o próprio Deus nos dá, o que não significa que não aconteçam dúvidas e até desespero na caminhada. E  aqui poderíamos invocar muitas testemunhas de nosso tempo: Pessoas que agiram movidos pela fé, que sofreram por momentos de falta de fé e que precisavam não só de Abraão, mas de uma nuvem de testemunhas para ajudar. Cada um e cada uma de nós pode se perguntar onde e em que momentos pessoas movidas pela fé foram importantes em sua vida. Acho que vale a pena fazer o exercício!

Hoje vivemos em um mundo com muita pressa. A caminhada é, na verdade, uma corrida que nos torna superficiais. Não temos tempo para viver a nossa fé em cada um de seus momentos. Por isso muitas vezes agimos como os fariseus criticados por Jesus,  que se orgulhavam de seu pai Abraão, mas que levavam uma vida por outros caminhos. Nossas igrejas, por exemplo, podem se tornar nada mais do que monumentos ao passado. Os cultos de prosperidade –  esses sim –  são bem visitados;  a mistura de fé e poder ficou escancarada em uma das últimas “marchas para Jesus” que foi precedida por um estandarte escandaloso para a fé: A réplica de um enorme revólver montada em cima de um reboque. É preciso dizer em alto e bom som que isso nada tem a ver com a mensagem do evangelho e que o uso do nome de Jesus não passa de uma blasfêmia!

Se para os hebreus espalhados pelo mundo do Novo Testamento era difícil permanecer firmes na fé, para nós hoje não é menos difícil. E só “remédios caseiros” serão insuficientes, isto é, ficar no próprio cantinho.  É preciso recorrer às nuvens de testemunhas testemunhadas na Bíblia, a testemunhas de nosso tempo e na nossa própria comunidade, para juntos irmos descobrindo o que significa hoje viver a nossa fé, descobrirmos qual o chamado de Deus para o nosso tempo e a nossa vida. Sobretudo, é pedir que Deus não deixe que nos faltem a fé a esperança que só ele pode nos dar. Amém.

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P.em.Harald Malschitzky

São Leopoldo – Rio Grande do Sul (Brasilien)

harald.malschitzky@gmail.com

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