Lucas 16.19-31

Lucas 16.19-31

Pregaçao para o domingo | 25 de setembro de 2022 | Texto bíblico: Lucas 16.19-31 | Paulo Einsfeld |

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão Espírito Santo esteja com todos nós.  Amém.

Leitura de Lucas 16.19-31

A parábola do rico e do Lázaro tem duas partes. Ela descreve dois cenários em que se dão os acontecimentos.  O texto serve também para duas interpretações bem diferentes entre si.

O primeiro cenário descreve o homem rico, e o mendigo de nome Lázaro enquanto vivem nesse mundo. O rico anônimo se vestia de forma elegante, tudo combinava e só com roupa de marca.  O pobre conhecido era o Lázaro, cujo nome significa “Deus ajuda”.  Maltrapilho, sujo e doente, era largado diante da porta do homem rico.

Na casa do nobre tinha festa cada dia.  Já o pobre vivia faminto desejando comer as sobras, mas que os cães lhe roubavam antes que chegassem à boca, e ainda lhe lambiam as feridas expostas.

O segundo cenário acontece no outro mundo, depois da morte dos dois. Os anjos levaram o miserável direto ao Colo de Abraão, a morada dos justos. O rico foi sepultado e foi para o Hades, lugar de sofrimento, de muito calor e de pouca água.

Agora tudo foi invertido: o rico vive em tormentos. Já o pobre Lázaro “está consolado”, em paz, sem sofrimentos.

Estimada Comunidade! Essa parábola se presta para dois enfoques. Podemos olhar para a vida de luxo do rico e a vida no lixo do mendigo Lázaro.  Esse cenário continua atual, principalmente nas cidades maiores. Em nosso país cada vez mais pessoas vivem em insegurança alimentar. Podemos falar de temas como justiça e injustiça social, desigualdade e a importância da solidariedade e de gestos de partilha. E está certo falar assim. Mas não podemos ficar só com a primeira parte da parábola.

Por outro lado, podemos enfatizar a vida na eternidade.  Então haverá recompensa para Lázaro e a punição para o rico. Seus destinos foram invertidos. O rico tenta amenizar a situação com a ajuda de Abraão. Mas é tarde demais! A morte representou um ‘tarde demais’ para o homem rico.  Seu arrependimento deveria ocorrer enquanto vivesse nesse mundo.  O abismo entre o céu e o inferno é grande demais! E também está certo falar assim. Mas não podemos ficar só com a segunda parte da parábola.

Como poderíamos unir os dois cenários? Como juntar as duas dimensões: o terreno e o celeste de forma que uma precisa da outra, mas também não se confundem como se fossem uma coisa só? Como se relacionam o imanente e o transcendente, como dizem os teólogos?

Permitam-me usar uma comparação/metáfora. Você gosta de viajar? E já saiu de casa, pensando no final da viagem, na chegada? Você pode imaginar a alegria dos seus familiares na recepção da chegada. De certa forma, você antecipa a alegria da chegada, e isso torna a viagem mais agradável e menos cansativa.

A Parábola do Rico e do Lázaro nos convida a pensar no fim, a antecipar a alegria do fim, a alegria na entrada do Reino dos Céus para que a viagem da nossa vida se torne melhor, mais sábia, menos cansativa.

Quero destacar alguns ingredientes que nos ajudam na viagem da vida na perspectiva do fim.

  1. No final da parábola, o rico em tormentos pede que Lázaro seja enviado de volta à sua família para alertar seus irmãos. Ao que Abraão responde: “Eles têm Moisés e os Profetas: que ouçam a eles! ”

Nós temos o privilégio de termos a Sagrada Escritura: que ouçamos a ela! Que possamos ouvir a voz de Deus em sua Palavra. E ouvir tem a ver com dar atenção, obedecer, seguir a voz de comando. Quando minha mãe se queixava ao meu pai que nós, crianças, não a ouvíamos, ela queria dizer que não dávamos bola às suas ordens. Não éramos obedientes aos seus pedidos. A leitura da Bíblia de forma pessoal e comunitária nos convida à obediência às suas orientações, que sempre unem a fé com o amor.

  1. No diálogo final o rico insiste: “Não, pai Abraão, se alguém dentre os mortos for até lá, irão se arrepender. Ao que Abraão dá sua última cartada: ‘Se eles não ouvem Moisés e os Profetas, não crerão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos!

Jesus Cristo foi o único ressuscitou dos mortos.  Sua ressurreição serve de consolo e de esperança, mas também de alerta e de juízo. Consolo e esperança nas jornadas difíceis, nas horas de cansaço do corpo e da alma. Porque sabemos que o fim da vida nesse mundo não significa simplesmente o fim de tudo, mas a comunhão plena com o Senhor da Vida.

A ressurreição de Jesus também significa alerta e juízo para todas as pessoas que insistem em manter abismos entre os ricos e os Lázaros de nossos tempos. Abismos que permanecem intransponíveis também  para cada um de nós quando a Graça de Deus oferecida na Cruz é rejeitada. Assim a antiga ponte sobre o abismo entre o ser humano e o Criador é ignorada, rejeitada e até substituída por outras propostas humanas.

  1. Os sinais do Reino de Deus que vislumbramos já aqui e agora são nossa alegria antecipada na viagem.

Os saudosos Pastor Lindolfo Weingärtner e o Prof. Naumann nos ensinaram a cantar: “Há sinais de paz e de graça/ neste mundo que ainda é de Deus. Em meio aos poderes das trevas/manifestam-se as forças dos céus.” (HPD 165 – LCI 582)

Que Deus nos ajude a colocarmos sinais de paz, graça, liberdade, perdão e amor em nosso mundo de muitos abismos. Ao mesmo tempo, que o Senhor nos fortaleça na viagem de nossas vidas com a esperança viva no seu Reino eterno e perfeito. Amém.


Pastor Paulo Sérgio Einsfeld

Nova Petrópolis Rio Grande do Sul (Brasilien)

Peinsfeld676@gmail.com

de_DEDeutsch